A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém, entra em sua semana decisiva, com a participação direta de ministros dos países para tentar fechar, por consenso, os acordos que guiarão as ações climáticas no próximo período.
Na noite de domingo (16), a presidência da COP publicou um resumo das consultas que destacou itens cruciais que ainda buscam aclamação para entrar na agenda de ação: o apelo por ampliação das metas climáticas, as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), e o financiamento público de países desenvolvidos para países em desenvolvimento.
Outro tema crucial na agenda, mas ainda sem consenso, é a Meta Global de Adaptação (GGA). O GGA é um dos principais resultados esperados desta COP, mas segue incerto, com um rascunho de 100 indicadores finalizado por técnicos, mas resistências por parte do Grupo Africano e países árabes que defendem estender o trabalho por mais dois anos, adiando a decisão para 2027.
Cobrança por mapas do caminho e ação concreta
Especialistas avaliam que o documento reflete fielmente o panorama das negociações técnicas, exaltando o multilateralismo e a necessidade de passar da transição para a implementação. Contudo, a ausência de referências concretas a caminhos que levem a mais ação gera preocupação. Fernanda Bortolotto, especialista em Política Climática da The Nature Conservancy Brasil, destacou uma falha no documento:
“Um ponto negativo do documento e que também não está se refletindo na sala de negociações, é que não traz nada sobre os mapas do caminho tanto para zerar desmatamento quanto para fazer a transição para longe dos combustíveis fósseis.”
Ela reforça que, apesar do apoio de mais de 60 países, o tema precisa sair dos eventos paralelos e entrar no texto de decisão das salas de negociação. Anna Cárcamo, especialista em política climática do Greenpeace Brasil, corrobora: “Precisamos de mais pressão para que sejam acordados encaminhamentos claros que iniciem os processos para os ‘mapas do caminho’ para o fim do desmatamento e dos combustíveis fósseis”.
Segmento político de alto nível assume o comando
A expectativa é que o segmento político de alto nível da COP30, que começou nesta segunda-feira (17), dê a tração necessária para o avanço das negociações. Enquanto a primeira semana é dedicada aos textos rascunhos formulados por técnicos, a segunda semana coloca em cena os chefes de delegações (ministros de primeiro escalão), que possuem maior margem política de negociação.
Na plenária de alto nível, o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin reforçou o objetivo do governo brasileiro de implementar mapas de ação com avanços significativos na transição energética e na erradicação do desmatamento ilegal, classificando-os como os principais legados a serem deixados pela COP30.
Outros temas em discussão que aguardam consenso em nível ministerial incluem os Planos Nacionais de Adaptação (NAPs), o Fundo de Adaptação (AF) e a criação de um programa de trabalho sobre a transição justa.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/11/confira-os-temas-ainda-em-negociacao-na-reta-final-da-cop30/
