Ex-delegado de Morros é condenado a 19 anos de prisão por peculato e concussão

O ex-delegado de Polícia Civil de Morros, Alexsandro de Oliveira Passos Dias, foi condenado a 19 anos, seis meses e 28 dias de prisão pelos crimes de peculato e concussão. A decisão foi proferida pela Justiça no último dia 5, em ação proposta pela Promotoria de Justiça de Morros em 2016. Além da pena de reclusão e multa, o réu perdeu definitivamente o cargo de delegado.

Também foram condenados Paulo Jean Dias da Silva, a 11 anos e sete meses de prisão, e Adernilson Carlos Siqueira Silva, a oito anos. Apesar das penas em regime inicialmente fechado, os três poderão recorrer em liberdade, desde que cumpram medidas cautelares.

As investigações apontaram que, entre 2015 e 2016, o grupo transformou a Delegacia de Morros em um centro de extorsões e desvios. Proprietários de veículos apreendidos eram obrigados a pagar valores para reaver os bens, sem registro oficial dos procedimentos. Em outro caso, uma família foi coagida a desembolsar R$ 1.760 como fiança, mas apenas R$ 294 foram repassados aos cofres públicos. O restante ficou nas mãos dos acusados.

O esquema também envolvia cobranças ilegais a bares e festas na cidade. Comerciantes relataram o pagamento de R$ 20 mensais para manter estabelecimentos abertos e taxas de até R$ 160 para realização de eventos, sem qualquer respaldo da Prefeitura. Em depoimento, o ex-delegado admitiu as cobranças, alegando que seriam destinadas à manutenção da unidade, versão rejeitada pelo juiz Geovane da Silva Santos, que considerou os repasses ilegais e sem comprovação.

Na sentença, os réus foram condenados a ressarcir cerca de R$ 10,4 mil aos cofres públicos, além de pagar R$ 100 mil a título de dano moral coletivo, valor que será destinado ao Fundo Estadual de Direitos Difusos.

“Ao converterem a Delegacia de Polícia, local que deveria ser um bastião da legalidade e da proteção social, em um balcão de negócios ilícitos, os acusados, liderados pela própria autoridade policial do município, abalaram profundamente a credibilidade das instituições de segurança pública e a confiança da comunidade de Morros no Estado”, afirmou o magistrado na decisão.