Cultura na Praça: cinema comunitário e apresentações culturais em cidades do Maranhão

O cinema feito pela juventude vai tomar conta das praças do Maranhão nos dias 29 e 31 de agosto. O projeto Cultura na Praça, que há sete anos percorre comunidades do Pará e do Maranhão, chega a Igarapé do Meio e Bacabeira com uma programação gratuita que une cinema e cultura popular. Após oficinas de audiovisual realizadas em julho, os jovens apresentam os curtas-metragens que criaram, em sessões ao ar livre acompanhadas de grupos artísticos locais.

Antes de chegar ao Maranhão, o projeto passou por São Félix do Xingu (PA), onde estreou o curta Bà Kan Pry – A Trilha. Agora, é a vez do público maranhense conhecer as obras Junta aí e Raízes do Fontão, produzidas por jovens que transformaram suas vivências em narrativas audiovisuais.

O cinema como encontro coletivo

Para o coordenador do projeto, o cineasta Cris Azzi, a experiência de criar os filmes em comunidades como Vila Diamante (Igarapé do Meio) e Peritima (Bacabeira) revela a força transformadora da arte.

“Durante quatro dias na Vila Diamante encontramos uma turma de doze jovens muito interessados em descobrir a magia do cinema. Eles entenderam desde o primeiro dia que essa magia só existe a partir da troca e do trabalho em grupo. Por se tratar de uma comunidade de assentamento, as questões da terra vieram naturalmente. Assim nasceu o filme Junta Aí, que fala sobre agroecologia, alimento e pertencimento à terra — uma celebração da simplicidade e da coletividade”, conta.

Em Bacabeira, o processo também foi intenso. “Houve muito diálogo até chegarem ao tema. O grupo decidiu falar sobre o fontão, uma antiga fonte de água da comunidade esquecida depois da chegada da água encanada. O filme mistura documentário e ficção para resgatar a memória do lugar e refletir sobre ancestralidade, meio ambiente e relações familiares. É um trabalho muito tocante, que coloca luz sobre algo essencial para todos: a água”, destaca Azzi.

Programação

Em Igarapé do Meio, a sessão acontece no dia 29 de agosto (quinta-feira), às 19h, na Praça Comunitária de Vila Diamante. Será exibido o curta Junta aí. A noite terá apresentações do Boi Mistério de São João, do Grupo de Carimbó Encantos do Nordeste e da Quadrilha Trem da Alegria.

Em Bacabeira, a exibição será no dia 31 de agosto (sábado), às 18h, na Praça Central. O público poderá assistir ao curta Raízes do Fontão. A programação cultural terá a apresentação do Grupo de Tambor Estrela de São Benedito, que vem de uma comunidade local especialmente para o evento.

Cinema acessível e comunitário

Todas as sessões contam com recursos de acessibilidade — audiodescrição, legendagem descritiva, intérpretes de Libras e espaços adaptados. Além das exibições presenciais, os filmes produzidos ficam disponíveis na plataforma do projeto (www.culturanapraca.art.br), que já reúne 45 curtas e ultrapassou 230 mil visualizações.

Para Cris Azzi, o valor do projeto está no encontro. “O Cultura na Praça possibilita esse momento mágico de assistir cinema ao ar livre, numa praça, em comunidade. É mais que exibir filmes: é viver coletivamente a arte e a cultura, em experiências que ficam na memória de todos.”

O Cultura na Praça nasceu em 2017 com o objetivo de levar cinema e cultura a lugares com pouca ou nenhuma oferta cultural. Desde 2019, passou a promover oficinas de cinema, nas quais adolescentes e jovens de 13 a 19 anos aprendem a roteirizar, dirigir, gravar e editar suas próprias histórias. Até hoje, já percorreu mais de 50 comunidades, impactando mais de 220 mil pessoas no Maranhão e no Pará.

Para Cris Azzi, cada edição reafirma o papel transformador da arte: “Nós acreditamos que a cultura e a arte são estruturantes para a educação e para a memória de um povo. Quando jovens de comunidades distantes veem suas histórias na tela, eles passam a enxergar outros horizontes e percebem a potência que carregam.”

O Cultura na Praça é viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Instituto Cultural Vale, em parceria com o Instituto Tatajuba e realização do Ateliê 22, Ministério da Cultura e Governo Federal – Brasil, União e Reconstrução.