14 de junho de 2025
Gás Natural se Consolida como Combustível da Transição Energética no
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O Brasil vive um momento estratégico no cenário da transição energética. Enquanto fontes renováveis como solar e eólica despontam como protagonistas do futuro, a realidade atual impõe barreiras à substituição imediata de combustíveis fósseis nas indústrias.

Nesse contexto, o gás natural se consolida como o combustível da transição, com papel essencial para descarbonizar a matriz energética nacional sem comprometer a competitividade.

A substituição imediata de fontes fósseis por energias renováveis ainda esbarra em gargalos estruturais. Grande parte do parque industrial brasileiro não está preparado para operar com energia exclusivamente solar ou eólica. A conversão exige investimentos elevados, redesenho de processos produtivos e depende de estabilidade no fornecimento de energia — o que ainda não é garantido nas renováveis intermitentes, explicam especialistas em energia do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Gás: solução viável e imediata

Com maior estabilidade, menor custo de adaptação e emissão de até 70% menos CO₂ do que o carvão e 20% menos que o óleo combustível, o gás natural tem se apresentado como solução intermediária para reduzir emissões e assegurar segurança energética.

Dados do Ministério de Minas e Energia indicam que o gás responde hoje por cerca de 12,1% da matriz energética brasileira (2023). Sua ampliação é estratégica para viabilizar a chamada “transição para a transição”, expressão usada por executivos da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás). A entidade tem defendido que o país amplie o uso do gás como etapa essencial até que as renováveis estejam plenamente integradas ao sistema.

Infraestrutura e data centers: gás como vetor de competitividade

Um dos principais argumentos a favor do gás natural é sua capacidade de suprir demandas de alta intensidade energética, como a de data centers. A crescente digitalização da economia e o avanço da inteligência artificial têm impulsionado o investimento nesse setor, que já representa cerca de 1,5% do consumo global de eletricidade — podendo chegar a 8% até 2030, segundo relatório da International Energy Agency (IEA).

Especialistas defendem que o Brasil tem potencial para se tornar hub de data centers na América Latina, mas precisa garantir fornecimento estável, com custo competitivo e baixa pegada de carbono. Segundo eles, o gás natural é o único combustível capaz de atender essas três exigências atualmente.

Segundo a Abegás, diversos estados já sinalizam com políticas para atrair investimentos em data centers com base na garantia de suprimento de gás canalizado. Trata-se também de uma oportunidade de geração de empregos, renda e modernização da infraestrutura energética, defende a associação.

O uso do gás como matriz energética também tem sido defendido pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico e Programas Estratégicos (SEDEPE), no apoio a projetos estruturantes em implantação no Maranhão; a exemplo da ZPE / Zona de Processamento de Exportação do Maranhão, que vai atrair projetos como Data Centers, Refinaria entre outros.

Em recente participação na 3ª Edição da Feira International Bahia Oil & Gas Energy 2025 (BOGE), a SEDEPE foi representada pelo Secretário Adjunto José Domingues Neto, que palestrou no painel “Governança e Competitividade”. Domingues apresentou as ações do time de Governança de Óleo e Gás do Maranhão, em ação desde 2023 e reafirmou a urgência do Estado contar com novos empreendimentos que ampliem e garantam a oferta de gás como combustível de transição no Estado. “Existem projetos em implantação para ampliar a oferta de gás natural no Estado, e que precisam ser viabilizados o quanto antes; para garantir competitividade e viabilidade energética para grandes empreendimentos futuros. O Maranhão não pode ficar para trás nesse processo” afirmou o Secretário Adjunto da SEDEPE.

Movimento estratégico do setor

A movimentação da Abegás e de diversos players do setor busca ampliar o acesso ao gás, tanto via infraestrutura de dutos quanto por gás natural liquefeito (GNL), com apoio de terminais de regaseificação.

Paralelamente, tramita no Congresso o projeto de lei do novo marco legal do gás, que visa aumentar a concorrência no setor e atrair capital privado. A expectativa é que a regulamentação estimule o surgimento de novos fornecedores e a redução do custo do insumo.

Gás como etapa, não como fim

Embora o gás natural não seja a solução definitiva para uma economia neutra em carbono, especialistas concordam que ele é o passo mais lógico e imediato para reduzir emissões sem provocar rupturas. O gás deve ser visto como um aliado da transição, não um adversário da sustentabilidade, nem matriz definitiva.

O futuro da energia no Brasil é renovável — mas a ponte que leva até lá será pavimentada com gás natural. Com investimentos consistentes, marco regulatório estável e políticas públicas claras, o país poderá usar essa fonte como alicerce para um crescimento sustentável, competitivo e alinhado às metas climáticas globais.

Fonte: https://oimparcial.com.br/economia/2025/06/gas-natural-se-consolida-como-combustivel-da-transicao-energetica-no-brasil/