4 de julho de 2025
Compromisso com a notícia e a credibilidade
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Em um dos episódios mais marcantes da história contemporânea, o jornal O Imparcial destacou-se no cenário da imprensa maranhense ao realizar uma cobertura extraordinária sobre os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Enquanto o mundo tentava compreender a magnitude do atentado às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, o jornal maranhense levou às ruas, ainda no mesmo dia, uma edição extra com as primeiras informações do ocorrido, consolidando seu papel de protagonista na história do jornalismo local.

Era uma manhã de terça-feira quando as primeiras imagens do ataque começaram a ser transmitidas pelas emissoras de TV. Na redação de O Imparcial, a equipe já havia se organizado para a cobertura das pautas diárias, mas a cena do primeiro avião atingindo uma das torres interrompeu a rotina. “Estávamos na redação onde haviam dois aparelhos de TV ligados em canais diferentes para acompanharmos as notícias, além da rádio escuta que fazíamos diariamente dos programas de rádio AM que traziam as informações do factual”, relembra um dos jornalistas que testemunhou o momento em tempo real.

Diante da gravidade dos acontecimentos, o então diretor de redação, Gilmar Corrêa, convocou uma força-tarefa que envolveu toda a estrutura do jornal — da redação ao setor gráfico, da distribuição aos jornaleiros. O objetivo era claro: colocar nas bancas, até as 18h daquele dia, uma edição extraordinária com o conteúdo mais completo e ágil possível.

Único jornal a entregar uma edição extra impressa

Era uma manhã terça-feira, e nessa época eu exercia a função de chefe de reportagem, já havia chegado cedo à redação e feito a reunião com a primeira equipe, e a segunda  também já estava pronta para fazer a cobertura das pautas diárias, quando de repente vimos a imagem de um avião se chocando em uma torres nos chamou à atenção, e nos surpreendendo mais ainda quando um outro logo em seguida também fez o mesmo. Estávamos na redação onde haviam duas aparelhos de TV ligados em canais diferentes para acompanharmos as notícias, além da rádio esculta que fazíamos diariamente dos programas de rádio AM que traziam as informações do factual, os quais fazíamos uma triagem do que iriamos noticiar

O então diretor de redação, Gilmar Correa, convocou uma força tarefa  que mobilizou a todos que faziam parte da estrutura do jornal: da redação ao pessoal da gráfica, dos jornaleiros à distribuição do jornais nas bancas e estabelecimentos comerciais onde tínhamos parceria para colocarmos até antes das 18h uma edição extra especial com aquele fato histórico mundial. Naquele tempo a internet era principalmente acessada através de conexões discadas, que usavam linhas telefônicas e modems. A banda larga ainda não era tão comum, e as velocidades de conexão eram bastante limitadas. E os famosos celulares “tijolões”, os modelos como o Nokia 3210 e o Nokia 6310, ainda não eram populares, e só quem tinha um poder aquisitivo alto ostentava aquela forma nova de se comunicar.

A tecnologia que O Imparcial dispunha na época eram os primeiros pagers onde nos comunicávamos somente por notificação de áudio ou pelos “bips”, para indicar a recepção de uma mensagem. Ou seja, a redação que havia deixado as famosas máquinas de escrever por computadores com um visual mais pesado e “quadrado”, bem diferente dos atuais monitores de tela plana e computadores com design leve.

Os jornalistas e fotógrafos saíram em campo atrás de histórias que tivesse alguma ligação com o ataque terrorista que aconteceu nos EUA e reverberou em todo o mundo. Aqui em São Luís fomos atrás do impacto que isto poderia causar no setor econômico, uma vez que o Porto do Itaqui recebe navios de várias bandeiras do mundo. Também procuramos saber de que forma as agências de viagens iriam proceder com os pacotes internacionais com o destino para as terras do Tio Sam. Além de saber se havia maranhenses em Nova York palco deste ataque que é notícia até hoje nos principais meios de comunicação do mundo. A ideia era dar um panorama com o nosso olhar jornalístico com notícias diferenciadas daquelas já prontas pelas agências internacionais ou pelos grandes jornais que estavam fazendo suas coberturas.

Passados 24 anos ainda lembro do corre-corre frenético na redação, a finalização dos textos, as escolhas das fotos para a edição especial, os personagens e toda a vibração que a redação de O Imparcial viveu aquele momento histórico e entrando também para a história com a sua cobertura jornalística. Ver a máquina rotativa com a edição especial sendo embalada e indo para as ruas foi motivo de orgulho para todos que estiveram envolvidos no processo de dar essa notícia com um olhar literalmente “impar”. Para o diretor-executivo Célio Sergio, que à época atuava como gerente de tecnologia e chefe da gráfica, O Imparcial foi o único jornal do Maranhão a entregar uma edição extraordinária impressa ainda antes das 18h, literalmente nas mãos dos leitores. “A nossa maior dificuldade foi reunir a equipe da redação, porque não existiam ainda internet nem grupos de WhatsApp. Entramos em contato por meio de telefonemas para os que tinham telefone fixo em casa”, relembra Célio Sergio. 

Mesmo sendo um jornal impresso, a equipe de O Imparcial empenhou-se em garantir que o público tivesse acesso à informação ainda no calor da notícia. Ao mesmo tempo em que preparavam a edição extra, os jornalistas também davam continuidade à apuração para a cobertura mais aprofundada nos desdobramentos que seriam publicados no dia seguinte. “Foi um marco não só para a humanidade, mas também para nós, de O Imparcial, fazer uma cobertura dessa natureza”, destaca Célio. O esforço envolveu ainda a equipe da gráfica, que chegava normalmente às 16h, e contou com o apoio do setor de manutenção das máquinas. O resultado foi um registro histórico e ágil do atentado que chocou o mundo. “Foi interessante ver nas ruas as pessoas com a edição extra do jornal, procurando se informar sobre o acontecido”, conclui o diretor-executivo. A iniciativa revelou o compromisso do jornal com a informação e marcou um capítulo importante na história do jornalismo impresso local.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/05/compromisso-com-a-noticia-e-a-credibilidade/