4 de julho de 2025
“Felipe virou vítima do próprio grupo ”, diz deputado estadual
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O deputado estadual Adelmo Soares (PSB), foi o convidado especial desta semana do Programa Palpite, na Rádio do jornal O Imparcial. Em bate papo exclusivo com o colunista político Felipe Klamt, Adelmo mergulhou no dia a dia e na acalorada disputa entre “Brandonistas” e “Dinistas”, revelou histórias e aproveitou para especular sobre o futuro.

Adelmo Soares é natural do estado da Paraíba, mas ainda criança mudou-se para a cidade de Caxias, onde construiu família e “nasceu” para a política. Foi vereador da cidade por três mantados, período em que também atuou como secretário de Trabalho e Economia Solidária (2012) e Esporte e Lazer (2013 a 2016), também em Caxias, antes de se tornar secretário de estado da Agricultura Familiar (2015 a 2018) e posteriormente ser eleito deputado estadual, cargo ao qual retornou agora em 2025, após ficar na suplência durante a tentativa de reeleição.

(Foto: Graciele Mororo)

Soares tem sua trajetória intimamente ligada ao ministro do STF Flávio Dino, por isso tem seus posicionamentos constantemente questionados pelos parlamentares do grupo oposicionista formado pelos “órfãos Dinistas” do parlamento estadual. Durante a conversa, o parlamentar deixou claro porque tem se mantido ao lado do governador Carlos Brandão e o que acha de toda essa disputa.

“Eu estive com Flávio em todas as suas candidaturas desde 2006, muitos dos que estão hoje se dizendo Dinistas, talvez não tenham feito nada do que fiz ao longo desses anos. Eu peguei sol, poeira, levantei bandeira, andei muito levando o nome de Flávio Dino por todos os cantos do Maranhão. Eu posso dizer que tenho uma participação nessa história, nesse ícone que se criou em todo o país” afirmou o deputado.

Ao relembrar sobre a trajetória de Flávio Dino, Adelmo falou sobre a importância do governador Carlos Brandão no seu início, época em que Brandão “abriu mão” do apoio do saudoso ex-deputado e ex-prefeito de Caxias, Dr Humberto Coutinho, em favor do projeto de eleger o, então juiz federal, Flávio Dino como deputado federal em 2006.

Adelmo destaca sucessivos erros do grupo oposicionista

“Se o Brandão tivesse colocado o pé na parede e não aberto mão desses votos, talvez Flávio não tivesse sido eleito e a história tivesse sido diferente” ressaltou Adelmo, que afirmou acreditar que há um equivoco na postura dos parlamentares de oposição em tentar desqualificar o governo Brandão depois de eles próprios terem desembarcado em um passado recente.

O deputado destacou que durante toda a trajetória de Dino no executivo estadual foi ladeada por Brandão, que foi o escolhido o vice em 2014, 2018 e para sucede-lo em 2022, mostrando assim uma confiança na postura do mesmo. “O próprio Flávio sempre elogiou a postura e retidão do governador Carlos Brandão, então como de repente ele não presta mais? Me parece se tratar mais de uma síndrome de abstinência de poder por parte desses parlamentares do que qualquer outra coisa” destacou.

Sobre a sucessão de Carlos Brandão, Adelmo afirmou que não tem nada contra o vice-governador Felipe Camarão, mas acredita ter sido um erro estratégico se voltar contra o governo, da qual Felipe faz parte e que os ataques são incoerentes e desconexos. “Acho que o Felipe tem sido mal instruído por alguns de seus companheiros. Porque não faz o menor sentido você passar a questionar a integridade ou mesmo a eficiência de um governo que você é o vice”.

Ruptura e impactos

Adelmo foi enfático ao apontar sucessivos erros do grupo oposicionista durante a entrevista, mas deixou claro sobre quem ele acredita que seja o responsável. Para ele, o deputado Othelino Neto, tem tomado posições incoerentes e contaminando por vezes a atuação dos demais colegas. “Como exemplo posso destacar a judicialização de tudo que é tema referente ao governo do estado. Pra mim ele erra ao culpar a atual gestão por todos os problemas do Maranhão e erra duas vezes ao querer que o judiciário decida sobre assuntos pertinentes ao legislativo estadual” pontuou.

Para o parlamentar, o grupo perde com esse rompimento e a disputa política acaba por enfraquecer amizades e relações que tanto contribuíram para o Maranhão. “Fico muito triste pelo Felipe, pois pra mim ele acaba sendo uma vítima desse sistema que eles próprios criaram e o maior prejudicado. Acho que faltou discernimento para sentar e dialogar, pois, um movimento como esse só tende a enfraquecer o conjunto” ponderou Adelmo.

Apesar dos erros, Adelmo destacou que é de Othelino Neto a posição mais confortável dentre aqueles sobrevivem dos espólios políticos deixados pelo ex-governador Flávio Dino.

“Ele conseguiu construir um capital político, elegeu a esposa senadora, graças à suplência do mandato conquistado por Flávio, e ainda conta com mais quatro anos. Tem ainda a possibilidade de se eleger deputado federal, a depender do partido em que estiver. Mas os demais colegas não tiveram a mesma habilidade e terão dificuldades nas próximas eleições. Não acredito que seja a mesma realidade dos demais companheiros, que hoje enfrentam dificuldades para consolidar e manter suas bases políticas” observou. 

Eleições 2026

A cadeira de governador também é pauta da conversa e Adelmo deixou sua impressão sobre os pré-candidatos com maior destaque no cenário atual e ressaltou os pontos fortes e fracos de cada um.

Ele acredita que o Eduardo Braide corre um risco muito grande em deixar a prefeitura para concorrer ao governo do estado, afinal ele é pouco conhecido no restante do estado, além de ter pouco tempo hábil para fazê-lo. Para Adelmo o risco em perder a prefeitura para disputar o governo, contra a “máquina estadual”, é muito grande e dificulta todo o processo. 

Lahesio Bonfim tem a vantagem de ser o único representante do nicho Bolsonarista e por consequência o representante da direita maranhense, o que, de acordo com o entrevistado, deva lhe render cerca de 20% do eleitorado.

Para o deputado Orleans encontra-se em um cenário muito mais positivo que o de Brandão há quatro anos, pois a conjuntura política tem convergido a seu favor, além de se tratar de uma figura leve, muito articulada e preparada.

Adelmo analisa que a situação de Felipe é delicada e que os recentes episódios acabaram por enfraquecer sua pré-candidatura, ao passo que Orleans cresce e aglutina apoios em todo o estado. O parlamentar aposta que nem mesmo no PT a candidatura deve ser defendida, diante de uma candidatura apoiada pelo governador do estado.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/07/felipe-virou-vitima-do-proprio-grupo-diz-deputado-estadual-adelmo-soares/