
Especialmente no Maranhão, o período junino é uma das épocas mais aclamadas pelos amantes e entusiastas das manifestações culturais do Brasil. Durante essa data, os grupos de bumba meu boi, Tambor de Crioula e Cacuriá são representados e vivenciados de forma envolvente e expressiva pelos seus brincantes, que dedicam talento e esforço para enriquecer e propagar a cultura dessas tradições.
Transmitindo a memória coletiva de seu povo por meio do corpo e da voz, o brincante possui papel fundamental na realização desses movimentos culturais. Ligada à representatividade da comunidade e de seus valores sociais, sua participação ultrapassa as barreiras do espetáculo e atua como guardiã da tradição popular.
Incluindo dançarinos, cantores, instrumentalistas e outros participantes, o termo representa aqueles que fazem parte da alma dessas apresentações. No bumba meu boi, além dos personagens tradicionais como o vaqueiro campeador, a índia e o caboclo de pena, existem outras singularidades características de cada sotaque. Atualmente, há grupos com cerca de 20 vaqueiros ou mais; no entanto, eles estão presentes especialmente nos bois com sotaque de orquestra.
João Victor Pinheiro é um dos brincantes do Boi Estrela da Cohab, de São Luís (MA). Atuando como vaqueiro campeador nas apresentações do grupo, ele expressa sua relação familiar com a tradição.
“Quase toda a minha família já dançou em brincadeiras. Aqueles que não dançavam ajudavam a bordar as indumentárias. É uma prática passada entre gerações que possui o poder de unir e trazer alegria”, relata.
Com um modo de dança envolvente, o vaqueiro campeador se diferencia dos demais por usar um colete e um chapéu com longas fitas, além de carregar um maracá para “campear”. No conto original de Catirina e Pai Francisco, o personagem é responsável por cuidar dos bois do fazendeiro e, ao descobrir que o boi favorito do patrão foi morto, vai em busca do casal. Já durante as apresentações realizadas nos dias atuais, o vaqueiro age como parceiro do boi em muitos grupos.
Amor pela cultura
Diante de todos os desafios enfrentados pelos brincantes dos grupos juninos — como rotinas aceleradas, ensaios, apresentações e diversas outras etapas de preparação — João Victor destaca que o amor pela cultura é fundamental para seguir com o propósito do bumba meu boi. “Ser brincante não é fácil, mas vale a pena quando olhamos o sorriso no rosto do público. Existem coisas que valem mais que dinheiro”, expressa.
Além de representar um grande valor cultural e econômico para o Maranhão, os grupos juninos proporcionam representatividade e alegria para as pessoas. Segundo João, “através das músicas e coreografias, contamos as histórias e as memórias da nossa comunidade, representando nossos antepassados. Isso transforma e leva alegria para muitos, especialmente para aqueles que desejam ser representados”, afirma.
Ele também ressalta a importância de seguir cultivando e fomentando o surgimento de novos brincantes: “É importante manter a cultura viva para que a beleza do São João nunca chegue perto de acabar”, conclui.
Resumindo seus aspectos, o brincante é um agente de transformação social e valorização cultural. Sua participação nos festejos juninos atua diretamente na promoção da inclusão, no fortalecimento da identidade de comunidades periféricas e na ampliação do potencial da cultura maranhense de forma enriquecedora e artística.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/06/brincantes-do-boi-quem-carrega-o-sao-joao-do-maranhao-no-corpo-e-na-voz/