Nos últimos dias moradores e frequentadores da região da Lagoa da Jansen, em São Luís, tem se incomodado e demonstrado preocupação com o aparecimento de teias de aranha e mosquitos no local. A suspeita é de que o fenômeno que já ocorre há alguns anos, tenha a ver com a poluição.
“Eu deixei meu carro estacionado e quando voltei estava cheio de teias. As teias não estão só na vegetação não. Fiquei com medo“, disse o representante comercial Alan da Costa.
A praticante de corrida Camila Fonte, que costuma frequentar o local para prática esportiva, disse que viu isso acontecer em outros anos e lamentou a ocorrência de novo. “A gente sabe que isso se chama ‘mão humana’. Lixo chama mosquito e mosquito atrai outros insetos. As pessoas tem que parar de jogar lixo em todo lugar. Enquanto não houver essa conscientização, é isso que vamos presenciar”, disse.
O Imparcial ouviu uma especialista para saber por que isso costuma acontecer. De acordo com biológa Marllen Santos da Silva, mestranda em Saúde do Adulto (Universidade Federal do Maranhão), o fenômeno tem uma explicação: a proliferação de aranhas está diretamente ligada ao aumento de mosquitos.
“Como estamos na época de reprodução dos mosquitos, logo após o período chuvoso no nosso estado, o surgimento de uma população volumosa de mosquitos significa maior disponibilidade de alimentos para as aranhas. Esse fator alimentação, aliado às mudanças climáticas, justamente essa passagem de estação chuvosa a seca, ou possíveis alterações ambientais que vem ocorrendo ao longo dos anos como o processo de desmatamento e urbanização propiciam o surgimento das aranhas, fora o fato que a mudança na fauna gera a diminuição populacional dos principais predadores naturais das aranhas (alguns tipos de aves).”
A superpopulação de aranhas, segundo a especialista, pode causar impacto no meio ambiente, gerando um desequilíbrio ecológico, além de ser perigoso para a população.
Marllen explica que elas desempenham um papel importante no controle dos insetos, mas leva à problemática excesso de predador e falta de alimentos.
“Para os humanos, o dano é o fato de poder existir espécies de aranhas venenosas, que são
facilmente confundidas com espécies não nocivas, já que a população da área pode não ter conhecimento o suficiente pra distinguir as perigosas das não perigosas o ideal seria tentar o controle populacional desses artrópodes“, orienta.
A principal medida, e mais imediata a ser tomada, é o controle de alimentos das aranhas, segundo Marllen. “Tentar um manejo integrado e o controle de mosquitos (abordagens que combinem métodos químicos como o ‘fumacê’) e uma medida mais a longo prazo seria a conservação dos predadores naturais das aranhas, reduzir os abrigos (entulhos, resíduos de construção). Além da conscientização da população, a transmissão de conhecimento acerca do que fazer caso haja uma picada desse artrópode“. Plano de Ação do Parque Ecológico da Lagoa da Jansen.
Em nota, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) informou que, no âmbito de suas competências de monitoramento e fiscalização, tem executado o Plano de Ação do Parque Ecológico da Lagoa da Jansen. Isso inclui o monitoramento da qualidade da água, com análise de parâmetros físico-químicos e bacteriológicos, além de vistorias técnicas e uso de drones para monitoramento.
A Sema destaca ainda que temperaturas mais elevadas e condições ideais de umidade e alimento têm contribuído para o ambiente propício à reprodução de insetos e aracnídeos.
“É fundamental alertar a população para evitar o acúmulo de resíduos nas proximidades e água em recipientes e reservatórios, medidas que ajudam a controlar o aumento de insetos e, consequentemente, a presença exacerbada de aranhas na região”, diz a nota.
Fonte: https://oimparcial.com.br/checamos/2024/07/aranhas-invadem-regiao-da-lagoa-da-jansen/