
Em 2025, pelo menos quatro pessoas morreram devido à febre oropouche no Brasil. Até o momento, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) confirmou três mortes e a Secretaria Estadual de Saúde do Espírito Santo (SES-ES) confirmou uma. As primeiras vítimas fatais da enfermidade no mundo ocorreram no Brasil em julho do ano passado.
No que diz respeito às infecções, o Ministério da Saúde registrou 10.072 casos de oropouche no Brasil, de acordo com o relatório semanal do Centro de Operações de Emergências (COE). Isso equivale a um crescimento de 56,4% em comparação ao mesmo intervalo de 2024, quando foram contabilizados 6.440 casos.
O Estado mais afetado neste ano é o Espírito Santo, com 6.118 registros. Destacam-se ainda o Rio de Janeiro, com 1,9 mil casos; a Paraíba, com 640; e o Ceará, com 573.
De acordo com o COE, pessoas entre 20 e 59 anos representam 70,5% dos infectados. Entre os menores de 1 ano, foram registrados 12 casos, sendo seis no Rio de Janeiro, quatro no Espírito Santo, um no Ceará e um na Paraíba.
O que explica a alta de casos
No ano passado, o ministério apontou que o salto estava associado à ampliação dos testes para a detecção da doença, distribuídos para toda a rede nacional de Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen). Com isso, os casos, que até então estavam concentrados na Região Norte, passaram a ser identificados em outras áreas.
Há ainda uma combinação de fatores que deve ser considerada, segundo a infectologista Jessica Fernandes Ramos, membro do Núcleo de Infectologia do Hospital Sírio-Libanês.
Um importante aspecto, diz Jessica, é a mutação do vírus responsável pela doença. No ano passado, uma nova linhagem do OROV foi detectada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo a entidade, ela provavelmente surgiu no Amazonas entre 2010 e 2014, e se espalhou silenciosamente na segunda metade da década de 2010.
Pedro Vasconcelos, pesquisador emérito do Instituto Evandro Chagas (IEC), explicou em entrevista ao Estadão que mudanças climáticas, desmatamento e migrações humanas são outros fatores que contribuem para a disseminação do vírus.
Primeiras mortes
Segundo Jessica, a preocupação agora é maior do que nos anos anteriores em decorrência dos óbitos registrados. “Antes, era uma arbovirose com um curso mais benigno, sem registro de óbitos”, observa.
Considerando o número de pessoas infectadas e o total de casos que resultaram em morte, a letalidade da doença ainda é considerada baixa, mas a médica reforça que a atenção deve ser redobrada.
O que é a febre oropouche?
O vírus oropouche (OROV) é transmitido aos seres humanos principalmente pela picada do Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Ele foi detectado no Brasil na década de 1960, a partir da amostra de sangue de um bicho-preguiça capturado durante a construção da rodovia Belém-Brasília.
A doença tem dois ciclos de transmissão: silvestre e urbano. No ciclo silvestre, animais como bichos-preguiça e macacos são os hospedeiros do vírus. No ciclo urbano, os humanos são os principais hospedeiros
O maruim geralmente ocorre em agrovilas, bairros recém-construídos e áreas recém-desmatadas. Ele é diferente do Aedes aegypti, transmissor da dengue, que se dissemina mais facilmente em centros urbanos, onde há mais residências.
Por isso, segundo especialistas, é muito difícil dizer que haverá um aumento explosivo da transmissão. Mas o vírus pode sofrer uma mutação capaz de permitir sua adaptação a mosquitos da área urbana.
Sintomas
Os sintomas são similares aos da dengue. Há, porém, algumas diferenças na evolução do quadro clínico. Enquanto os pacientes com dengue podem desenvolver dor abdominal intensa e, nos casos mais graves, hemorragia interna, tais sintomas não costumam ser observados na febre oropouche.
No caso da oropouche, os quadros mais severos podem envolver o comprometimento do sistema nervoso central, ocasionando meningite asséptica e meningoencefalite, sobretudo em pacientes imunocomprometidos.
Como é o tratamento?
Ainda não há um medicamento específico para tratar a febre oropouche. Por isso, o tratamento é de suporte, ou seja, costumam ser administradas medicações para dor, náuseas e febre, além da indicação de hidratação e repouso.
Como prevenir?
- De acordo com o Ministério da Saúde, as formas de prevenção incluem:
- Evitar áreas onde há muitos mosquitos, se possível;
- Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplicar repelente nas áreas expostas;
- Manter a casa limpa, removendo possíveis criadouros de mosquitos, como potes com água parada e folhas acumuladas;
- Se houver casos confirmados na sua região, é recomendado seguir as orientações da autoridade de saúde local para reduzir o risco de transmissão.
*Fonte: Correio Braziliense
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/05/em-2025-o-brasil-registrou-10-mil-casos-e-quatro-obitos-por-oropouche-entenda/