As obras de construção do Entreposto de Pescados de São Luís, no Desterro, já se encontram em fase de conclusão e o Governo do Estado deverá proceder a inauguração das instalações modernas e funcionais no fim de dezembro. Trata-se de uma edificação ampla e confortável localizada à direita da Avenida Vitorino Freire, na altura do Portinho, no bairro do Desterro.
As novas instalações do Entreposto de Pescado vão abrigar os comerciantes atacadistas de peixes de águas doce, água salgada e mariscos, atividade exercida de forma precária em instalações provisórias no Aterro do Bacanga, para onde os comerciantes foram deslocados, saindo de uma pequena área na margem do manguezal, atrás do Mercado do Peixe, onde além de insalubre não tinha nenhuma condição de higiene, condizente com a atividade de venda de alimento in natura.
Conforme Manoel Paixão, presidente da Associação dos Distribuidores de Pescados e Mariscos de São Luís, entidade que congrega e representa os comerciantes de peixes que trabalham no Entreposto do Desterro, todo o prédio já está no ponto de receber os permissionários, faltando apenas o setor de alimentação composto por lanchonetes e restaurantes, razão pela qual não se deu ainda a entrega do prédio que estrava prevista para o dia dois de outubro fluente.
Enquanto isso, o Governo do Estado em parceria com a entidade dos trabalhadores, está promovendo um curso de capacitação destinado a todos os que irão trabalhar no novo entreposto, visando qualifica-los no que concerne ao atendimento ao consumidor e na conservação do novo prédio onde irão exercer suas funções comerciais.
Disse Manoel Paixão que há um clima de euforia e satisfação com grande expectativa entre os permissionários do novo entreposto, visto que terão ótimas condições de trabalho num ambiente limpo e extremamente higiênico, condizente com as suas atividades na comercialização de peixes e mariscos, produtos bastante perecíveis e que devem ser bem conservados para manter a qualidade e condições de consumo.
Mercado do Peixe e a concorrência desleal
O Mercado do Peixe, também localizado no Desterro, foi construído e inaugurado pela então governadora do Maranhão, Roseana Sarney, no dia 2 de agosto de 1995 e, desde então passou por uma ligeira reforma e agora está necessitando ser requalificado, visto que sua estrutura já apresenta problemas que não se agravaram ainda em face aos cuidados dos próprios permissionários.
O comerciante Carlos Campos, disse que já trabalha no Mercado do Peixe desde os 29 anos e que aquele mercado sempre operou com a comercialização de pescados e mariscos no varejo e que enfrentam sérias dificuldades na comercialização dos produtos em face à concorrência desleal praticada pelos atacadistas que operam também com o varejo, oferecendo pescados e mariscos com preços bem mais baixos, o que para os permissionários do Mercado do Peixe se torna impraticável visto que os produtos ali oferecidos são adquiridos dos próprios atacadistas, que no varejo ao consumidor, praticam os preços oferecidos aos varejistas.
Explica Carlos Campos que em função disto, os permissionários do Mercado do Peixe, em sua maioria, trabalham com a venda de pescada amarela e camarão fresco e seco, visto que estes produtos são menos oferecidos no entreposto.
O comerciante Joel Bezerra é o administrador do Mercado do Peixe. Ele disse que já comunicou às autoridades a situação da estrutura do Mercado e que está aguardando uma solução que deverá ser apresentada após a entrega do Entreposto. Ele disse que, mesmo com dificuldades, O Mercado do Peixe é o que oferece os preços mais baixos e as melhores condições de higiene na comercialização.
Geleiras do Portinho
Nos anos 60 os pescados vinham para São Luís com exclusividade por via marítima, em embarcações de porte médio que eram chamadas de “geleiras”, visto serem dotadas de caixas térmicas de fabricação artesanal. Estas embarcações traziam peixes da Baixada e do Litoral maranhense e retornavam levando barras de gelo que garantiam a conservação dos pescados.
O ponto de desembarque dos pescados era no igarapé do Portinho. Em uma área ao lado da fábrica de gelo, que embora sendo considerada área de Marinha, foi invadida e ocupada por edificações, onde funcionou o jornal O Debate e pequenos comércios e oficinas mecânicas e serralheria. O igarapé, com a instalação de casas de prostituição ao lado da empresa Oscar Frota e Companhia, foi aos poucos sendo aterrado, e com a construção do aterro do Bacanga, deixou de existir, ficando apenas o problema da redução do escoamento das águas pluviais vindas de grande parte da cidade e que por ali seguiam em direção ao mar.
Com isso, quando há ocorrência das chuvas, toda a Praça do Mercado Central fica inundada. Muito comerciantes foram obrigados a elevar os pisos de seus estabelecimentos que mesmo assim, quando ocorrem temporais, são invadidos pela água, problema que vai perdurar até que o poder público proceda a desobstrução do canal com a dragagem necessária.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2024/11/entreposto-pesqueiro-perto-de-ser-inaugurado/