20 de setembro de 2025
Jornalista maranhense lança livro durante Sarau Vinil & Poesia, nesta
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Cinco anos após o lançamento de Nas profundezas desses olhos rasos (2020), o poeta e jornalista maranhense Félix Alberto Lima retorna à cena literária com o livro “Com o coração na boca”, publicado pela Editora 7Letras. A obra será lançada na próxima sexta-feira, 26, às 19h30, dentro da programação do Sarau Vinil & Poesia, evento idealizado pela jornalista e DJ Vanessa Serra. No dia 30, o autor leva a nova obra ao Rio de Janeiro, em sessão de autógrafos na Livraria Janela.

O livro, que conta com prefácio do poeta Fernando Abreu, encerra uma trilogia iniciada com “Filarmônica para fones de ouvido (2018)” e seguida de “Nas profundezas desses olhos rasos”. Essa sequência, observa a crítica, pode ser lida como uma investigação poética dos sentidos: primeiro a escuta, depois o olhar e, agora, a boca, entendida como fronteira entre corpo e mundo.

Com mais de 80 poemas, “Com o coração na boca” apresenta uma arquitetura interna de ritmos e pulsos variados, alternando poemas longos e densos com textos mínimos, quase sentenças. Versos como “toda boca é um porto” (em Verbete) e “só a boca / subverte o fonema” (em Culta) apontam para essa dimensão da boca como geografia de travessia, de caos, de fome e de resistência.

A linguagem do livro oscila entre lirismo intenso e brutalidade seca, explorando tensões entre fragilidade e resistência. Em Anatomia de um tiro, por exemplo, o poeta escreve: “no olho da bala / ainda há meninos dançando ciranda”. Já em Da boca pra fora, um medo difuso e insólito emerge. O coloquial e o metafórico se entrelaçam em ritmo que remete, em certos momentos, a improvisações de jazz.

São Luís perpassa a obra como cenário afetivo e desolado, povoado de becos, quintais e fantasmas. Nela se afirma a ambivalência de pertença e exílio, refletida no tom da poesia. “A boca é também a boca do tempo, da história e da resistência”, escreve o autor, que propõe uma poesia sem o consolo da serenidade, mas que busca o desassossego, capaz de tumultuar rotinas e retinas.

O autor explica a origem do título: “Andar com o coração na boca é viver sobressaltado diante do mundo, como se cada esquina guardasse um susto, uma revelação ou um abismo. Para mim, será sempre espanto – aquele mesmo espanto de que fala Ferreira Gullar: a poesia surge do tumulto, desse impacto diante da vida, e não de serenidades inspiradas.”

Entre o medo e a vertigem, entre a fome e o verbo, “Com o coração na boca” confirma a fidelidade do poeta a um estado de alerta permanente — um modo de estar no mundo e, sobretudo, na palavra.
A noite promete gratas surpresas, grandes e improváveis encontros.
Sarau Vinil & Poesia – O Sarau Vinil & Poesia volta a ocupar o coração do Centro Histórico de São Luís com mais uma edição repleta de ideias, sonoridades e afetos. A proposta é simples e essencial: celebrar a arte, o encontro e a escuta.

DJ e pesquisadora Vanessa Serra, DJ, pesquisadora e idealizadora do Sarau Vinil & Poesia – (Foto: Divulgalçao)

Idealizado pela jornalista, DJ e pesquisadora Vanessa Serra, o Sarau surgiu em 2019 com a proposta de entrelaçar música e poesia sob o calor da agulha no vinil, exaltando, sobretudo, a riqueza de compositores e letristas maranhenses. Durante a pandemia, seguiu em edições virtuais, e consolidou-se como espaço de celebração artística, tendo lançado em 2020 seu próprio disco: o LP Vinil & Poesia – Volume 1, reconhecido com o Prêmio Papete. Ao longo de suas edições, o Sarau já contou com a participação de notáveis nomes da cena cultural maranhense, entre poetas, cantores e compositores, como Lúcia Santos, Gerude, Ronald Pinheiro, Maria Spíndola, Mestre Josias Sobrinho, Dicy, Fernando Abreu, entre outros.

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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/09/jornalista-maranhense-lanca-livro-durante-sarau-vinil-poesia-nesta-sexta-26/