7 de agosto de 2025
Diretoria da FMF pode ter só uma recondução
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Em entrevista ao O IMPARCIAL, na noite desta segunda-feira, a interventora da Federação Maranhense de Futebol, a advogada Susan Lucena Rodrigues, 42 anos, falou sobre a nova missão que terá nos próximos três meses. Adiantou que não vai se afastar do cargo de diretora da Casa da Mulher Brasileira, pois não vê nenhuma incompatibilidade na ocupação dos cargos, até porque sua passagem pela entidade será transitória.

Além disso, ela também destacou que há uma orientação judicial para que os mandatos dos próximos presidentes tenham apenas uma reeleição.

“Essa transição deverá ter como consequência uma única recondução para que a gente evite mandatos eternos de pessoas que acabam por se apropriar desta federação, e assim a gente vai possibilitar maior democracia e oportunidade para os clubes e o futebol maranhense como um todo”. Para que isso ocorra, será necessária nova reforma no Estatuto.

Focada no presente

Ela deixou claro que não tem nenhum projeto para concorrer na próxima eleição da entidade: “Não serei candidata. Estarei na federação nesse período transitório, e quero apenas colaborar para que o nosso futebol seja administrado com transparência e diálogo. Não tenho pretensão de permanecer no cargo depois dos noventa dias para os quais fui designada”.

De­ci­são tam­bém atin­ge o Ins­ti­tu­to do Fu­te­bol

O juiz Douglas de Melo Martins, da Vara de Interesses Difusos e Coletivos,  decidiu no início da noite de segunda-feira (4) afastar toda a diretoria da Federação Maranhense de Futebol (FMF) e do Instituto Maranhense de Futebol (IMF). O magistrado deferiu, parcialmente, o pedido de tutela provisória de urgência, feito pelo Ministério Público do Estado do Maranhão, no último dia 4 de julho. Ao mesmo tempo, foi nomeada interventora da entidade nos próximos 90 dias, Susan Lucena Rodrigues, atual diretora da Casa da Mulher Brasileira, órgão do Governo do Estado.

Caberá à nova administradora realizar o levantamento da situação financeira, patrimonial, e contábil das duas entidades. Também deverá adotar providências visando garantir a transparência dos atos administrativos e, principalmente, conduzir um novo processo eleitoral para a escolha da diretoria da Federação Maranhense de Futebol.

A Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público, denunciou, com farta documentação, uma série de irregularidades administrativas no âmbito das entidades, entre as quais,  falta de transparência financeira e de divulgação de documentos obrigatórios no site da entidade.

Medidas judiciais

Entre as medidas determinadas pelo juiz Douglas Melo Martins estão:
– Afastamento cautelar de todos os réus pessoas físicas da diretoria executiva e dos conselhos fiscais da FMF e do IMF;
– Nomeação de Susan Lucena Rodrigues como administradora provisória;
– Suspensão dos efeitos das Assembleias Gerais realizadas em 22 de janeiro de 2025, que aprovaram as contas de 2024 e modificaram o estatuto da FMF;– Obrigação de publicação online de documentos financeiros e administrativos dos últimos cinco anos.

Américo silencia, mas vai entrar com recurso

O presidente afastado Antônio Américo manteve-se em silêncio, ou seja, não quis comentar a decisão judicial que determinou intervenção  na Federação Maranhense de Futebol (FMF). Procurado pela reportagem do O IMPARCIAL logo após a publicação da cautelar e as medidas tomadas, entre as quais a nomeação da interventora Susan Lucena Rodrigues, ele avisou que não iria se manifestar, mas deixou claro que entrará com recurso na Justiça, provavelmente um Agravo de Instrumento,  buscando seu retorno ao cargo e de toda a diretoria.

Américo chegou à FMF no ano de 2011, nomeado interventor da entidade, após o afastamento do presidente Alberto Ferreira, também acusado de irregularidades administrativas. Na ocasião, estava determinado que a intervenção seria de seis meses, mas  três meses depois ele reformulou o estatuto e  foi aclamado presidente da entidade para completar os dois anos pendentes do mandato de Alberto. Desde então vem acumulando mandatos na entidade até os dias atuais.

As alegações do Ministério Público ao pedir o afastamento de todos os diretores, inclusive do Instituto do Futebol, e ser atendido parcialmente pelo juiz,  são vários: a reforma estatutária aprovada em janeiro de 2025 teria sido conduzida sem que os clubes tivessem acesso prévio ao conteúdo integral do novo estatuto; a criação de uma cláusula de barreira que obriga candidatos à presidência a se desincompatibilizarem com 18 meses de antecedência, o que teria  prejudicado a isonomia do processo eleitoral; e indícios de “desvio de finalidade”, tendo o presidente do IMF, Sílvio Arley Brito Fonseca, admitido, segundo se informa, que a entidade foi criada para movimentar recursos da FMF e evitar bloqueios judiciais. Sílvio acumula  as funções de vice-presidente da Federação, ocasionando uma confusão patrimonial entre as duas entidades.

LISTA DOS AFASTADOS
Além  do presidente  Antônio Américo, foram afastados:
-Márcio Araújo da Silva, vice-presidente jurídico da FMF e secretário do IMF;
-João Campos Filho
-Hans Joseph Nina Hohn
– Francisco Evandro Marques Costa
– José William Câmara Ribeiro
– Raimundo Barbosa Castro
– Ciro Monteiro Clarindo
– Gilberto Ferreira Pereira
– José Lopes de Oliveira Neto
– Fernando José Casal Teixeira Júnior
– Valbert Pinheiro Corrêa Júnior
– Raimundo Nonato Peixoto Barros
– Antônio Felipe Gomes Duarte de Farias
– José Alberto Sampaio Ferreira
– Maylla Cidreira Miranda

Em defesa da imparcialidade e moralidade

Susan Lucena Rodrigues, destacou que a presença das mulheres em cargos de importância na sociedade brasileira vem crescendo, inclusive na política, por isso, a missão foi bem recebida.

“É algo desafiador, mas já estou acostumada com situações que exigem trabalho e coragem, e acredito que a minha escolha para o cargo foi não apenas por ser desportista, mas por aquilo que tenho realizado nas funções para as quais fui designada, enfim, com  imparcialidade vamos trabalhar no sentido de que todas as sugestões do dr. Douglas sejam  realmente cumpridas com imparcialidade”.

Diálogo aberto

Ao comentar as recomendações do juiz, algo que foi bastante criticado pelo MP,  a transparência na administração da entidade do futebol, a interventora enfatizou que também pretende dialogar com  todos os segmentos desse esporte, visando respeitar princípios básicos da administração.

“O objetivo é fazer esse diálogo muito tranquilo, sereno, mas também  usar do rigor necessário para que a gente possa garantir que a federação retorne a seu fluxo natural, visando potencializar o nosso futebol,  preparar o terreno para a nova diretoria que virá, e que assim ela possa fazer um trabalho que possa respeitar todos os requisitos da legalidade, impessoalidade, moralidade publicidade e eficiência que o direito administrativo requer de todas as instituições”.

Susan deixou claro que vai contar com o trabalho de uma equipe que incluirá a presença da presidente do Conselho Regional  de Contabilidade para realização de uma auditoria nas contas da federação.

Frequentadora dos estádios, ela não quis, no entanto, revelar qual o time do seu coração, achando melhor não abrir o jogo sobre este assunto. “Acho melhor não revelar esse detalhe, para evitar que alguém confunda alguma decisão como parcialidade. E isso não vai acontecer porque sempre trabalhei com transparência em todos os setores que passei”, enfatizou.

Relação com esporte

Ainda sobre sua participação no esporte, Susan informou que desde menina mostrou suas habilidades jogando futebol, e como adulta participou de uma equipe que competia pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

“Já disputei os Jogos Escolares, colaborei para a organização do futebol feminino na OAB, já  aposentei as chuteiras, mas no momento meu objetivo  é técnico, jurídico e  contábil,  que possa fortalecer a nossa federação” .

Diante da surpresa de alguns desportistas, que desconhecem o trabalho de Susan Lucena nesta área do esporte, o juiz Douglas de Melo Martins justificou que “é uma mulher forte, que não se submeterá a pressões. Confio nela e acredito que poderá cumprir as determinações constantes da decisão”.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/08/diretoria-da-fmf-pode-ter-so-uma-reconducao/