Em meio à imposição de novas tarifas comerciais pelos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente francês Emmanuel Macron se comprometeram a finalizar as negociações para a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. A conversa, que ocorreu por telefone, durou quase uma hora e abordou diversos temas, incluindo a cooperação bilateral, questões globais e a agenda comercial.
As negociações para o acordo, que se estendem por mais de 20 anos, enfrentam resistência, principalmente da França, que argumenta que o tratado não considera as exigências ambientais na produção agrícola e industrial. Lula, por sua vez, rebate a crítica, afirmando que a França age de forma protecionista em defesa de seus próprios interesses agrícolas.
O Brasil, que ocupa a presidência do Mercosul neste semestre, tem como principal objetivo concluir a negociação com os europeus. A sinalização positiva de Macron reforça a estratégia brasileira de diversificar parcerias e fortalecer os países do Sul Global.
“Macron e Lula comprometeram-se a ultimar o diálogo com vistas à assinatura do acordo Mercosul-União Europeia ainda neste semestre, durante a presidência brasileira do bloco”, informou o Palácio do Planalto em nota oficial. A nota também adicionou que “O Brasil continuará trabalhando para concluir novos acordos comerciais e abrir mercados para a produção nacional”.
Diálogo global e repúdio a tarifas
Durante o telefonema, os líderes reforçaram seu apoio ao multilateralismo e ao livre comércio, além de prometer maior cooperação entre os países desenvolvidos e o Sul Global. A conversa aconteceu poucos dias depois de o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, elevar a tarifa de importação de alguns produtos brasileiros para 50%, alegando que decisões do governo brasileiro prejudicariam empresas de tecnologia norte-americanas.
Lula aproveitou a conversa para repudiar o uso político das tarifas comerciais contra o Brasil. Ele informou a Macron as medidas adotadas para proteger os trabalhadores e as empresas brasileiras e mencionou o recurso apresentado à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as “injustificadas tarifas norte-americanas”.
Outros acordos e a COP30
O Brasil também tem negociado novos acordos com outros parceiros, como a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta) e países como Japão, Vietnã e Indonésia. O presidente brasileiro também está articulando uma cúpula virtual do Brics para setembro, grupo que tem sido visto por Washington como uma ameaça à hegemonia do dólar.
Macron confirmou sua presença na COP30, que será realizada em Belém, no Pará, em 2025. Lula classificou a conferência como a “COP da verdade, em que ficará claro quais países acreditam na ciência” para o enfrentamento às mudanças climáticas.
Cooperação bilateral e desafios globais
Lula e Macron também discutiram o conflito entre Rússia e Ucrânia. O presidente francês elogiou a atuação do Grupo de Amigos da Paz, liderado por Brasil e China, na busca por soluções para o conflito. A nota do Planalto informou que “os dois presidentes acordaram continuar o diálogo sobre o conflito”.
Ainda sobre questões globais, o presidente Lula demonstrou preocupação com o aumento dos gastos militares no mundo, ressaltando que, ao mesmo tempo, cerca de 700 milhões de pessoas ainda passam fome. Lula defendeu a reforma de instituições multilaterais para uma governança mais democrática e representativa.
No campo bilateral, os líderes se comprometeram a aprofundar a cooperação em defesa, setor que já conta com projetos conjuntos de construção de submarinos, helicópteros e satélites.
*Fonte: Agência Brasil
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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/08/brasil-e-franca-se-aproximam-para-acordo-mercosul-ue-em-meio-a-tensoes-comerciais/
