
O governador Carlos Brandão (PSB) intensifica o processo de rearranjo político dentro do Executivo maranhense e segue promovendo uma verdadeira “limpa” em quadros ligados ao PCdoB, partido que por mais de uma década exerceu protagonismo na condução do estado sob a liderança de Flávio Dino, hoje ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
As recentes exonerações refletem um movimento calculado de Brandão para consolidar uma base própria de poder, deslocando antigos aliados para abrir espaço a nomes mais próximos de sua estratégia de governabilidade e de seus projetos eleitorais.
Na sexta-feira (29), duas decisões publicadas no Diário Oficial materializaram esse processo. Uma delas foi a exoneração de Odair José Neves Santos, assessor especial da Secretaria de Estado da Educação. Figura de confiança das gestões de Dino, Odair ocupou cargos de peso, como secretário-adjunto de Planejamento, presidente da Comissão Central de Licitação (CCL) e diretor da Escola de Governo (EGMA). Sua ligação com o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB), um dos articuladores políticos mais próximos de Dino, reforça o simbolismo da medida: a saída não se trata apenas de uma troca administrativa, mas de um recado direto ao núcleo duro do comunismo maranhense.
Secretário de Igualdade Racial é exonerado
No mesmo dia, Brandão determinou a exoneração de Gerson Pinheiro (PCdoB) da Secretaria de Igualdade Racial, pasta que ele comandava desde 2015. A permanência de Pinheiro ao longo de quase uma década simbolizava a continuidade de políticas identitárias iniciadas ainda no governo Dino. Sua saída e a nomeação de Célia Salazar (foto) para o cargo evidenciam a disposição do atual governador em virar a página de uma gestão marcada pela influência do PCdoB, ao mesmo tempo em que procura oxigenar a política de equidade racial no estado.
Além disso, a Secretaria de Educação (Seduc) também foi alvo de mudanças. A secretária-adjunta de Gestão da Rede de Ensino e da Aprendizagem, Nádya Christina Guimarães Dutra, deixou o posto para a entrada do advogado e professor universitário Francisco de Assis Costa Filho, conhecido como Assis Filho (foto), ligado ao MDB. Ex-secretário nacional da Juventude no governo Michel Temer, com atuação internacional na ONU e trajetória de liderança política como presidente da Juventude do MDB, Assis simboliza a abertura cada vez maior que Brandão concede ao partido, consolidando-o como um dos pilares de sua administração.
Essas alterações não podem ser lidas apenas como substituições técnicas. Elas fazem parte de uma estratégia de reconfiguração de forças no Palácio dos Leões. Desde que assumiu de forma definitiva o governo estadual, Brandão busca afirmar sua liderança sem depender da sombra de Flávio Dino, de quem foi vice e aliado por anos. Agora, diante da necessidade de projetar sua própria imagem para 2026, ele sinaliza que pretende reduzir a influência dos antigos quadros comunistas e ampliar sua aproximação com partidos que lhe garantam sustentação política estável — em especial o MDB, com o qual mantém laços históricos.
Ao promover uma série de trocas em áreas consideradas estratégicas — Educação, Igualdade Racial e cargos de articulação política —, Brandão envia uma mensagem clara: o centro de gravidade do poder no Maranhão mudou de mãos.O movimento revela duas camadas. De um lado, há o cálculo administrativo de imprimir sua própria marca no governo, afastando a ideia de continuidade automática de Dino. De outro, há o claro componente eleitoral: ao mesmo tempo em que neutraliza a influência de rivais internos ligados ao PCdoB, Brandão fortalece aliados estratégicos em torno de sua possível candidatura ao senado federal em 2026.
O efeito imediato é a erosão do espaço político do PCdoB, partido que até pouco tempo detinha secretarias-chave e influência robusta na máquina. O processo de substituição de figuras históricas por nomes ligados ao MDB sugere que a legenda comunista, antes central, caminha para uma posição secundária dentro do governo estadual.
Com isso, o tabuleiro político do Maranhão se redesenha. Brandão demonstra que está disposto a se consolidar como liderança independente, mesmo que para isso precise minar gradualmente a presença de antigos aliados. As mudanças recentes, interpretadas como uma “limpa” no governo, não apenas reconfiguram a estrutura administrativa, mas também apontam para os embates e rearranjos que irão moldar o cenário eleitoral nas eleições de 2026.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/09/brandao-amplia-limpa-e-reduz-espaco-do-pcdob/