
Uma mulher é vítima de violência doméstica a cada quatro minutos no Brasil, e o acolhimento pode representar mais do que um gesto de empatia — pode ser a diferença entre o silêncio e a denúncia, entre a dor solitária e o início da reconstrução. No Maranhão, esse cenário de violência não é uma exceção: dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam que os índices de agressões físicas, psicológicas e sexuais contra mulheres seguem alarmantes, especialmente em contextos de vulnerabilidade social.
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Diante dessa realidade, um grupo de estudantes da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) decidiu lançar um olhar inovador e necessário: e se a hospitalidade, ensinada como técnica no curso de Hotelaria, pudesse ser transformada em ferramenta de cuidado e proteção para essas mulheres? É com esse propósito que será realizado, no dia 10 de julho, o evento “Hospitalidade que Acolhe: Refúgio e Reconstrução para Mulheres Vítimas de Violência”, a partir das 14h, no Auditório B da Fábrica Santa Amélia, em São Luís.
A proposta é encabeçada pelas graduandas Cidilene Costa, Eliane Mendes e Luziane Serra, como parte de seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), e busca aprofundar o debate sobre o papel da hospitalidade em contextos de violência de gênero, especialmente no primeiro contato com a vítima.
Para Eliane Mendes, a ideia nasceu da constatação de que muitos dos profissionais que recebem essas mulheres nos abrigos, unidades de saúde ou instituições de apoio vêm justamente das áreas ligadas à gestão da hospitalidade, mas muitas vezes sem o preparo emocional e ético para lidar com situações tão delicadas.
“O acolhimento, para nós da Hotelaria, é uma das principais ferramentas de trabalho. Diante dos inúmeros casos de violência doméstica relatados diariamente, pouco se fala sobre a importância de receber bem essas mulheres e de saber conduzir o primeiro contato com elas de forma adequada e sensível”, pontua a estudante.
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Segundo ela, o evento também tem como meta romper com a lógica da assistência desumanizada, propondo uma abordagem que considere a escuta ativa, o respeito às singularidades e a empatia como elementos centrais. “Quando elas são bem acolhidas, tratadas com respeito e empatia, a hospitalidade pode influenciar diretamente na decisão dessas mulheres de manter uma denúncia ou buscar ajuda. Pode ser um fator decisivo entre a vida e a morte”, alerta Eliane.
A programação contará com a presença da advogada Susan Lucena Rodrigues, diretora da Casa da Mulher Brasileira no Maranhão, referência no atendimento a vítimas de violência no estado. Durante o evento, serão discutidas práticas de acolhimento ético, com foco na valorização da diversidade das experiências femininas e na escuta qualificada. A proposta é repensar o papel dos profissionais.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/07/estudantes-de-hotelaria-realizam-evento-com-foco-nas-mulheres-vitimas-de-violencia-domestica-em-sao-luis/