
O Dia dos Pais, mais do que uma data no calendário, é um convite à memória e ao presente. Entre jantares simples, presentes escolhidos com cuidado e silêncios compartilhados, pais e filhos constroem vínculos únicos, que se revelam nos pequenos gestos e nas grandes lições. Em São Luís e no interior do Maranhão, histórias distintas mostram que amor, respeito e parceria são o que realmente definem a paternidade.
No bairro Cohama, em São Luís, o restaurante Esplanada não é apenas um empreendimento familiar: é palco de uma relação sólida entre pai e filho. Celso Vian carrega o mesmo nome do pai e compartilha com ele muito mais. Trabalham lado a lado, dividindo responsabilidades e aprendizados, numa sintonia construída ao longo dos anos.“A gente se entende, cada um com seu jeito, mas sempre caminhando junto”, resume Celso.
A parceria se estende da cozinha aos bastidores do negócio. O pai, com sua experiência prática, cuida das tarefas do dia a dia, enquanto o filho atua mais nas questões técnicas e administrativas. Nos finais de semana, Celso está sempre presente, equilibrando outro emprego com a dedicação ao restaurante da família.
Apesar de trabalharem normalmente no Dia dos Pais, a noite reserva um momento de pausa. “Á noite, sempre que dá, fazemos um jantar em família. Mesmo depois de um dia corrido, é o nosso momento de celebrar. Pode não ser luxuoso, mas é verdadeiro.”, conta ele.
A celebração ganha ainda mais valor desde que o pai enfrentou um infarto, episódio que marcou profundamente o filho. “Depois daquilo, cada Dia dos Pais virou um presente a mais”. O respeito entre os dois também se reflete no ambiente de trabalho. Ainda que eventualmente tenham visões diferentes, prevalece o diálogo.
Carregar o mesmo nome, para Celso, é motivo de orgulho: “É carregar a história de um homem batalhador, que já foi caminhoneiro e venceu com trabalho. Junto com minha mãe, ele construiu o restaurante que temos hoje.”
Ao ser questionado sobre o que falaria pro pai naquele momento, Celso fala com carinho: “Diria que tenho muito orgulho dele. Que admiro tudo o que ele fez pela nossa família e que sou grato por tudo que aprendi com ele. E que pode contar comigo sempre, assim como eu sempre pude contar com ele.”
“Estamos sempre juntos”
Em Vitória do Mearim, outra história se revela em tons de afeto incondicional. Laura Figueiredo fala com muito carinho sobre o pai, Wbiracy Figueiredo. Mesmo não morando na mesma casa, ele nunca deixou de ser presença constante: “Ele me visita todos os dias. Quando não consegue, a gente se liga, troca mensagens… Estamos sempre juntos.”
A relação é feita de rituais cotidianos e muito carinho. “A gente tem silêncios
confortáveis, conversa sobre tudo: sentimentos, conquistas, bobagens. Ele sempre me deu níveis
altíssimos de atenção, e eu retribuo da mesma forma.”
Um dos momentos mais marcantes entre os dois foi quando Wbiracy, mesmo com medo, enfrentou uma montanha-russa só para acompanhar a filha. “Foi um gesto simples, mas cheio de significado.” As lembranças mais antigas também emocionam: fitas VHS com registros da infância, gravadas por ele, são hoje tesouros sentimentais. “Era visível, em cada olhar, o quanto ele me amava e cuidava de mim. Esses vídeos se tornaram memórias preciosas, e o mais bonito é que nossa relação continua exatamente igual até hoje.”
Sobre o que ele representa, Laura é direta: “Nem nos melhores sonhos alguém poderia imaginar um pai melhor. Ele é melhor do que qualquer idealização. Ele é real, com todas as qualidades e defeitos, e é exatamente isso que o torna tão especial. Eu não poderia ter um pai melhor no mundo.” Para o Dia dos Pais deste ano, o plano é simples, como tudo o que é verdadeiro: sair para jantar ou simplesmente estar ao lado dele.

Chegada dos filhos foi um divisor de águas
Em São Luís, Samih Muribeca vive uma experiência diferente. Pai de Luiza, de 10 anos, e Theo, de 2, ele encara a paternidade com transformação. “Mudou tudo. Eu vivia pra mim. Depois que eles nasceram, passei a viver para eles. São meu principal motivo de acordar todo dia.”
A chegada dos filhos foi um divisor de águas, inclusive nos hábitos. “Depois do nascimento deles eu até parei de beber. Se em algum momento eles precisassem de mim, eu queria estar 100% sóbrio.” A responsabilidade pesa, mas também ilumina. “O maior desafio mesmo, é conseguir criar e educar de forma que virem boas pessoas, com valores bem definidos e corretos. E a maior felicidade é conseguir ver a evolução deles.”
Separado recentemente, este será o primeiro Dia dos Pais que passará com os filhos apenas na sua companhia. A programação: almoço fora, piscina e parque. “Quero construir boas memórias. Ser um pai que educa, que é referência e também é um amigo.”
A experiência da paternidade também trouxe uma nova perspectiva sobre o próprio pai. “Deu para entender melhor o que ele passou quando viveu o que eu vivo. Ninguém nasce sabendo ser pai, nós nos tornamos e essa caminhada é cheia de erros e acertos”.

Fonte: https://oimparcial.com.br/brasil/2025/08/dia-dos-pais-historias-celebram-vinculos-que-vao-alem-da-data/