
O Ministério Público do Maranhão realizou, na manhã desta terça-feira, 11, no auditório do Centro Cultural, em São Luís, o evento “Arte e cultura para celebrar a vida da mulher”. A programação marcou o lançamento oficial do Mês da Mulher, que engloba uma série de atividades em março para ampliar o debate sobre a proteção e os direitos do público feminino.
O evento reuniu membros e servidores do MPMA, representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, Polícia Civil, instituições da sociedade civil, além de estudantes do Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (Iema) e da Faculdade Estácio.
Ao dar as boas-vindas aos participantes, a coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Enfrentamento à Violência de Gênero (CAO-Mulher), Sandra Fagundes Garcia, destacou que o 8 de março – Dia Internacional da Mulher – simboliza a igualdade de gênero e a luta contra a discriminação. “Essa data se tornou um símbolo para igualdade de gênero. Mas, apesar de todos os avanços, enfrentamos ainda discriminação, desrespeito, intolerância e violência. Não deixemos nos intimidar, porque tudo que evoluímos até aqui foi fruto de muita luta”.
A secretária de Estado da Mulher, Abigail Cunha, lembrou a luta das mulheres sufragistas, pioneiras pela luta em defesa do direito de voto do público feminino. “Se hoje eu tenho um mandato e sou deputada estadual, eu tenho que louvar a luta daquelas que me antecederam. Mas essa luta não pode parar, ela é cotidiana e feita todos os dias”.
Para o procurador-geral de justiça, Danilo de Castro, o combate à discriminação contra a mulher deve ser um compromisso social individual e coletivo. “O Ministério Público tem lutado continuamente para garantir que a mulher seja respeitada e valorizada. A reflexão, por meio da arte, nesse evento, fortalece esse objetivo e deixa uma mensagem clara contra a violência que ainda atinge muitas mulheres”.
Após as explanações, foi firmado Termo de Cooperação Técnica entre o Ministério Público do Maranhão e o Iema visando promover iniciativas educacionais que disseminem o respeito à dignidade humana, com enfoque na igualdade de gênero. As ações terão como base a Constituição Federal e a Lei Maria da Penha com o objetivo de ampliar a atuação do projeto “Grupo Reflexivo”. O documento foi assinado por Danilo de Castro e pelo diretor-adjunto do Iema, Abenaias Almeida.
Também participaram do evento a procuradora de justiça Rita de Cassia Maia Baptista; o promotor de justiça e diretor da Secretaria de Planejamento e Gestão, Fábio Meirelles Mendes; e o presidente da Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão (Ampem), Carlos Augusto Soares.
HISTÓRIAS DO BALÃO
A programação teve seguimento com a apresentação cultural “Histórias do Balão”, feita pela atriz e cantora Cris Campos Sereia e pelas musicistas Eline Cunha e Adriana Soraia. Na dinâmica, foram distribuídos balões na plateia. Cada um tinha o nome de uma mulher de destaque. A história da homenageada era contada e uma música que remetia à vida dela era apresentada.
Dentre elas, a primeira homenageada foi a escritora maranhense Maria Firmina dos Reis, a primeira romancista negra do Brasil. Ela publicou, em 1859, o livro “Úrsula”, considerado o primeiro romance abolicionista brasileiro. Também foram destacadas as trajetórias da escritora Cora Coralina, da compositora e musicista Chiquinha Gonzaga, da cantora e compositora Iza e da cantora Alcione.
MÚSICA E VIOLÊNCIA
A titular da 3ª Promotoria de Justiça de Defesa da Mulher de São Luís, Selma Regina Souza Martins, encerrou as atividades do evento com um bate papo musical. A promotora de justiça apresentou uma série de músicas e analisou o conteúdo das letras que possuem mensagens negativas contra as mulheres ou que reforçam relacionamentos abusivos.
Um exemplo é a música “Se te agarro com outro te mato”, de Sidney Magal, lançada em 1977. Nela, o autor afirma “se te agarro com outro te mato, te mando algumas flores e depois escapo”. “E o que é isso? Feminicídio”, explicou a promotora de justiça.
A representante do MPMA apresentou uma série de músicas que naturalizam a violência contra a mulher ou reforçam estereótipos negativos contra o público feminino.
Outra música analisada foi “Faixa Amarela”, de Zeca Pagodinho, que apresenta em seus versos “mas se ela vacilar, vou dar um castigo nela, vou lhe dar uma banda de frente, quebrar cinco dentes e quatro costelas”. Segundo Selma Martins, a canção tem um discurso de violência e a favor da tortura contra a mulher.
Também foi analisada a música “Você é doida demais”, de Lindomar Castilho, lançada em 1974. “A mulher é retratada como louca. Precisamos combater esse tipo de desinformação”, apontou a promotora de justiça. Anos depois, em 1981, o cantor assassinou a ex-mulher, a cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros nas costas. “Quem ama não mata”, concluiu a Selma Martins.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/03/evento-cultural-marca-as-comemoracoes-do-mes-da-mulher/