24 de novembro de 2024
Coletivos na Grande Ilha: SSP-MA aponta redução na violência, enquanto
Compartilhe:

“Todas as vezes agora do assalto [sic], eu vou parar a cidade [de São Luís]”, prometeu Marcelo Brito – presidente do Sindicato dos Rodoviários do Maranhão (STTREMA) – em depoimento à imprensa, reagindo à violência sofrida pelo cobrador de ônibus Denilson Viegas Furtado na última terça-feira (28).

No início da tarde, o trabalhador acabou esfaqueado por um adolescente de 17 anos, uniformizado – ao tentar impedir que o garoto pulasse a catraca do coletivo, na plataforma Ribeira/Ipase do Terminal de Integração Cohab-Cohatrac. 

O jovem foi contido pela Guarda Municipal ainda no local, enquanto o cobrador – com ferimentos no braço e na região torácica -, foi hospitalizado e liberado na quarta (28), sem necessidade de cirurgia.

Adolescente é conduzido por guardas municipais após o crime_ segundo a SSP-MA, ao Núcleo de Atendimento Inicial (NAI), onde aguardará uma audiência de custódia. Créditos – Redes sociais/Reprodução

O crime, que pôs em polvorosa passageiros e rodoviários de toda a Grande São Luís na última terça, não se tratou de um assalto, como mencionado por Marcelo Brito em tom justificável de revolta. 

Porém, o cobrador Denilson Viegas é um sobrevivente de um cenário de violência urbana e notável crueldade, às quais a categoria acaba exposta todos os dias (bem como os passageiros).

Outro sobrevivente é o motorista D. F., de 38 anos e há sete no ramo. Ouvido por O IMPARCIAL e optando por não ser identificado, ele lembra ter sido rendido na parada do shopping do Caminho de São José de Ribamar (antiga “Estrada de Ribamar”), a MA-201, há cerca de três anos.

“Puseram uma arma na minha cabeça e fizeram o raspa, em cerca de dois minutos. Medo, né”, acrescenta o condutor. Nos dois minutos eternos de terror, os criminosos levaram pertences dos passageiros, do motorista e o dinheiro do coletivo.

Nessa ocorrência, felizmente, todos saíram ilesos. Porém, nem sempre é o caso: nos últimos três anos, pelo menos três trabalhadores dos coletivos da Grande Ilha perderam a vida no expediente, de acordo com o STTREMA. 

A vítima fatal mais recente é conhecida de D.F.: na noite do último 22 de janeiro, Francisco Vale Silva – de 47 anos – foi baleado e morto na Avenida dos Franceses, em São Luís. Os criminosos ainda ordenaram que o condutor dirigisse pela contramão na via, antes de balea-lo na cabeça. 

Dois dos envolvidos na morte de Francisco Vale Silva eram adolescentes. Créditos – Reprodução

Com o motorista já baleado, o ônibus perdeu o controle e parou em cima de um canteiro central. A Polícia Militar informou que os bandidos fugiram com a renda do ônibus e objetos de valor dos passageiros.

Alguns dias após esse crime, a Segurança Pública do Maranhão anunciou ampliação da Operação Catraca – voltada para o combate e repressão a roubos em veículos do transporte coletivo que circulam na Grande Ilha.

E as forças de segurança insistem que a ação vem surtindo efeito.

Procurada por O IMPARCIAL, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão frisou que houve uma redução de 32,7% nas ocorrências de roubo a ônibus na Região Metropolitana de São Luís. De janeiro a julho de 2023, foram 792 ocorrências, contra 533 casos até julho de 2024.

O Governo do Maranhão também ressaltou empenho em reduzir ainda mais os índices.

Em um exemplo de pontos a menos para a criminalidade, a Operação Catraca deteve dois assaltantes de ônibus na região do Maranhão Novo, no último dia 22 de agosto. Aparelhos celulares foram apreendidos – segundo a própria dupla, roubados de ônibus na região.

Em resposta ao ataque de terça passada, a SSP-MA garantiu reforço em todos os terminais da Grande Ilha.

“Falta parar os ônibus inesperadamente e revistar [os ocupantes]”, sugere, contudo, o motorista entrevistado D. F. Ele esteve presente na breve paralisação de advertência após o cobrador ser esfaqueado na terça, no Terminal Cohab/Cohatrac.

E mais atos de apelo estão previstos – no sábado (31), a categoria deve se reunir em assembleia, cuja pauta ainda não foi definida. Embora o tópico principal seja óbvio: que o trabalho nos ônibus da Grande Ilha não seja sinônimo de profissão perigosa.

“É uma vida, é um trabalhador que está lá. É preciso dar assistência a todos nós. Todos temos o direito de ir e vir sim – mas com segurança”, enfatizou o presidente Marcelo Brito.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2024/08/coletivos-na-grande-ilha-rodoviarios-cobram-mais-seguranca-nos-onibus/