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Neste domingo (26), o Fantástico destacou a precária realidade da educação pública em Bom Jardim, cidade do interior maranhense que, mesmo com mais de R$ 650 milhões investidos pleo Fundeb nos últimos 13 anos, ainda segue com escolas em condições carentes e pouco desenvolvidas. Em inúmeros povoados do município, as aulas são realizadas em igrejas, casas de moradores e até ao lado de fornos de farinha, reforçando o descaso e a falta de estrutura na rede municipal.

A equipe de reportagem do programa televisivo apurou cerca de 11 comunidades e encontrou um contexto de improviso e descaso. Em um dos locais visitados pelos jornalistas, Eudinete, mãe de seis filhos, caminha todos os dias por uma estrada de terra até uma pequena igreja que serve de sala de aula. O prédio que era da escola foi interditado por risco de desabamento. Atualmente ela atua como zeladora, merendeira e vigilante na mesma localidade. A trabalhadora resume o que mais falta: “Um banheiro, pelo menos um.”

Quando existem, os banheiros são improvisados. Em uma das escolas visitadas, o local que deveria ser bem estruturado consiste apenas um cercado de palha; em outra, uma estrutura inacabada. “A gente tem que ir pro mato, porque o banheiro ali nem vaso tem”, relatou um aluno. A água utilizada pelos estudantes, em alguns casos, vem de poços com insetos. Professores enfrentam turmas multisseriadas em espaços improvisados e se esforçam para ensinar em meio à carência de recursos. “O rebolado é grande. Eu tento me multiplicar o máximo que posso”, contou uma professora, admitindo a defasagem no aprendizado.

A precariedade nas escolas de Bom Jardim não é uma situação recente e somente evidencia um histórico de corrupção na administração municipal. Dos últimos cinco prefeitos da cidade, quatro foram condenados por desvio de verbas públicas ou improbidade administrativa. Entre eles está Lidiane Leite, conhecida por muitos como a “Prefeita Ostentação” após exibir uma vida de luxo nas redes sociais. Detida em 2015, ela é acusada de desviar cerca de R$ 15 milhões, e acumula 10 condenações que totalizam cerca de 40 anos de prisão.

Após a ex-prefeita Lidiane, assumiram o comando do município Malrinete Gralhada, presa e condenada a 15 anos por desvio de dinheiro; Manoel da Conceição Pereira Filho, o Sinego, que permaneceu no cargo apenas durante 70 dias e desviou R$ 600 mil; e Francisco Alves Araújo, prefeito entre 2017 e 2020, afastado três vezes por corrupção e improbidade.

O promotor de Justiça Fábio Oliveira, que acompanha os casos, destacou que há uma “cultura de corrupção” enraizada no município. De acordo com ele, “os gestores já entravam esperando a vez de se corromper e sugar o dinheiro público”.

Apesar do volume expressivo de recursos recebidos, pouco mudou. A atual prefeita, Christianne Varão (PL), ex-professora e reeleita, também é alvo de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público por suspeitas de desvio de recursos e corrupção. A chefe do poder executivo do município disse que “Bom Jardim é uma cidade extensa e não há como resolver todos os problemas em quatro anos”, mas garantiu que novas escolas serão construídas.