A Câmara Municipal de São Luís deve decidir, nas próximas semanas, se abre ou não processo de cassação contra o prefeito Eduardo Braide (PSD). A denúncia — apresentada por um auditor fiscal aposentado e apoiada por cerca de 400 servidores — acusa o gestor de descumprir legislação municipal ao manter cortes salariais aplicados desde novembro de 2024.
O prefeito nega irregularidades e afirma que a iniciativa tem motivação política.
Impasse começou após decisão judicial
O conflito teve origem no fim de 2024, quando o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA) considerou inconstitucional a emenda da Lei Orgânica que permitia que servidores municipais recebessem remunerações superiores ao salário do prefeito, então fixado em R$ 25 mil. Até aquele momento, algumas categorias — como auditores fiscais e controladores — chegavam a receber cerca de R$ 37,5 mil, valor vinculado ao teto aplicado a desembargadores do TJ-MA.
Com a decisão, a prefeitura passou a aplicar o limite previsto no Estatuto dos Servidores Municipais, que impede remunerações acima do vencimento do chefe do Executivo. O impacto representou corte aproximado de R$ 12,5 mil para diversas carreiras, provocando reação de sindicatos e ações judiciais.
Lei aprovada pela Câmara reacendeu disputa
Em uma tentativa de resolver o impasse, vereadores de oposição promulgaram, em dezembro de 2024, a Lei nº 7.729/2025, que reajustou os salários do prefeito, vice e secretários a partir de 2025. O objetivo era elevar o teto municipal para R$ 38 mil, restabelecendo níveis remuneratórios anteriores aos cortes.
A norma também permitia que o prefeito renunciasse ao próprio salário. Braide, contudo, acionou a Justiça para suspender os efeitos da lei, alegando que o reajuste não era devido e poderia gerar despesas adicionais ao município.
Servidores contestam essa posição e afirmam que o prefeito descumpre a legislação ao não aplicar o novo teto, mantendo reduções consideradas ilegais.
O teor da denúncia
A representação encaminhada à Câmara aponta supostas infrações político-administrativas e possíveis crimes de responsabilidade. Entre as acusações, estão:
descumprimento da Lei nº 7.729/2025;
aplicação seletiva do teto remuneratório;
prejuízo financeiro a servidores ativos, aposentados e pensionistas;
manutenção de cortes mesmo após a promulgação da nova lei.
A denúncia foi enviada à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e à Comissão de Orçamento, que analisam a admissibilidade antes de um eventual julgamento no plenário.
Servidores rebatem fala do prefeito
A Associação dos Auditores de Controle Interno Municipal (Aacim) divulgou nota contestando declarações públicas de Braide. A entidade afirma que não articula pedido de cassação e que seu foco é o cumprimento integral da legislação municipal, considerada válida pelo TJ-MA.
Segundo a associação, não se trata de aumento de despesa, mas de recomposição de valores retirados após a decisão judicial. O grupo também destaca que aposentados são diretamente afetados pelos cortes. A Aacim afirma ainda que o autor da denúncia não faz parte do quadro da Controladoria-Geral do Município.
A posição do prefeito
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Eduardo Braide classificou o pedido de cassação como “absurdo” e motivado por sua recusa em aceitar o aumento salarial previsto na lei.
“Pediram minha cassação justamente porque eu não aceitei aumentar o meu salário”, declarou.
Câmara diz que processo seguirá rito legal
A Câmara confirmou o recebimento da denúncia na terça-feira (2) e informou que o documento apresenta relatos de descumprimento da lei municipal, cortes considerados indevidos e possíveis irregularidades também analisadas pelo Tribunal de Contas do Estado.
Caso avance, a tramitação seguirá as regras do Decreto-Lei 201/67, que estabelece o procedimento para apuração de responsabilidade de prefeitos, garantindo contraditório, ampla defesa e transparência.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/brasil/2025/12/camara-de-sao-luis-analisa-denuncia-contra-braide-por-cortes-salariais/
