
Gê Viana, natural do município maranhense de Santa Luzia, é a primeira mulher maranhense a integrar a Bienal de São Paulo. Nesta 36ª edição do salão de artes, Gê, que vive e trabalha em São Luís, se inspirou nas tradicionais radiolas de reggae para compor suas obras.
Formada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a artista produz colagens e fotomontagens, tanto analógicas quanto digitais, inspiradas em acontecimentos da vida familiar e do cotidiano, confrontando a cultura colonizadora hegemônica e os sistemas de arte e comunicação.
“Penso em um modo de criar com a história do meu povo Anapuru e da história brasileira, trazendo outras narrativas: inventários que trabalhem possibilidades mais felizes e dignas, pois, sinto que nossa felicidade sempre esteve em risco. O cotidiano afro-diaspórico e indígena do território rio maranhense é parte principal das minhas obras”, afirma Gê Viana.
Desafiando narrativas coloniais, as obras de Gê Viana partem de um processo de arqueologia visual, em que a artista recorta e remonta pedaços da história, e os reorganiza, construindo outras narrativas para a história e sonhando com outros vislumbres do futuro. Seu trabalho se caracteriza por colagem manual, incorporando objetos, signos, imagens de arquivos, fotografia, pintura e escultura. A participação da artista na mostra, marca, também, um novo momento em sua carreira, a sua representação numa colaboração entre a Lima Galeria e a Mitre Galeria.
Reggae como inspiração
As radiolas do Maranhão, as batidas do reggae e os tambores dos terreiros emergem como camadas sensíveis em suas produções, ressoando memórias que desafiam o silenciamento histórico. A fusão entre arquivo e imaginação revela uma busca por continuidades interrompidas, por narrativas soterradas que insistem em emergir.

Nesta 36ª Bienal de São Paulo, Gê Viana apresenta um projeto inédito, “A colheita de Dan”, título da obra que a artista apresenta, traz para a Bienal a tradição maranhense das radiolas: a artista cria uma parede de caixas de som que inscreve a festa como símbolo de resistência, a felicidade como imperativo político e o afeto como ferramenta de denúncia.
Bienal de São Paulo
A 36ª Bienal de São Paulo será aberta, oficialmente, neste sábado, 6 de setembro e fica em cartaz até 11 de janeiro, no Pavilhão Ciccillo Matarazzo. O tema é “Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática”, inspirado em poema da escritora Conceição Evaristo.

A equipe conceitual é composta pelo curador geral Prof. Dr. Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, pelos cocuradores Alya Sebti, Anna Roberta Goetz e Thiago de Paula Souza, pela cocuradora at large Keyna Eleison e pela consultora de comunicação e estratégia Henriette Gallus. O evento, neste ano, busca reimaginar a humanidade como um agente de um processo contínuo de ação, encontro e transformação.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/09/ge-viana-e-a-primeira-mulher-maranhense-a-integrar-a-bienal-de-sao-paulo/