O novo romance do escritor e artista visual maranhense Jozias Benedicto chega às livrarias pela Caravana Grupo Editorial como uma poderosa narrativa sobre memória, segredos familiares e heranças simbólicas do Brasil do século 20.
Aos 74 anos, Jozias reafirma sua voz poética na literatura brasileira contemporânea, mesclando realismo fantástico e refinamento estilístico para explorar as contradições de um país dividido entre o atraso e o desejo de modernidade. Romance finalista do Prêmio LeYa Portugal de Literatura 2024. “As vontades do vento” é, ao mesmo tempo, uma saga familiar, uma fábula de redenção e um exercício de linguagem de um autor que despontou tardiamente, mas cuja escrita se impõe pela força e maturidade.
O autor, que já publicou nove livros, também já conquistou outras premiações como o Prêmio de Literatura do Governo de Minas Gerais, o Prêmio da Fundação Cultural do Maranhão e o Prêmio de Literatura do Estado do Pará.
Vozes que se cruzam, memórias que se desfazem
Dividido em três partes — O Interior, A Travessia e A Capital — o romance reúne 49 capítulos narrados em primeira pessoa por diferentes personagens. O núcleo central é composto pelo pai, mascate (vendedor de porta em porta), a mãe e os três filhos — Joaquim, Pedro e Bento — além de figuras que orbitam o cotidiano da família, como Mocinha, a empregada, e Elisa, a cafetina.
A avó materna e seu irmão, o já falecido Monsenhor — tido como santo no vilarejo — são peças-chave no desenlace do enredo, situado em uma pequena cidade do norte do país, nos anos 1950.
O ponto de partida é a morte da mãe e a promessa dos filhos de cumprir seu último desejo. Antes da viagem, porém, o livro retorna ao passado e desvenda o percurso da família: da ascensão social vertiginosa à desolação que precipita a queda dos herdeiros.
A estrutura polifônica é o grande trunfo de “As vontades do vento”. Ao alternar os narradores, Jozias costura as pontas soltas e revela tanto o contexto dos acontecimentos quanto as motivações de cada personagem. Os episódios vistos sob diferentes ângulos ampliam a força dramática das cenas e sustentam um ritmo ao mesmo tempo compassado e instigante. O desfecho, de impacto emocional, confirma a sagacidade e a singularidade do escritor-artista.
Trajetória consolidada e uma coleção de prêmios
Nascido em São Luís, em 1950, Jozias Benedicto mudou-se aos 15 anos para o Rio de Janeiro, onde viveu a maior parte da vida. Entre 2006 e 2010, residiu em Brasília e, desde 2022, divide seu tempo entre o Brasil e Lisboa. Formado em Tecnologia da Informação, atuou na área entre 1970 e 2010. Após os 60 anos, decidiu dedicar-se integralmente às artes — especialmente à interseção entre literatura e artes visuais.
Cursou duas pós-graduações na PUC-Rio — Literatura, Arte e Pensamento Contemporâneo (2014-2015) e Corpo e Palavra nas Artes da Cena e da Imagem (2021-2022) — e trabalhou como editor na Apicuri (2010–2016). Também atua como curador e produtor de textos críticos para exposições de arte e escreve crônicas e resenhas para o portal luso-brasileiro Estrategizando.
Estreou na literatura em 2013 com Estranhas criaturas noturnas (Editora Apicuri) e, desde então, publicou nove livros, entre contos, poesia e romance. Acumula distinções como o Prêmio de Literatura do Governo de Minas Gerais, Prêmio Moacyr Scliar, Prêmio da Fundação Cultural do Estado do Maranhão e do Prêmio de Literatura do Estado do Pará, além de ter sido finalista do Prêmio Sesc de Literatura e do Prêmio LeYa Portugal com o romance agora lançado.
“Ainda que o livro tenha me ajudado a superar traumas, não é o efeito terapêutico que me move como artista. O que importa é saber se a obra atinge o leitor”, pondera.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/12/finalista-do-premio-leya-portugal-2024-maranhense-jozias-benedicto-lanca-as-vontades-do-vento/
