
Instituído em 1931 por decisão da Associação Brasileira da Imprensa (ABI), o Dia do Jornalista é uma homenagem ao médico e jornalista Giovanni Badaró, morto em 7 de Abril de 1830 por líderes políticos, como consequência de suas denúncias contra a corrupção e os abusos de poder do governo da época.
Oficializada pouco mais de um século depois da morte de Badaró, a data é um dia de celebração e reconhecimento dos profissionais que dedicam as suas vidas à informação, à verdade e à liberdade de expressão.
Em um mundo em constante mudança, a profissão do Jornalismo conquistou muitas prerrogativas, no entanto, em uma quantidade proporcional ao número de desafios enfrentados por estes comunicadores.
No que diz respeito à evolução, o encontro intergeracional da profissão surge como causa e consequência do seu desenvolvimento, dado que a atividade laboral em questão é constante e evolui de acordo com as necessidades da época na qual é exercida.
Pensando nisso, O Imparcial juntou duas de suas profissionais, Patrícia Cunha, jornalista há 27 anos; e Ana Carolina, estagiária e acadêmica de Jornalismo, em um bate-bola para discutir as principais dores e delícias da profissão, ao longo do tempo. Confira!
Quais eram os principais desafios do jornalismo para um iniciante na profissão em 1998? E quais são hoje?
Patricia Cunha: O jornalismo sempre foi e continua desafiador em qualquer época para qualquer profissional iniciante. Para mim, em particular, recém formada, saindo da universidade, conseguir ser inserida no mercado de trabalho e fazer o meu nome enquanto profissional, no meio de tanta gente boa, foi o grande desafio.
Ana Carolina: Eu acho que para mim, é se destacar em um meio que é recheado de grandes referências e profissionais talentosos. Como fazer diferente para se destacar, mas ao mesmo tempo manter o jornalismo real, sabe? Além disso, acredito que saber identificar a veracidade das informações, hoje em dia tá correndo muitas fake news por aí. O trabalho do jornalismo em investigar a veracidade das fontes aumentou.
Qual a relação entre jornalismo e tecnologia?
Patricia Cunha: Internet, celulares ainda estavam se aperfeiçoando. Estávamos deixando as tecnologias analógicas para mergulhar no mundo digital. Em 1998, quando o Brasil ainda engatinhava na era da internet, a redação de O Imparcial se modernizava com novos computadores para se conectar com o mundo. Mas basicamente a reportagem ia crua e nua apurar os fatos na rua. E se naquela época já éramos bons em levar informação com compromisso e credibilidade, imagine com toda a tecnologia que foi aparecendo ao longo dos anos, até chegarmos a 2025?
Ana Carolina: É uma via de mão dupla, uma complementação. Mas claro, como tudo na vida, precisa de equilíbrio. A tecnologia não pode dar a humanização para um texto jornalístico que só o jornalista consegue, mas pode ajudar na procura de fontes e informações.
O que te fez escolher o jornalismo?
Patricia Cunha: Paixão. Logo que me alfabetizei, lia histórias de cordel para minha bisavó paterna e as amigas dela que não sabiam ler. E aquilo me encantava, me achava importante. Mal sabia que ali já era seduzida pelo mundo das letras, da escrita. Entrar para a faculdade foi um sonho realizado, e fazer jornalismo, mais ainda. Comunicar foi o que sempre quis fazer.
Ana Carolina: Sempre gostei de história, política e causas sociais. E comecei a observar que muitas pessoas não tinham noção do que aconteceu antes delas, ou no presente ou no que poderia vir a acontecer. Vi no jornalismo uma oportunidade de trazer a informação correta e ajudar essas pessoas a entenderem o momento em que elas estão vivendo.
Como você enxerga as mudanças na forma de fazer jornalismo ao longo do tempo?
Patricia Cunha: Enxergo com positividade e receio ao mesmo tempo. O fazer jornalismo, o jornalismo raiz de apurar, ouvir fontes, consultar todos os envolvidos, está dando lugar, muitas vezes, ao Control C+Control V. Com a internet e as suas várias possibilidades, está tudo aí, fácil de ser consultado. O fazer jornalismo, de verdade, não muda, mesmo com as modernas tecnologias. O que muda é a forma de informar. E quem informa com credibilidade, atenção, responsabilidade…Continua fazendo jornalismo.
Ana Carolina: Enxergo de forma positiva. Hoje nós temos muitas ferramentas que ajudam a tornar nosso trabalho mais rápido e fácil, mas acredito que tem que haver uma cautela para que o jornalismo não perca sua essência e fique muito envolvido em se adaptar às evoluções tecnológicas.
O que significa ser jornalista para você, considerando o contexto da sua geração?
Patricia Cunha: Quem atua na profissão desde a década de 1990, como eu, presenciou muitas mudanças. A velocidade da internet, a modernização de computadores e celulares, as possibilidades de falar com a fonte: mensagens de texto, aplicativos de mensagens, áudios, vídeos, tudo isso facilitou muito o trabalho da apuração, do jornalismo. Então vejo que o jornalista da época que não tinha essas possibilidades, foi forjado na insistência, na resiliência e no amor pela profissão.
Comecei a observar que muitas pessoas não tinham noção do que aconteceu antes delas
Ana Carolina: Considerando o contexto da minha geração, ser jornalista para mim é trazer a informação para aqueles que não sabem, é esclarecer um assunto para aqueles que estão confusos, é mostrar um ponto de vista que pode mudar a visão e a realidade do outro. Em um momento tão caótico que nossa sociedade está vivendo, de informações falsas, polarização, violência, o jornalismo nunca foi tão importante e necessário como agora.
Fonte: https://oimparcial.com.br/entrevista/2025/04/geracoes-celebram-o-dia-do-jornalista/