Clima junino aquece bastidores da política maranhense

Enquanto os arraiais iluminam São Luís e o São João toma o centro das atenções do povo maranhense, a política do estado segue em movimento — ainda que discretamente — em duas frentes que revelam estratégias de médio e longo prazo com foco nas eleições de 2026. Uma acontece em solo maranhense, com articulações simbólicas e afetivas por meio da cultura popular. A outra, fora do país, envolve diplomacia, relações institucionais e exposição internacional da gestão estadual.

Com o governador Carlos Brandão (PSB) em missão oficial na Europa, coube ao vice-governador Felipe Camarão (PT) assumir o comando do Executivo. Em vez de despachar em gabinete, Camarão optou por se fazer presente nos dois principais arraiais do circuito junino de São Luís — o do Ipem e o de Santo Antônio. A presença nos festejos não é apenas um gesto de prestígio à cultura: é uma sinalização clara de que, mesmo sem anúncio oficial, Camarão segue articulando para a sucessão de Brandão em 2026.

Camarão não se limitou a uma aparição protocolar. Tocou matraca, cantou com os brincantes, conversou com o público e destacou sua relação pessoal com o Arraial do Ipem, criado por seu pai nos anos 1980 e reativado por ele próprio quando ainda era secretário de Estado. Esse resgate de memória afetiva tem valor político: aproxima sua imagem das tradições maranhenses, reafirma seu vínculo com São Luís e reforça sua narrativa de gestor comprometido com a cultura popular — uma das plataformas mais fortes de identidade do povo maranhense.

“Essas festas geram emprego, renda e autoestima. São importantes para o turismo e para manter viva nossa história. O São João do Maranhão é patrimônio nosso, e estar aqui é, também, um gesto de respeito e valorização dessa diversidade que nos forma”, disse Camarão, em tom que mistura discurso de gestor com vocabulário de pré-candidato.