25 de julho de 2025
Câncer de intestino cresce entre jovens e desafia médicos com
Compartilhe:

A morte da cantora Preta Gil, aos 50 anos, vítima de câncer colorretal, reacendeu o alerta para o avanço dessa doença entre pessoas mais jovens. O câncer de intestino, que já é o terceiro mais comum no Brasil, deixou de ser uma condição restrita à população idosa e passou a preocupar especialistas por sua incidência crescente em adultos abaixo dos 50 anos.

De acordo com a Rede Ebserh, formada por hospitais universitários federais, o caso de Preta Gil trouxe à tona um problema de saúde pública que exige maior atenção: a combinação entre estilo de vida moderno, baixa procura por exames de rastreamento e desconhecimento dos sintomas tem contribuído para diagnósticos tardios e piora nos desfechos clínicos.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a mortalidade precoce por câncer colorretal — antes dos 70 anos — deve aumentar até 2030, tanto entre homens quanto mulheres. Um levantamento do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) mostrou que, entre 2012 e 2021, o número de internações por esse tipo de câncer aumentou 80,3% entre beneficiários de planos de saúde.

Entenda a doença

O coloproctologista David Morano, do Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC-UFCG), explica que o câncer colorretal atinge o cólon e o reto, partes do intestino grosso, e geralmente se origina de pólipos — lesões que se formam na mucosa intestinal. “Na maioria dos casos, ele se desenvolve a partir de pequenas lesões chamadas pólipos, que surgem na mucosa intestinal por volta dos 45 anos e podem levar até uma década para se transformar em câncer”, explica.

Morano ressalta que a detecção precoce dos pólipos ou de tumores iniciais pode garantir altas taxas de cura: “A prevenção ocorre quando encontramos os pólipos e os removemos antes que virem câncer. Já o diagnóstico precoce acontece quando o tumor já existe, mas ainda está em fase inicial — e, nesse estágio, as chances de cura ultrapassam os 90%.”

Sinais ignorados atrasam o tratamento

A coloproctologista Angélica Kneipp, do Hospital Universitário Antonio Pedro (Huap-UFF), alerta para sintomas que costumam ser desvalorizados, especialmente entre os mais jovens. “Sangue nas fezes, alteração persistente no ritmo ou no formato das evacuações, dor abdominal contínua e perda de peso sem explicação merecem investigação médica imediata”, afirma.

Ela também destaca a resistência que ainda existe em torno da colonoscopia:

“Por ser um exame invasivo, com preparo intestinal e sedação, muitos têm medo de realizá-lo. Isso pode, inclusive, levar à omissão de sintomas. Cabe a nós, profissionais da saúde, desmistificar o exame, esclarecer seus benefícios e apresentar também outras formas de rastreio, como o exame proctológico e a pesquisa de sangue oculto nas fezes.”

Jovens fora dos programas de rastreamento

Para a oncologista Jéssica Vasconcellos, do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB), o aumento de diagnósticos entre jovens está mudando o perfil da oncologia no país. “Esses pacientes frequentemente chegam com a doença em estágios mais avançados, em parte porque não estão incluídos nas faixas etárias dos programas de rastreamento”, observa.

Ela aponta como fatores de risco o sedentarismo, dieta pobre em fibras, consumo elevado de ultraprocessados, tabagismo, etilismo, doenças inflamatórias intestinais e histórico familiar. “A mudança no estilo de vida das últimas décadas parece ter um papel relevante nesse crescimento”, completa.

Colonoscopia pode prevenir a doença

Lilian Almeida, responsável técnica por colonoscopia no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), reforça que o exame, além de identificar o câncer, pode evitar que ele se desenvolva. “A maioria dos casos de câncer colorretal se desenvolve a partir de pólipos, que podem ser removidos durante a colonoscopia. Ou seja, é um exame terapêutico e não apenas diagnóstico.”

Ela reconhece o desconforto do preparo, mas destaca a importância da informação e do acolhimento:
“O exame é feito com sedação e monitoramento contínuo. A conversa franca, a escuta ativa e o esclarecimento das etapas do procedimento aumentam muito a adesão.”

Rede pública garante cuidado integral

Nos hospitais universitários da Rede Ebserh, o paciente com diagnóstico de câncer recebe atendimento multidisciplinar e apoio humanizado. A coloproctologista Rosilma Barreto, do Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA), destaca que o SUS oferece estrutura de qualidade. “O paciente recebe todo o suporte necessário: profissionais qualificados, exames de estadiamento, definição terapêutica e, quando necessário, encaminhamento para centros oncológicos parceiros para radioterapia ou quimioterapia.”

Ela também ressalta a importância do acolhimento emocional: “O câncer abala não só o paciente, mas toda a família. O médico precisa comunicar com clareza, oferecer segurança e se colocar ao lado da pessoa. Um bom acolhimento faz diferença na confiança e adesão ao tratamento.”

Sobre a Ebserh

Vinculada ao Ministério da Educação, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) administra atualmente 45 hospitais universitários federais, que combinam atendimento pelo SUS com formação profissional e pesquisa científica.

*Fonte: Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh

Quer receber as notícias da sua cidade, do Maranhão, Brasil e Mundo na palma da sua mão? Clique AQUI para acessar o Grupo de Notícias do O Imparcial e fique por dentro de tudo!

Siga nossas redes, comente e compartilhe nossos conteúdos:

Leia também:

° Betto Pereira e Josias Sobrinho fazem show durante exposição em Brasília

Fonte: https://oimparcial.com.br/brasil/2025/07/cancer-de-intestino-cresce-entre-jovens-e-desafia-medicos-com-diagnostico-tardio-e-estigma/