Brasil reduz homicídios, mas violência contra mulheres ainda cresce, aponta relatório

O Brasil registrou uma queda de 6,33% nos homicídios dolosos em 2024, segundo dados do Mapa da Segurança Pública divulgados nesta quarta-feira (11). Foram 35.365 vítimas, contra 37.754 no ano anterior. O levantamento também apontou redução nos crimes patrimoniais e nos casos de mortes por intervenção policial.

“Também obtivemos reduções importantes nos crimes patrimoniais, como furto e roubo de veículos, roubo de cargas e roubo a instituições financeiras, além da diminuição da violência letal por intervenção de agentes do Estado em 4,02%.”
— Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública

Apesar dos avanços em algumas áreas, os crimes contra a mulher preocupam. Embora os homicídios de mulheres tenham caído 8% (de 2.655 para 2.422), os feminicídios — crimes motivados pelo gênero da vítima — cresceram: passaram de 1.449 para 1.459, o que representa uma média de quatro mulheres mortas por dia.

Além disso, os estupros também registraram aumento: 71.834 vítimas em 2024, contra 71.759 em 2023. Isso equivale a cerca de 196 mulheres violentadas por dia, segundo os dados do relatório.

“Destaco o programa Antes que Aconteça, criado para garantir os recursos a ações de fortalecimento da Rede de Apoio às Mulheres em Situação de Violência Doméstica, com olhar especial para a prevenção.”
— Ministro Ricardo Lewandowski

O Ministério da Justiça também lançou o Programa Nacional das Salas Lilás, que estabelece diretrizes para o acolhimento e atendimento especializado de mulheres e meninas vítimas de violência de gênero nas instituições de segurança e justiça.

Outro dado relevante do Mapa foi a redução de mortes entre policiais: de 6.391 para 6.134 vítimas em um ano. A queda é atribuída à implementação de ações como o Projeto Nacional de Qualificação de Uso da Força e o uso de câmeras corporais, financiado com R$ 65,9 milhões repassados aos estados.

“Nós baixamos uma portaria importante no que diz respeito ao uso progressivo da força. A arma letal só é utilizada em última instância. Antes disso, usamos armas não letais.”
— Ministro Ricardo Lewandowski

O número de desaparecidos, no entanto, aumentou: foram 80.333 registros em 2024, contra 77.986 no ano anterior, um crescimento de 3,01%. Em contrapartida, também cresceu o número de pessoas localizadas — alta de 6,42%.

Para garantir mais precisão e transparência nas estatísticas, o governo federal tem trabalhado na padronização de dados em todo o país. A proposta de Emenda à Constituição da Segurança Pública, em discussão no Congresso, deverá unificar os sistemas de registros e fortalecer a política nacional de segurança com base em evidências.

Fonte: Agência Brasil