2 de agosto de 2025
Fernando Teixeira: A mente inovadora por trás dos grandes eventos
Compartilhe:

Por trás de uma das agendas culturais mais movimentadas do mês de agosto em São Luís está a ousada iniciativa da Dux Produções, em parceria com a filial Pulse Entretenimento: a criação da Arena Dux, um novo espaço cultural localizado no Espaço Reserva, anexo ao Shopping da Ilha. O nome que mais se destaca nos bastidores é o de Fernando Teixeira, produtor que há quase duas décadas atua no setor e, nos últimos nove anos, está à frente da Dux Produções. Em entrevista exclusiva ao O Imparcial, Fernando abriu o jogo sobre a trajetória da produtora, o surgimento da Pulse e o significado da Arena Dux, que vai muito além de um simples palco para shows.

Idealizado como um verdadeiro ponto de encontro entre gerações, o espaço surge como um centro de experiências sensoriais e afetivas, onde arte, música e entretenimento se unem para celebrar o que o Maranhão tem de melhor. A proposta da Arena Dux é ambiciosa e necessária em uma cidade que, nos últimos anos, viu seus espaços culturais tradicionais diminuírem diante de desafios econômicos, mudanças no perfil do público e os impactos da pandemia. Nesse contexto, o novo ambiente é uma resposta que traduz um renascimento, produzida 100% por mãos maranhenses, que aposta na inovação sem abrir mão das raízes locais. “A gente não tá só colocando um palco com iluminação. A Arena Dux é sobre criar memórias, é sobre olhar para os artistas locais com respeito e dar a eles uma estrutura digna, num ambiente feito com amor e cuidado”, ressalta Fernando.

Sentimento genuíno e determinante

A grande sacada da Dux Produções vem de um sentimento genuíno e determinante: o incômodo. Um incômodo de quem ama a cidade e percebe a ausência de um mercado cultural vibrante, diverso e respeitado. “A Dux surgiu de um incômodo nosso com relação ao mercado de São Luís”, diz Fernando, que identificava a carência de grandes artistas nacionais na capital maranhense. “A gente observava que existiam vários artistas que não vinham para a nossa cidade.” Essa lacuna incomodava não apenas o público, mas também toda a cadeia produtiva do entretenimento. E foi a partir desse olhar crítico que a produtora começou a se firmar.

Mesmo durante o período difícil da pandemia de Covid-19, quando o setor cultural foi um dos mais afetados, Fernando e sua equipe não pararam. “No período da pandemia, a gente modificou o nosso portfólio, estudou o mercado, entendeu o que estava carente na cidade”, lembra. “Mesmo com o setor parado, a gente estava pensando o que seria do futuro do entretenimento na capital. Como empreendedor incomodado, a gente se preparou, estudou, entendeu o que a gente realmente estava precisando e a gente acertou em cheio.” O ponto de virada veio em 2022, com um evento grandioso: o show do humorista Whindersson Nunes no Estádio Castelão. “2022 eu acho que foi o marco pra gente. A gente fez um evento muito grande no Estádio Castelão, que foi o Whindersson Nunes. Esse show foi um divisor de águas, deu uma repercussão muito grande da produtora”, relata Fernando, com a convicção de quem sabia que dali em diante nada seria igual.

A força da Dux, segundo Fernando, vem de uma escuta ativa ao público nas redes sociais e nos pós shows, em que o empresário afirma conversar com o público e ouvir suas experiências. “A gente tem uma escuta muito ativa para entender o que realmente o público está aspirando. O direct é nosso principal canal. A nossa equipe responde todos. A gente recebia muitas mensagens pedindo artistas e a gente ia atrás.” Esse diálogo constante permitiu que a produtora promovesse verdadeiros resgates históricos na cidade. “Djavan estava há 10 anos sem vir. Marisa Monte, 8. Lulu Santos, quase 10 também. Ana Carolina, que lançamos esse ano na Arena, estava há 8 anos sem vir. É inadmissível artistas tão importantes não terem periodicidade de shows aqui.”

Reposicionamento de São Luís no mapa cultural do Brasil

A nova etapa da Dux, agora com a Pulse Entretenimento, e a criação da Arena Dux representam não apenas uma expansão comercial, mas um reposicionamento de São Luís no mapa cultural do Brasil. “Nosso propósito maior é recolocar São Luís na rota dos grandes shows e turnês nacionais”, enfatiza Fernando. E essa mudança já é perceptível no calendário das turnês. “Hoje, a gente não tem mais dificuldade de encontrar artista pra vir. Ana Carolina, por exemplo, estamos em terceiro lugar na turnê: só atrás de São Paulo e Rio de Janeiro. Dominguinhos com JP, João Gomes e Mestrinho também nos colocaram em segundo lugar na ordem cronológica. Hoje a gente está liderando o topo das turnês, quando antigamente nem aparecíamos nelas. Isso se dá ao carinho, à aceitabilidade que o público tem com a nossa marca e com os shows que executamos.”

Screenshot

Mas a construção dessa imagem não é só resultado de estratégias de marketing. Existe um vínculo emocional que a Dux se empenha em preservar. “Essa proximidade do público, não só com o artista, mas com a marca, é muito importante”, explica. E essa identidade tem um nome: brasilidade. “A Dux tem muito essa cara de brasilidade. Temos um respeito muito grande pelo que temos de melhor no nosso país. A nossa brasilidade está aflorando de forma muito perene. Somos a única produtora da cidade que faz esses shows desse segmento.” Nas redes sociais, o prestígio é confirmado pelos números. “Temos a grata satisfação de ser o selo de entretenimento mais bem posicionado nas redes sociais. Temos o maior número de menções positivas nas redes. Tudo isso se traduz da entrega que fazemos para o nosso público. Estamos acertando nos nomes que trazemos. A equação é muito bacana. Estamos muito felizes por esse momento.”

A programação da Arena Dux para agosto é uma maratona cultural de peso, com shows como Afropunk (02/08), Arena Rock (09/08), Dominguinhos com JP, João Gomes e Mestrinho (10/08), Raphael Ghanem (15/08), Ana Carolina (16/08), A Origem dos Rosas (17/08), Delacruz (22/08) e a turnê de Liniker (23/08). Todos os eventos acontecem no Espaço Reserva, ao lado do Shopping da Ilha, bairro Maranhão Novo — local escolhido estrategicamente por sua localização e estrutura.

Para Fernando, a Arena não é apenas um palco, mas um símbolo da força e vitalidade da música brasileira. “O país vai ter mudanças no setor de entretenimento, mas a música brasileira ainda está muito forte, muito pujante. O projeto Dominguinhos com JP e Mestrinho, que vai estar conosco no dia 10 de agosto na Arena Dux, é o puro suco da brasilidade. Isso é o resultado de que a arte brasileira está viva. Temos esse propósito na Dux Produções.”

Com o crescimento da empresa, a segmentação de atuação foi necessária. “A Dux há muito tempo não é só música. Ela já traz shows de stand-up, comédias, palestras. Em 2025, trouxemos novas ideias e separamos isso com a Pulse Entretenimento. Ela foi lançada oficialmente há quatro meses. A Pulse vai cuidar do ramo de entretenimento e a Dux vai seguir com música e shows musicais.” Esse trabalho, antes de técnico, é sobretudo passional, e vai além do lucro. “A gente não tá só colocando um palco com iluminação. A Arena Dux é sobre criar memórias, é sobre olhar para os artistas locais com respeito e dar a eles uma estrutura digna, num ambiente feito com amor e cuidado.”

A Arena Dux é também um motor econômico, gerando mais de 500 empregos, diretos e indiretos, e movimentando pequenos empreendedores locais. “Para a gente é uma satisfação muito grande, porque isso é mais do que show, é mais do que entretenimento, é mais do que cultura, é também emprego, é renda”, afirma Fernando. Ele ressalta o papel da cadeia produtiva, que envolve ambulantes, pessoas da alimentação, limpeza e bares.

Sobre a cena cultural local, o produtor não economiza elogios nem compromisso. “São Luís é uma caverna cheia de pedras preciosas precisando serem lapidadas.” O espaço é destinado tanto a grandes artistas nacionais quanto a talentos da cidade. “Nossos palcos recebem grandes artistas nacionais, mas também são vitrine para os artistas da cidade.” O compromisso é genuíno: “Já colocamos em nosso palco bandas que nunca tiveram oportunidade e que, depois disso, se desenvolveram e receberam outros convites.” Um projeto de mapeamento está em curso, com o objetivo de criar um banco de dados de artistas locais. “É mais do que um compromisso, é uma responsabilidade muito grande.” Fernando enfatiza que artistas locais recebem a mesma estrutura e respeito que os nacionais.

A segurança, tema crucial para o público, é prioridade absoluta. “Até hoje, e espero que assim permaneça, a Dux é a única produtora que tem zero registro de problemas internos.” Nunca houve ocorrência policial nos eventos da produtora, resultado de um trabalho rigoroso de prevenção. “Temos detectores de metais na entrada, proibimos o acesso de armas de fogo e reforçamos a segurança.” Além disso, o público é reconhecido pela educação e respeito, o que contribui para um ambiente controlado e seguro. “A segurança é hoje extremamente importante em qualquer ambiente, principalmente no entretenimento. Você quer ir para um lugar seguro, e não sair de casa para encontrar um transtorno.” Fernando aproveita para agradecer a equipe de segurança e as forças públicas que colaboram na proteção dos eventos.

Por trás de toda essa estrutura está a realização pessoal de Fernando, que destaca momentos emocionantes vividos nos bastidores. “O show que me pegou mesmo de jeito foi o da Marisa Monte, em todos os aspectos. Eu não esperava que o show fosse me surpreender tanto quanto me surpreendeu.” Ele relembra o encontro da artista com um compositor maranhense autor de uma de suas músicas, um momento que, apesar de não ter sido registrado em vídeo, permanece na memória da equipe. O produtor revela ainda desejos para o futuro, entre eles trazer Sandy, artista muito requisitada pelo público local. “Já tivemos conversas muito próximas, mas não foi possível concretizar o show por vários fatores. Existe uma relação muito afinada, de respeito. E um dia trazer a Sandy será um marco para a gente.”

O carinho com artistas e público é constante. “O bastidor dos nossos shows costuma ser algo muito surpreendente. A gente tem um carinho muito forte com os artistas que produzimos.” Como exemplo, destaca Lulu Santos, que teve um show impecável e surpreendeu positivamente a equipe. A relação construída com o público vai além do marketing. “O público já abraça muito o artista do momento, mas a nostalgia é diferente. Nem sempre o que está no topo das plataformas é o que tem solidez de público.” Fernando destaca que a equipe trabalha com dados reais para entender gostos, faixa etária e classe econômica dos frequentadores. “Mais do que fazer show, a gente trabalha com as emoções das pessoas.” A Dux tem um propósito claro: “Não é propósito da Dux fazer show por fazer, só para dizer que trouxe o artista da moda. Queremos fazer história com o nosso público.”

Além do aspecto cultural, o trabalho da produtora tem uma forte dimensão social. “Esse ano, esperamos entregar 40 toneladas de alimentos arrecadados nos shows.” A maior parte dos eventos funciona com ingresso solidário, e os alimentos arrecadados são destinados a comunidades carentes e projetos sociais. “A gente tem várias responsabilidades: cultural, social, econômica. Famílias dependem da renda gerada pelo entretenimento. A indústria criativa movimenta várias cadeias. E ver tudo funcionando é muito gratificante.” Fernando conclui que, apesar da importância do lucro, muitas recompensas do trabalho são intangíveis. “Quando acaba o show, eu vou para o meio da arena conversar com o público. É ali que a gente ouve as histórias.” Ele cita momentos emocionantes, como uma filha que levou a mãe a um show do Roupa Nova em homenagem ao pai falecido.

A produtora está aberta a críticas e sugestões. “A gente quer ouvir o público. Críticas, elogios, pedidos de artistas… Estamos abertos. Não fugimos de problemas. Se algo aconteceu no seu show, nos procure. A gente quer melhorar.” O feedback alimenta a energia da equipe e reforça o vínculo com o público, que costuma deixar muitas mensagens positivas nas redes sociais. Apesar dos desafios inerentes ao mercado, a Dux se mantém sólida e resiliente. “Fazer show é muito difícil. É uma das atividades culturais de maior risco.” Mesmo assim, a produtora comemora quase 10 anos de trajetória e já prepara novas surpresas para o público.

A programação de agosto da Arena Dux é um reflexo da diversidade cultural da cidade. “Dia 2 de agosto temos o AfroPunk, pela primeira vez em São Luís, com Mano Brown, Duquesa, Crioula Beat, Núbia e Soraia Sampaio. Dia 9 é o Arena Rock com Charlie Brown Jr., Fresno, Edu Falaschi e a banda maranhense Souvenir. No dia 10, temos a turnê Dominguinhos com João Gomes, JP e Mestrinho. Dia 15, Rafael Portugal com stand-up. No dia 16, a turnê de 25 anos de Ana Carolina — São Luís foi a terceira cidade em vendas no Brasil. Dia 17, o show ‘A Origem dos Rosas’ para o público infantojuvenil. Dia 22, a turnê Vinho, de Delacruz. E no dia 23, Aline com o show ‘Caju’, que tem lotado cidades por todo o país.” Para Fernando, isso demonstra maturidade do público local. “Temos uma salada cultural: música, stand-up, rock, MPB, reggae, trap… É para todos os públicos. São Luís está madura para isso. A Arena Dux veio para marcar a história da cidade e da Dux Produções.”

Para quem quiser acompanhar, a produtora mantém o site com toda a programação atualizada, ingressos e canais para sugestões. “Nosso site é como um cardápio: www.duxproducoes.com. Tem shows da Dux e da Pulse. Lá você encontra tudo: datas, locais, links de compra, e pode até sugerir artistas.” O convite final fica para o público: “Você que está ouvindo: entre no @duxproducoes ou @pulse_entretenimento e diga quem você quer ver aqui.”

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/08/fernando-teixeira-a-mente-inovadora-por-tras-dos-grandes-eventos/