Governo Lula cria comitê para reagir a tarifa de 50% imposta por Trump a produtos brasileiros

O governo federal anunciou a criação de um comitê interministerial para articular a resposta brasileira à tarifa de 50% imposta recentemente pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos de origem brasileira. O grupo será coordenado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Geraldo Alckmin, e reunirá representantes da indústria e do agronegócio a partir desta terça-feira (15), em Brasília.

O comitê inclui representantes da Casa Civil, do Ministério da Fazenda e do Ministério das Relações Exteriores, além do MDIC. Outros ministérios participarão conforme o setor envolvido nas negociações.

“Essa é a primeira conversa, mas vamos dar continuidade a esse trabalho. Também vamos dialogar com empresas americanas e com a Câmara de Comércio Brasil-EUA (Amcham)”, afirmou Alckmin.

As reuniões ocorrem na sede do MDIC. Pela manhã, às 10h, serão ouvidos representantes da indústria, especialmente setores com forte relação comercial com os EUA, como aviação, aço, alumínio, celulose, máquinas, calçados e autopeças. À tarde, às 14h, será a vez do agronegócio, com setores exportadores de suco de laranja, carnes, frutas, mel, couro e pescado.

Também participam das reuniões representantes do Ministério da Agricultura (Mapa), do Desenvolvimento Agrário (MDA), da Pesca e do Ministério de Portos e Aeroportos.

Segundo Alckmin, o governo brasileiro já havia encaminhado aos Estados Unidos, em 16 de maio, uma proposta de negociação em caráter confidencial, que ainda não foi respondida. Desde o anúncio da nova tarifa, nenhuma autoridade americana procurou o Brasil para discutir o tema.

“O governo não pediu nenhuma prorrogação de prazo e não fez nenhuma proposta sobre alíquota. Estamos ouvindo os setores mais envolvidos para que o setor privado também se mobilize junto a seus parceiros americanos”, explicou.

Alckmin destacou que a medida impacta cadeias produtivas integradas entre os dois países. Como exemplo, citou o caso do carvão siderúrgico importado dos EUA pelo Brasil para produção de aço, que posteriormente é exportado de volta para o mercado americano e utilizado na fabricação de motores e outros itens de alto valor agregado.

A expectativa do governo é de que o engajamento do setor empresarial brasileiro ajude a pressionar empresas e entidades americanas a reverter a medida, considerada “totalmente inadequada” por Alckmin.

Fonte: AgênciaBrasil