 
                O dia 31 de outubro é marcado por uma mistura de culturas e histórias que revelam a riqueza das tradições populares do estado. Enquanto o mundo celebra o Dia das Bruxas (Halloween), uma data de origem estrangeira que ganhou força com o tempo, o Brasil também comemora o Dia do Saci, criado para valorizar o folclore nacional e fortalecer nossas próprias lendas.
No Maranhão, não é diferente. O Dia das Bruxas, com suas abóboras iluminadas, fantasias e histórias de terror, encanta principalmente as crianças e os jovens maranhenses. Em muitas escolas e comunidades, são realizadas festas temáticas, com decoração inspirada em fantasmas, monstros e personagens sombrios. A comemoração, apesar de vir de fora, já faz parte da rotina de outubro em várias cidades maranhenses, especialmente em São Luís, onde a criatividade e o espírito festivo ganham destaque.
“Muita gente faz festa nesse dia, seja aniversário, clubes ou casas de show, com essa temática, então temos tido bastante procura de produtos específicos. Já nos preparamos para essa época”, disse Ana Cláudia Silva, gerente de uma loja no Centro, de São Luís.
A estudante Valentina Pereira, de 20 anos, vai participar por mais um ano de uma festinha com amigos da escola. A fantasia será surpresa para todos. “Já é meu segundo ano, e eu acho bem legal essa coisa de se fantasiar, se produzir… na verdade é um motivo para a gente se fantasiar”.
Lendas locais
Se o Halloween é uma festa americanizada, por outro lado, o Dia do Saci busca valorizar as histórias do nosso folclore. O Saci-Pererê, travesso e inteligente, é um personagem que representa a esperteza e a resistência da cultura popular brasileira. Em 2005 o governo brasileiro criou o Dia do Saci (31 de outubro), sancionando a lei nº 2.762/2003, como forma de valorizar a cultura brasileira, afastar a popularização do Dia das Bruxas no Brasil e ao invés disso, celebrar o folclore brasileiro.
No Maranhão, ele se mistura às lendas locais, como a Carruagem de Ana Jansen, A Manguda, A serpente encantada, dentre outros, formando um mosaico de narrativas que refletem a identidade do povo maranhense. Escolas e grupos culturais promovem atividades para resgatar essas histórias, incentivando as novas gerações a conhecer e respeitar o imaginário nacional.
É importante considerar que o Maranhão tem um patrimônio folclórico próprio (lendas de quilombos, mitos indígenas, manifestações populares) que pode encontrar no Dia do Saci uma oportunidade para visibilidade e fortalecimento.
No fim das contas, seja com abóboras ou com gorros vermelhos, o importante é celebrar a criatividade, a alegria e a magia das histórias que nos encantam – sejam elas vindas de longe ou nascidas no Brasil.
O Saci
De acordo com publicação do site Hiper Cultura:
“a lenda do Saci provavelmente se originou entre os povos indígenas do sul do Brasil durante o período colonial, onde ele era retratado como um menino índio que morava na floresta, com sua pele bronzeada e uma cauda. No entanto, quando o mito migrou para o norte, o personagem recebeu fortes influências africanas dos escravos que foram trazidos para o Brasil, que contavam histórias do Saci para divertir e assustar as crianças. Nesses contos, o Saci passou a ser descrito como um jovem negro com apenas uma perna, porque, de acordo com o mito, ele perdeu a outra em uma luta de capoeira”, diz a publicação.
Histórias sobre o Saci e outros seres ainda são muito fortes em diversas regiões do Brasil, e ao redor das fogueiras, os idosos compartilham com os jovens as suas experiências com esse ser.
Ao longo dos anos, o mito foi perpetuado através da cultura oral, e depois sendo transmitido através da literatura, quadrinhos e televisão, como no Sítio do Picapau Amarelo, que fez com que a lenda se espalhasse por todo o Brasil, enquanto as histórias de Monteiro Lobato conquistavam as telas de televisão no início da década de 1950.
“O Saci é muito mais do que um personagem engraçado. Ele carrega a astúcia, a irreverência e a resistência, que são características muitas vezes associadas às classes populares e aos marginalizados. Sua história é um verdadeiro símbolo da mistura cultural do Brasil, com raízes indígenas, africanas e portuguesas. Em resumo, ele é a cara da nossa diversidade”, explica a psicopedagoga e escritora, Paula Furtado. Para a escritora, não é preciso ter que escolher entre os doces ou travessuras e o Saci. Ninguém precisa deixar de brincar, se fantasiar ou se divertir com o Halloween. O que Paula propõe é uma reflexão: por que deixar de lado nossos personagens folclóricos, como o Saci, em favor de uma festa importada? “Podemos sim abraçar as brincadeiras, mas também valorizar aquilo que faz parte da nossa história, reforçando nosso sentimento de pertencimento e identidade cultural”, enfatiza.
Fonte: https://oimparcial.com.br/entretenimento-e-cultura/2025/10/dia-das-bruxas-e-dia-do-saci-entre-lendas-e-tradicoes/

 
                             
                             
                             
                             
                            