25 de outubro de 2025
Boatos e sensação de insegurança: quando o medo ganha voz
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Nos últimos dias, a Região Metropolitana de São Luís tem registrado episódios de violência — como homicídios, tentativas de homicídio, tiroteios e confrontos atribuídos a facções. Esses fatos reais acabam se misturando a informações não verificadas, que circulam rapidamente em grupos de mensagens e redes sociais, alimentando a sensação de medo e insegurança.

Em aplicativos de conversa, áudios e vídeos antigos voltam a ser compartilhados como se fossem novos, causando pânico instantâneo. Em muitos casos, trata-se de registros de anos anteriores ou de outras cidades.

“A gente começa a receber vídeos de tiroteio, arrastão, mortes, que são de outras ocasiões, outros lugares, e as pessoas postam como se fosse de agora, só para causar pânico. Certo que tem acontecido mesmo alguns casos de violência, mas fica parecendo que estamos em guerra”, relatou a professora Natália Costa. “Os alunos com medo, funcionários com medo… como que se trabalha assim?”, questionou.

Na capital, escolas e universidades públicas e privadas suspenderam as aulas desde a última quinta-feira (23). O medo coletivo tende a crescer quando as pessoas sentem que não têm acesso direto à verdade e passam a confiar mais em mensagens informais do que em comunicados oficiais.

O fenômeno é conhecido como “pânico moral” — quando rumores se espalham e criam a percepção de que a cidade vive sob ataque constante, mesmo que as ocorrências reais sejam pontuais. O resultado é o fechamento de escolas e comércios, redução do transporte público e retração econômica local.

A Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) reforçou, em comunicados e entrevistas, o pedido para que a população não compartilhe informações sem fonte confiável. No entanto, a velocidade dos boatos supera a das checagens oficiais: enquanto uma verificação leva horas, o rumor se espalha em segundos.

“Não vamos tolerar qualquer tentativa de intimidação ou desordem. Estamos com todas as forças policiais nas ruas para garantir a tranquilidade e a segurança da população”, afirmou o secretário de Segurança Pública, Maurício Ribeiro Martins.

O secretário destacou ainda que, após o tiroteio na Cidade Operária, cerca de 140 policiais militares, incluindo equipes especializadas, foram destacados para a área.

“Os trabalhos de investigação foram intensificados para prender líderes e integrantes de grupos criminosos ou qualquer pessoa que atente contra a ordem pública”, completou.

Nas redes sociais, internautas também cobram mais ações permanentes das forças de segurança:

“Tá na hora de parar de agir somente quando as tragédias acontecem e começar a planejar ações que envolvam todo o sistema de segurança”, publicou um usuário.
“Tem que ter policiamento todo dia nas ruas, nas esquinas, em todo lugar, colocar câmeras e alarmes”, escreveu outro.

Em nota, a SSP informou que as forças policiais seguem atuando de forma coordenada em todo o estado.

“Faccionados foram presos, drogas e armas apreendidas na Grande Ilha e em municípios do interior. Seguimos atuando com responsabilidade, transparência e resultados”, destacou o comunicado.

O governador Carlos Brandão também se pronunciou nas redes sociais, ressaltando que 35 pessoas foram presas na Grande Ilha nesta semana, sendo 17 nas últimas 24 horas.

“Nossas forças de segurança continuam nas ruas, trabalhando pela proteção de todos. Nenhuma ocorrência foi registrada em escolas, faculdades ou nas áreas próximas”, afirmou o governador.


Por que os boatos encontram terreno fértil

  • Histórico de violência urbana: mesmo com a redução de homicídios, o sentimento de vulnerabilidade persiste.
  • Falta de confiança nas instituições: parte da população duvida dos números oficiais e prefere acreditar no que “o povo diz”.
  • Rapidez das redes sociais: o medo é um gatilho emocional poderoso; mensagens alarmistas viralizam mais facilmente.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/10/boatos-e-sensacao-de-inseguranca-quando-o-medo-ganha-voz/