22 de dezembro de 2025
Assassinato bárbaro contra vigia de escola
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Os primeiros raios de sol invadiam o céu ainda opaco, em face à chuva que havia desabado sobre São Luís na noite anterior, anunciando que logo em seguida, um novo dia começaria com toda movimentação própria de uma capital. Uma coruja pia agourenta no galho de uma mangueira, como quem anunciava uma tragédia.

Era madrugada do dia 30 de maio de 1979. O vigia do prédio do CEMA, na Avenida Kennedy, no Bairro de Fátima, José de Ribamar de Jesus, que atendia entre seus amigos pelo apelido de “Zé Baú”, estava de serviço na guarita do portão central daquele estabelecimento. Vencido pelo cansaço de uma noite em claro, “Zé Baú” não se apercebeu que a morte o espreitava.

Eram cinco horas da madrugada, quando três homens escalaram o muro, se dirigiram a um pavilhão e arrombaram uma janela para dali retirarem cinco televisores, que eram utilizados nas tele-aulas dos alunos do CEMA, levaram os objetos roubados para debaixo de uma mangueira e o chefe do grupo José Ribamar da Silva Santos – “Ribinha”,determinou ao seu parceiro Pedro Madeira Pinheiro – o “Guaxelo”, que retornasse à rua para chamar o taxista conhecido como “Pau de Torrar Café” que os havia conduzido para cometer o crime e determinado pelo chefe do grupo, que ficasse “rodando” pelas proximidades, de forma que fosse chamado para fazer o resgate do bando com os produtos do roubo.

Guaxelo subiu no muro e de lá observou Ribinha e o outro comparsa Ivaldo Damaceno Câmara – “Rato” se dirigirem para a guarita onde Zé Baú se encontrava. 

Ali Rato encontrou uma sacola com algumas tangerinas e passou a comê-las, atitute que irritou Ribinha, tendo este o insultado de “ladrão porco”. Nisso Zé Baú se espantou e vendo os ladrões, gritou. Com isso, Ribinha, que empunhava um revólver calibre 38, disparou contra a vítima, atingindo-a na altura do estômago.

Então, Ribinha autorizou a todos que fugissem e os três saíram correndo em direção ao Bairro de Fátima, onde moravam e permaneceram em suas casas.

Na manhã seguinte, Ribinha estava em frente à sua casa, viu algumas alunas do CEMA retornando da escola e então perguntou a uma delas o porquê de estarem voltando, e recebeu a resposta de que as aulas haviam sido suspensas porque haviam matado Zé Baú. Ele respondeu com um gracejo debochado, dizendo: “então não tem mais onde guardar o dinheiro”.

Então não tem mais onde guardar o dinheiro

Uma fuga espetacular

Ao tomar conhecimento de que o investigador Walmundo Reis, conhecido como “Pigmeu”, lotado na Delegacia de Ordem Política e Social – DOPS, policial considerada da elite da Polícia Civil e por ser, também, morador do Bairro de Fátima, e conhecedor do submundo crime na região e que poderia identificá-los, Ribinha reuniu o seu grupo se esconderam na área de mata, existente nos fundos do Quartel do 24º Batalhão de Caçadores, onde permaneceram escondidos, recebendo o apoio logístico de duas mulheres, uma delas amante de Ribinha.

Ribinha – assassino de Zé Baú

Pigmeu conseguiu uma pista e a Polícia Civil deteve as duas mulheres que, investigadas, informaram e levaram ao local do esconderijo dos ladrões. Para prender os acusados foi montada uma operação com cerca de duzentos homens, das polícias Militar e Civil e do Exército Brasileiro.

As duas mulheres levaram os policiais ao local do esconderijo. Ali, Ribinha ameaçou sua amante de morte e ela pediu que não a matasse pois tinha uma filha para criar. Aproveitando-se da confusão gerada pela presença de tanta gente no local, os três acusados se valeram de um momento de indecisão dos policiais e fugiram pelo matagal. A caçada continuou, porém, seu sucesso.

Rato tenta matar delegado

Ribinha com seu fiel parceiro Rato foram para o Turu, para casa de um tio, que ao saber do crime não os aceitou na sua casa. Então saíram dali e homiziaram-se na casa de outro coiteiro e então trataram de sair de São Luís, indo pra o município de Santa Rita, a 70 quilômetros da capital.

O sargento PM Tomaz Diniz Fonsêca era o delegado de Santa Rita e foi avisado de que dois suspeitos estavam homiziados na residência de um homem alcunhado por “Coló”, na zona rural de Santa Rita. O sargento Diniz organizou uma patrulha e partiu para prender os suspeitos. No momento da abordagem, Ribinha tentou fugir, mas foi dominado pelos soldados.

Rato, por seu turno, que portava o revólver calibre 38 usado no assassinato do vigia Zé Baú, tentou contra a integridade do delegado, mas, foi contido por aquela autoridade e ambos ladrões foram levados para a Delegacia de Santa Rita e dali, transferidos para a Central de Recolhimento da Secretaria de Segurança, e interrogados na Delegacia de Furtos, Roubos e Defraudações, onde confessaram o crime com riqueza de detalhes.

Prisão na Baixada

Pedro Madeira Pinheiro – “Guaxelo” aproveitou a confusão gerada nas matas do 24º BC, na ocasião da fuga de Ribinha e Rato, e saiu à “francesa”, esgueirando-se entre os matos e o muro e foi para sua casa, onde passou o dia sem ser molestado e à noite, pegou uma lancha, na Praia Grande e escapou para o município de São João Batista, homiziando-se na casa de um tio no povoado Romana, na zona rural, onde foi preso por investigadores da Delegacia de Furtos, Roubos e Defraudações, que foram de São Luís, buscá-lo. Na DFRD confessou sua participação no latrocínio que vitimou o vigia Zé Baú. Os três foram processados e condenados pela Justiça do Maranhão, a cumprir pena de reclusão na Penitenciária de Pedrinhas.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/12/assassinato-barbaro-contra-vigia-de-escola/