Brandão retorna e reforça articulações políticas

O governador Carlos Brandão (PSB) já está de volta ao Maranhão depois de cumprir compromissos oficiais na Europa. Em Roma, participou da Missão para o Jubileu dos Governantes, integrando a delegação da Frente Parlamentar Católica. Em Londres, representou o estado na Semana de Ação Climática, evento preparatório para a COP30, que ocorrerá em Belém (PA) em novembro deste ano.

Apesar de evitar declarações públicas sobre as eleições de 2026, o chefe do Executivo estadual tem intensificado agendas que sinalizam a costura de alianças para uma possível candidatura ao Senado.

De volta ao estado, Brandão esteve neste sábado (28) no município de Rosário, onde lançou oficialmente o projeto Terras para Elas, durante visita à comunidade quilombola Boa Vista. A iniciativa é uma ação que conjuga justiça social, combate às desigualdades de gênero e incentivo à agricultura familiar.

A escolha do local e do público-alvo não foi por acaso: a comunidade quilombola Boa Vista é um símbolo da luta histórica por direitos territoriais no Maranhão, e as mulheres rurais, especialmente em contextos tradicionais, ainda enfrentam sérias barreiras no acesso à terra, ao crédito e à autonomia econômica.

O lançamento do projeto, no sábado (28), reuniu um grupo heterogêneo e politicamente significativo. A presença do senador Weverton Rocha (PDT), ex-adversário de Brandão nas eleições de 2022, da presidente da Assembleia Legislativa, Iracema Vale (PSB), do líder do governo na Alema, Neto Evangelista (União Brasil), do ex-presidente da FAMEM Erlanio Xavier (PDT), do prefeito Jonas Magno (PDT) e de Orleans Brandão (MDB), sobrinho do governador, aponta para algo além de um simples evento institucional: trata-se da construção de uma frente ampla que pode pavimentar o caminho de Brandão rumo a uma candidatura ao Senado Federal em 2026.

Embora ainda evite declarações públicas sobre o próximo pleito, Brandão tem se movimentado nos bastidores. As agendas internacionais e a participação em eventos de projeção nacional e global vêm acompanhadas de iniciativas de impacto local, como o Terras para Elas, capaz de unir bandeiras progressistas com a base eleitoral do interior.

“Esse projeto é uma reparação histórica”, diz Brandão

Com apoio do Fundo Brasil-ONU e financiamento do governo do Canadá, o Maranhão é um dos dois únicos estados brasileiros a implementar o projeto, que prevê a emissão de 2.500 títulos de terra em nome de mulheres agricultoras e a capacitação de cinco mil trabalhadoras em técnicas agroecológicas, bioeconomia e empreendedorismo.

A iniciativa tem potencial para mudar a realidade de milhares de maranhenses, promovendo independência financeira e segurança jurídica para mulheres que, historicamente, estiveram à margem das políticas agrárias. “Esse projeto é uma reparação histórica. Mulheres que há décadas esperam o direito à terra agora terão seus sonhos realizados, com garantia legal e mais oportunidades para produzir, crescer e viver com dignidade”, afirmou o governador, destacando o impacto estrutural da política pública.

Em suas redes sociais, o senador Weverton Rocha, destacou a iniciativa que vai mudar a vida de muitas mulheres quilombolas. “Com o apoio do Governo do Maranhão, ONU Brasil, Consórcio da Amazônia Legal e financiamento internacional, o programa vai garantir títulos de terra para agricultoras familiares. Mulheres que esperam por esse direito durante anos e que agora terão seus sonhos realizados”, disse o senador.

A presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale, destacou o papel do programa como instrumento de transformação social: “Entregar títulos às mulheres é um belíssimo trabalho realizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Mulher e do Iterma. Um passo importante para garantir dignidade, segurança e empoderamento às trabalhadoras rurais”.

Já o presidente do Iterma, Anderson Ferreira, sublinhou o alcance histórico da medida: “O governador Carlos Brandão colocou a regularização fundiária como uma das prioridades do seu governo. Hoje, o Maranhão escreve um capítulo histórico, e esse capítulo tem o nome delas”.

A ação, voltada prioritariamente a mulheres de comunidades tradicionais — quilombolas, indígenas e ribeirinhas — também articula ações de acesso ao crédito rural, apoio à geração de renda e fortalecimento da fiscalização ambiental com o uso de tecnologia. Em tempos de crise climática e insegurança alimentar, programas como o “Terras para Elas” não apenas corrigem injustiças históricas, como apontam para um modelo de desenvolvimento mais justo, inclusivo e sustentável.

Erlanio Xavier, ex-presidente da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão, ressaltou o simbolismo do momento: “Ver de perto tantas agricultoras familiares conquistando o tão sonhado título de suas terras mostra como a esperança ganha força quando a dignidade chega primeiro”.

Com o lançamento do projeto, Carlos Brandão não apenas reafirma o compromisso de seu governo com a justiça social e os direitos das mulheres, como também reposiciona sua imagem política. Ao articular setores diversos do campo político maranhense, o governador lança luz sobre um projeto de poder que, mesmo sem ser abertamente anunciado, já começou a ser traçado.

Em um cenário nacional de reposicionamento de forças para 2026, o Maranhão assume protagonismo ao aliar políticas públicas concretas com articulação política estratégica — e Brandão se firma como peça central desse tabuleiro.