
“Me sentia sozinha, com medo e vergonha de pedir ajuda“, este é o relato de Maria (nome fictício), vítima real desta prática que aterroriza a vida de pessoas e famílias em todo o mundo. Com diferentes características, o bullying possui maneiras de prejudicar não apenas a vítima agredida, mas sim a sociedade como um todo. Este de tipo de agressão pode ser realizada repetidamente e de forma intencional, podendo ser representada por violência física, psicológica, sexual, moral, material ou virtual.
Com o objetivo de promover a conscientização sobre os impactos causados pelo bullying, O Imparcial abre espaço para dar voz a pessoas que desejam expressar suas experiências como alvo destas agressões. Ao conversar conosco, Maria conta que notou sofrer com brincadeiras de mau gosto ainda quando criança.
“Desde muito cedo comecei a me sentir mal com comentários maldosos relacionados a minha aparência, essas palavras que pareciam insignificantes me deixavam com profundas marcas”. Ela ainda ressalta que: “Com o tempo comecei a acreditar em todos aqueles insultos, o que acabou afetando a minha autoestima e minha visão de mim mesma“, expressa.
Embora comum especialmente no contexto escolar, o bullying pode acontecer em inúmeros ambientes da sociedade. Com a presença de um ou vários agressores, tais ações podem apresentar diversos motivos, consequentemente agredindo diferentes alvos. Assim como a vítima não possui um perfil exato, o agressor também segue esta lógica.
Diante da tentativa de ignorar toda esta realidade, Maria destaca que era uma situação difícil de lidar.
“Mesmo que eu tentasse fingir que as agressões não me afetavam, tudo aquilo me destruía por dentro, eu ficava muito mal, chorava bastante e carregava um peso enorme, como se realmente houvesse algo de errado comigo”, afirma.
Ao contrário daquilo que é suposto pela percepção e entendimento de muitas pessoas, ela conta que as agressões aconteciam em ambientes que deveriam ser acolhedores, Maria relata: “Sofri bullying tanto na escola quanto na igreja, lugares onde eu devia me sentir segura e acolhida“. Além disso, ela destaca que “as agressões também vinham de familiares e pessoas próximas, o que piorava tudo“.
Relações sociais
Segundo o psicólogo comportamental Jeferson James, o bullying pode coagir a vítima a desenvolver comportamentos antissociais, fazer com que ela evite ter relações com outros indivíduos ou grupos e entre outras ações.
De acordo com o especialista, “É nos meios sociais que aprendemos sobre autoconhecimento, pertencimento e inclusão. O afastamento destes espaços prejudica as relações sociais e pode deixar as pessoas suscetíveis a quadros que afetam diretamente sua saúde mental”, justifica.
Pelo fato de estar presente em diversos ambientes da sociedade, o bullying possui a capacidade de prejudicar pessoas de diferentes maneiras, causando amplas consequências negativas que transformam esta realidade em uma prática perpetuada entre gerações.
Segundo o psicólogo, “o bullying prejudica a sociedade pela sua presença em diversos contextos, fato este que garante um potencial elevado para os danos causados por essas agressões. Além disso, com o objetivo de não ser mais o alvo destas ações, as vítimas tendem a desenvolver ou recriar comportamentos opressores, o que acaba promovendo a perpetuação desta prática”, explica Jeferson James.
Um combate importante
Por conta da complexidade que envolve tais ações, para que sejam reduzidas ou enfim zeradas as consequências do bullying, é necessário a realização de um trabalho de enfrentamento contínuo contra este fenômeno social. Ao considerar sua experiência como um dos cenários que poderiam ter sido evitados, Maria destaca que não recebeu ajuda ou apoio de terceiros enquanto ainda era vítima:
“Acredito que esta realidade poderia ter sido evitada se houvesse mais consciência e penalidades para esse tipo de comportamento. Para mim o certo seria que as pessoas fossem ensinadas desde cedo sobre os impactos do bullying”, justifica.
Diante da timidez, medo ou vergonha, muitas vítimas acabam sendo despercebidas ou ocasionalmente ignoradas. Logo, Jeferson James destaca a importância de dedicar ações que busquem ouvir pessoas vitimadas e também penalizar e educar agressores.
“Além de garantir que as vítimas sejam ouvidas e valorizadas, é importante que os autores destas agressões possam ter a oportunidade de corrigir seus erros. Por meio de treinamentos e medidas pedagógicas, os agressores terão a chance de enfim compreender os motivos pelo qual o bullying deve ser anulado de seus comportamentos, visando assim a efetivação de uma sociedade mais inclusiva e compreensiva nos mais diferentes contextos sociais”, conclui.
Superação
Através de um amplo processo de conhecimento próprio, Maria conta que aos poucos conseguiu superar todos os insultos sofridos. “Comecei a questionar estas ofensas, queria entender os motivos, porém não conseguia achar razão para estes insultos, foi aí que restaurei o meu amor próprio. A dor não desapareceu de um dia pro outro, foi um processo demorado, aos poucos fui me reconstruindo e readquirindo minha confiança e autoestima. Hoje me reconheço como alguém incrível, segura de quem sou e orgulhosa de mim“, expressou.
Este fenômeno social que oprime a vida de muitas pessoas, torna essencial o conhecimento de caminhos que cooperem com a libertação destes pensamentos negativos provenientes destes comportamentos agressivos.
Com o objetivo de incentivar e dar esperança para aqueles que ainda seguem sofrendo com esta realidade, Maria afirma que “superar não é simples muito menos fácil, mas a nossa decisão deve ser sempre seguir de cabeça erguida, pois somente aquele que aceita a derrota pode ser derrotado. Para as pessoas que sofrem com o bullying, meu conselho é dar valor para aquilo que te faz bem, priorize bons relacionamentos e foque na sua própria caminhada. Com isso, certamente você irá se amar e viver feliz sem precisar de validações alheias“, concluiu.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/04/as-marcas-e-dores-causadas-pelo-bullying/