Brandão instala sede do governo em Imperatriz

O governo do Maranhão anunciou nesta última quarta-feira (21), a decisão de instalar uma sede oficial do Governo do Maranhão em Imperatriz, com funcionamento previsto para começar em junho. A iniciativa tem gerado interpretações que vão além do campo administrativo. Para quem acompanha os bastidores da política estadual, o gesto do governador Carlos Brandão (PSB), pode ser visto como mais uma peça cuidadosamente posicionada no tabuleiro das eleições de 2026.

Embora o governador não tenha declarado abertamente qualquer intenção eleitoral, a inauguração de um braço institucional do Executivo estadual na Região Tocantina — segunda mais relevante do estado em densidade populacional e força econômica — sinaliza um movimento estratégico. 

A ação amplia a presença administrativa do governo no interior, mas também fortalece a imagem de Brandão como um articulador político atento às regiões fora do eixo da capital maranhense.

O novo espaço será instalado no prédio que abrigava o antigo Fórum de Imperatriz, localizado na Rua Rui Barbosa, área central da cidade. O edifício, com mais de 1.700 m² distribuídos em dois andares, passará por reformas para acomodar diversos órgãos estaduais, facilitando o acesso da população aos serviços públicos e aumentando a capilaridade da gestão.

“Esse local será o Palácio dos Leões na Região Tocantina. Agora vamos concentrar num prédio só os trabalhos em prol dessa região, com foco em valorizar a Região Tocantina e dizer que Imperatriz é a nossa segunda capital. Vamos fazer a instalação de todos órgãos do governo neste local para deixar na história que o governo Brandão valoriza Imperatriz e a Região Tocantina”, destacou o governador Carlos Brandão.

Um Palácio dos Leões para a Região Tocantina

A cessão do imóvel foi formalizada no último dia 21, em cerimônia com a presença de Brandão e do presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, desembargador José de Ribamar Froz Sobrinho. O desembargador Froz Sobrinho falou sobre a parceria do Estado com o Tribunal de Justiça.

 Segundo ele, a iniciativa objetiva dinamizar os trabalhos em prol da população. “O povo de Imperatriz pede pela nossa presença, pela presença dos poderes mais próximos da comunidade de Imperatriz e de toda aquela região. Vamos trabalhar juntos para o engrandecimento do sul do Maranhão”, pontuou o desembargador.

Durante o evento, o governador fez questão de enfatizar o valor simbólico da iniciativa, classificando o novo espaço como o “Palácio dos Leões da Região Tocantina”. Segundo ele, a proposta é reunir, em um único local, todas as ações governamentais voltadas para o sudoeste maranhense, elevando Imperatriz ao status de “segunda capital” do estado.

A Região Tocantina, com seu eleitorado historicamente independente e um ambiente político dinâmico, é considerada peça-chave em qualquer disputa majoritária no Maranhão. Nesse contexto, a movimentação do governador é vista como uma tentativa de consolidar alianças com prefeitos, empresários, lideranças políticas e movimentos sociais locais.

O gesto também se alinha ao discurso de fortalecimento do municipalismo e descentralização de políticas públicas — bandeiras que têm repercutido positivamente, sobretudo nos municípios mais afastados da capital.

Brandão, que está em seu segundo mandato como governador e, portanto, impedido de disputar a reeleição, é apontado como um dos nomes mais cotados para concorrer ao Senado em 2026.

No Maranhão, um estado com dimensões continentais, a sustentação política passa diretamente pela aliança com prefeitos. A consolidação de uma base no interior é um ativo eleitoral decisivo — seja para o próprio Brandão, em eventual corrida ao Senado, seja para seu sucessor político. Neste sentido, a sede em Imperatriz cumpre um papel duplo: fortalece a governabilidade e funciona como vitrine para o projeto político de continuidade.

A análise é direta: o governador se antecipa ao jogo de 2026. Ao invés de esperar a largada oficial da corrida eleitoral, Brandão começa a construir agora, tijolo por tijolo, o caminho para manter influência e poder. A sede em Imperatriz, mais do que uma descentralização de serviços, é um centro de articulação política. E a mensagem está dada — para aliados e adversários.

Na semana passada, o governador já havia dado outra demonstração de foco no interior ao transferir, entre os dias 13 e 15 de maio, toda a estrutura governamental para Imperatriz. A ação, que mobilizou secretarias, técnicos e atendimentos, reforçou o discurso de diálogo com os municípios — bandeira central da gestão Brandão — e funcionou como um termômetro da receptividade política na região.

Durante esse período, o governador realizou atendimentos individualizados com prefeitos da região, seguindo o modelo tradicional do Palácio dos Leões. Ao menos onze gestores municipais participaram da agenda, levando demandas e pleitos diretamente ao chefe do Executivo.

Ao fixar uma base fixa em Imperatriz, Brandão sinaliza que, mesmo sem falar diretamente sobre 2026, já iniciou seus movimentos. Em um estado com 217 municípios, garantir apoio de prefeitos e lideranças locais pode ser o diferencial entre se manter como peça central no jogo político ou ser empurrado às margens do tabuleiro.