
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (18) que o Brasil segue tentando manter um diálogo com os Estados Unidos para reduzir a tarifa de 50% imposta às exportações brasileiras. Segundo ele, porém, a negociação não avança porque o governo americano insiste em uma solução “constitucionalmente impossível”.
“Hoje nós temos documentos oficiais demonstrando que a negociação só não ocorre porque os Estados Unidos está tentando impor ao Brasil uma solução constitucionalmente impossível, que é Executivo se imiscuir em assuntos de outro poder, que é o Poder Judiciário. Nós não temos uma situação constitucional que nos permita, política e juridicamente, atuar no caso. Então, gerou-se um impasse que é pedir o que não pode ser entregue”, declarou o ministro.
Haddad destacou que o comércio bilateral entre os dois países encolheu significativamente nas últimas décadas. “Nós tínhamos exportações da ordem de 25% com os Estados Unidos, hoje elas significam 12% e, pelo andar dos acontecimentos, eu acredito que o comércio bilateral, infelizmente, vai cair ainda mais”, disse.
O ministro participou, pela manhã, da abertura do FT Climate & Impact Summit Latin America e Brasil 2030: Uma Nação de Oportunidades, promovido pelo Times Brasil/NBC, em parceria com o Financial Times, em São Paulo.
Durante entrevista, ele também comentou o cancelamento da reunião que teria com o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent. Haddad atribuiu a interrupção a “interlocutores da extrema-direita brasileira” e disse que o episódio gerou estranhamento.
“[Foi uma reunião] excelente. Agora, o que mudou de maio para julho, tem que ser perguntado para eles”, afirmou sobre o encontro anterior com Bessent, considerado positivo. O ministro ressaltou ainda que, no horário em que deveria ocorrer a reunião, o secretário norte-americano foi visto conversando com um “concorrente” do governo brasileiro — o deputado federal Eduardo Bolsonaro.
“Eu nunca faria cometeria uma deslealdade dessa com um homólogo meu de outro país, por mais hostil que o outro país fosse. Se eu marquei um compromisso, eu cumpro”, afirmou.
Mais tarde, em conversa com jornalistas, Haddad acusou a família do ex-presidente Jair Bolsonaro de trabalhar “para impedir que as negociações se estabeleçam”. Ele disse que o governo prepara um plano de contingência para proteger o setor produtivo impactado pelo tarifaço de 50%, com previsão de R$ 30 bilhões em crédito. A medida provisória será chamada de MP Brasil Soberano.
“A tarefa dessa semana é regulamentar o plano de contingência, fazer chegar na ponta os recursos liberados e proteger o Brasil dessa agressão externa”, declarou. Segundo ele, o plano “está bem calibrado” e não deve ser ampliado no curto prazo.
Globalização em xeque
Haddad também criticou a postura dos EUA diante da globalização. Para ele, o governo americano, liderado por Donald Trump, decidiu “mudar o jogo” após perceber os ganhos da China no cenário internacional.
“Eles venderam para o mundo a globalização, com desregulamentação financeira, a descentralização das atividades produtivas, o ganho de eficiência que isso ia gerar, a acumulação flexível. E aí, quando eles perceberam que eles ganharam muito, mas que a China ganhou ainda, aí [decidiram] ‘vamos melar o jogo’, ‘vamos mudar o jogo’”, disse.
De acordo com o ministro, os EUA foram grandes beneficiários da globalização, mas, diante de um “desafio inesperado”, optaram por “alterar as regras”.
*Fonte: Agência Brasil
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Fonte: https://oimparcial.com.br/brasil/2025/08/haddad-critica-tarifa-dos-eua-e-diz-que-negociacao-trava-por-impasse-constitucional/