
O período seco no Maranhão ocorre entre os meses de junho e dezembro, sendo mais intenso de julho a novembro. Essa época do ano é marcada por chuvas escassas, temperaturas elevadas e baixa umidade no ar. Essas condições despertam preocupação e acendem um alerta para a população quanto ao aumento de doenças respiratórias crônicas.
Embora os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) tenham apresentado queda em 2024 (com 305 óbitos entre janeiro e junho, e 121 entre julho e dezembro), os riscos respiratórios permanecem elevados para indivíduos com doenças respiratórias crônicas. A SRAG é um quadro clínico caracterizado por sintomas como febre, tosse e dificuldade para respirar, e pode ser agravada em períodos de maior secura do ar.
A falta de chuvas, o calor intenso, o ar seco e a maior concentração de poeira e pólen contribuem para o agravamento de problemas respiratórios, especialmente em pessoas com condições pré-existentes, como asma, rinite e bronquite.
Pneumologista fala sobre riscos e cuidados
Para entender melhor a questão, O Imparcial conversou com a pneumologista e professora de Medicina da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Dra. Carla Lisboa, sobre os riscos e os cuidados que devem ser tomados nessa época do ano.
“Durante o período mais seco, o nosso corpo tem a tendência a tentar equilibrar essa dificuldade que o ar apresenta. Então, produzimos mais secreção para tentar umidificar o ar que nós respiramos”, afirmou a médica. Dessa forma, pessoas que já possuem a produção de secreção mais elevada, como os pacientes com problemas pulmonares, como bronquites crônicas ou alergias, serão mais vulneráveis nesse período.
Segundo a professora, que também é Mestra em saúde coletiva, é comum o aumento no número de atendimentos médicos, principalmente por conta das crises em pacientes com doenças respiratórias crônicas. Entre os quadros mais frequentes estão asma, bronquite alérgica, rinite e inflamações nas vias aéreas superiores que podem evoluir para sinusites. “Muitas vezes, esses pacientes chegam com chiado no peito, tosse contínua e dificuldade para respirar, sintomas típicos dessas complicações”, exprimiu, Lisboa.
A especialista explica que fatores como o aumento do pólen no ar, as correntes de vento mais intensas e as queimadas, principalmente em áreas rurais, contribuem para o agravamento desses quadros. “Esse tipo de hábito que a gente vê muito aqui no nosso estado acaba sendo prejudicial para as pessoas que já têm problemas respiratórios”.
Cuidados a serem seguidos
Para a pneumologista, a automedicação nunca é recomendada e em muitos casos pode piorar o quadro do indivíduo: “O paciente que apresenta tosse alérgica e tenta se tratar no balcão da farmácia, comprando xaropes caros e ineficazes, pode estar mascarando sinais de um problema mais grave”. E continua: “Tosse, espirro e febre não são doenças, mas sim manifestações do nosso sistema de defesa. É preciso descobrir do que se trata”.
Abaixo os principais cuidados que devem ser observados durante o período seco:
– Pacientes com asma e rinite alérgica devem manter o tratamento regular com as bombinhas de ar;
– Se você tem rinite ou asma e só faz o tratamento quando os sintomas se agravam, passe a usar a medicação regularmente neste momento, antes de os sintomas se agravarem;
– Obtenha a medicação usada em momentos de crise e use-a o mais cedo possível, caso os sintomas respiratórios se iniciem;
– Evite exposição desnecessária. Se precisar sair de casa, use máscara;
– Evite locais com grande concentração de fumaça;
– Quem tiver contato direto com áreas próximas às queimadas, deve procurar atendimento caso apresente sintomas respiratórios como falta de ar, chiado no peito, tonturas e dor de cabeça;
– Beba água, a hidratação é muito importante para as vias aéreas. A atenção deve ser ainda maior com crianças e idosos pelo maior risco de desidratação;
– Se possível, lave o nariz e os olhos com soro fisiológico;
– Você pode usar umidificadores, mas eles precisam ser limpos diariamente para não acumular mofo;
– Use toalhas molhadas e bacias com água, caso não tenha umidificador;
– Suspenda a prática de atividade física ao ar livre nos próximos dias, se estiver em área de queimadas.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/07/especialista-alerta-para-o-aumento-de-crises-respiratorias-durante-estiagem-no-maranhao/