
Atacado pelo governo dos Estados Unidos (EUA) nesta quarta-feira (13), o programa Mais Médicos mantém alta aprovação popular por garantir atendimento básico em mais de 4 mil municípios brasileiros e ter beneficiado, desde 2013, mais de 66,6 milhões de pessoas, segundo dados do Ministério da Saúde (MS).
Até 2018, os cubanos representavam a maioria dos profissionais do programa. Hoje, correspondem a 10% dos mais de 26 mil médicos em atividade. Cuba, reconhecida por seus indicadores de saúde pública, mantém atualmente 24 mil médicos atuando em 56 países.
O presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Rômulo Paes, afirmou à Agência Brasil que o programa é um sucesso e que a presença cubana foi essencial nos primeiros anos.
“Houve uma redução do déficit de acesso à atenção primária de cerca de 56% em vários municípios brasileiros. Houve melhoria da relação médico-paciente; na continuidade de tratamentos, porque havia muito abandono, sobretudo de doenças negligenciadas. Houve também redução da hospitalização por causas evitadas nas áreas em que esses médicos atuavam.”
No primeiro ano do Mais Médicos, a cobertura de atenção básica subiu de 10,8% para 24,6% da população. Essa etapa do atendimento responde por cerca de 80% das demandas de saúde.
A reação norte-americana veio com a revogação dos vistos de funcionários do governo brasileiro, ex-integrantes da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e familiares, sob alegação de cumplicidade com “trabalho forçado” do governo cubano por meio do programa.
Para Rômulo Paes, a decisão dos EUA é motivada por interesses políticos e não pela questão da saúde.
“Em 2013, quando o Mais Médicos começa, Cuba já tinha cooperação desse tipo com 103 países. Inclusive, Ucrânia, Rússia, Portugal, Espanha e um monte de países africanos e asiáticos. É mentira que o Brasil tinha algum tipo de excepcionalidade. Eles vão o quê? Punir os 103 países? Vão punir a Espanha, Portugal e Ucrânia? Não vão.”
O especialista lembrou que, em diversos indicadores, Cuba apresenta desempenho de saúde melhor que o dos EUA, apesar das limitações econômicas, e que a medida pode ser uma forma de retomar antigas polêmicas após críticas internas ao aumento de tarifas sobre produtos brasileiros.
Bloqueio e cooperação internacional
O ponto de atrito com Washington envolve a participação de médicos cubanos via cooperação com a Opas, vigente de 2013 a 2018. Os EUA mantêm, há mais de seis décadas, um bloqueio econômico contra Cuba, e a exportação de serviços médicos é uma das principais fontes de receita da ilha.
Desde a década de 1960, mais de 605 mil médicos cubanos trabalharam em 165 países, segundo o Ministério da Saúde de Cuba. Além do Brasil, países como Portugal, Espanha, Ucrânia, Rússia, Argélia e Chile já receberam esses profissionais.
Cubanos no Mais Médicos
Desde a criação do programa, médicos brasileiros têm prioridade nas vagas. Os estrangeiros, incluindo cubanos, ocupam os postos remanescentes, geralmente em áreas remotas ou de difícil fixação de profissionais.
Em 2014, 11,3 mil cubanos representavam 64% do total de médicos do programa. Em 2018, no fim da cooperação com a Opas, eram 8,5 mil (50%). Atualmente, há 2,6 mil cubanos no Mais Médicos (10% do total), contratados por editais abertos a estrangeiros, sem intermediação da Opas.
Aprovação popular
O programa, voltado a comunidades de difícil acesso e periferias urbanas, é bem avaliado pela população. Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) com 14 mil entrevistados revelou que 81% dos atendidos são de baixa renda, e 95% estão satisfeitos com o serviço. A nota média foi 8,4; entre indígenas, 8,7.
Estudo da Opas destacou a humanização no atendimento prestado pelos cubanos, com presença constante nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), redução no tempo de espera e estratégias para superar barreiras linguísticas.
*Fonte: Agência Brasil
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Fonte: https://oimparcial.com.br/brasil/2025/08/eua-revogam-vistos-e-reacendem-polemica-sobre-participacao-de-medicos-cubanos-no-mais-medicos/