
A permanência do ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), no governo Lula já tem prazo definido para acabar. O Partido Progressista (PP) estendeu até o próximo domingo (5) o limite para que o deputado federal licenciado entregue o cargo. A decisão encerra semanas de impasse sobre a participação da legenda na gestão petista e reflete a tensão crescente na relação do Palácio do Planalto com os partidos do Centrão.
Inicialmente, o prazo terminaria nesta quarta-feira (1). No entanto, a cúpula do PP decidiu alongar o tempo para permitir uma transição considerada “menos traumática”. Apesar de integrar o ministério e manifestar apoio à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2026, Fufuca é visto como um dos quadros mais próximos do presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), principal articulador da saída da legenda do governo.
De acordo com reportagem de O Globo, dirigentes do partido revelam que Nogueira e Fufuca conversaram sobre a decisão de devolver os cargos e que o ministro já teria sinalizado internamente que seguirá a orientação. “A expectativa é de que ele deixe o ministério até domingo, dentro do prazo estabelecido”, relataram aliados próximos. Procurado pela imprensa, Fufuca não quis se pronunciar.
A saída do PP faz parte de um movimento coordenado com o União Brasil, com quem negocia a formação de uma federação partidária. No início de setembro, ambas as siglas firmaram a exigência de que seus filiados em cargos no Executivo pedissem desligamento até o fim do mês, sob pena de expulsão.
O União Brasil, por sua vez, decidiu antecipar esse processo. O ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA), comunicou ao presidente Lula que apresentará sua demissão, mas anunciou que permanecerá no comando da pasta até a próxima quinta-feira. Sabino tenta garantir a sucessão da sua aliada, Ana Carla Machado Lopes, atual secretária-executiva do ministério. O posto, no entanto, é alvo de disputa entre outras forças da base: o PT pressiona para indicar Marcelo Freixo, presidente da Embratur, enquanto o PDT trabalha pelo nome do deputado André Figueiredo (CE).
A decisão do União ocorre em um momento em que o partido enfrenta turbulências internas. Reportagens do UOL e do ICL revelaram que aeronaves ligadas ao presidente da sigla, Antonio Rueda, teriam sido utilizadas pelo PCC. O dirigente negou envolvimento e reagiu. “Repudio com veemência qualquer tentativa de vincular meu nome a pessoas investigadas ou envolvidas com a prática de algum ilícito”, declarou. Em nota, o partido expressou “solidariedade” ao seu presidente, atribuindo os vazamentos a tentativas de desgastar a legenda.
Esses episódios somam-se às críticas do próprio Lula, que em reunião ministerial de agosto já havia dito não gostar pessoalmente de Rueda e reclamado da postura de Ciro Nogueira. O presidente petista chegou a acusar o senador piauiense de articular sua viabilidade como vice em uma chapa presidencial encabeçada por Tarcísio de Freitas (Republicanos), atual governador de São Paulo.
Na mesma ocasião, Lula também se queixou de que ministros do Centrão não o defendem em eventos políticos em que o governo é atacado. Segundo relatos, o presidente afirmou que eles poderiam deixar a Esplanada “se assim desejassem”, o que abriu caminho para a atual crise com os partidos.
Com a iminente saída de André Fufuca e Celso Sabino, o governo Lula deve enfrentar uma reacomodação política delicada. O espaço deixado pelos partidos do Centrão abre uma disputa direta entre siglas da base histórica do presidente, como PT e PDT, e pode redesenhar a correlação de forças dentro da Esplanada dos Ministérios.
Fonte: https://oimparcial.com.br/politica/2025/10/fufuca-tem-ate-domingo-para-sair-de-ministerio/