José Reinado Tavares fala sobre os avanços no Maranhão

Em entrevista exclusiva ao programa Papite, transmitido pela rádio online do Grupo O Imparcial, o ex-governador do Maranhão e atual secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico e Programas Estratégicos (SEDEPE), José Reinaldo Tavares, abriu uma janela rara para os bastidores do poder, alternando memórias pessoais com análises técnicas sobre o futuro da economia maranhense. Com mais de cinco décadas dedicadas à vida pública, Tavares compartilhou reflexões sobre o peso dos cargos que ocupou, as transformações internas que o poder impõe e os desafios históricos do estado na área de infraestrutura e desenvolvimento.

“Sentar naquela cadeira transforma as pessoas”, afirmou logo no início, ao rememorar sua passagem pelo Palácio dos Leões. A frase resume não apenas a experiência de quem governou o estado entre 2002 e 2006, mas também o olhar maduro de quem já ocupou funções no alto escalão da República. Ministro dos Transportes no governo José Sarney, entre 1986 e 1990, José Reinaldo rememorou conselhos recebidos de seu mentor político, o influente e controverso Mario Andreazza, também ex-ministro da mesma pasta. “Ele me dizia: ‘Zé Reinaldo, ciúme de homem é pior que de mulher’. Esse foi o primeiro conselho que ele me deu”, revelou. Sem citar nomes, deixou entrever os jogos de vaidade, rivalidades e traições que habitam os corredores do poder. 

A lição mais valiosa, no entanto, veio da consciência da transitoriedade. “Não te importa com cargo público, que isso passa. Essa foi uma lição fantástica para mim”, pontuou. Segundo Tavares, muitos se perdem ao pensar que a autoridade é permanente. “Muita gente não conhece essa lição. Senta na cadeira e pensa que é para sempre. E é muito difícil. Essa lição eu sei”

O ex-governador ainda traçou um paralelo entre sua atuação no Palácio dos Leões e no governo federal, reforçando que a principal moeda em ambientes de poder não é o cargo, mas a confiança: “O que faz você crescer na vida são os amigos. Amigo é que resolve”.

Memórias pessoais com reflexões políticas em livro

Mas o tom confessional deu espaço também a avaliações concretas sobre o presente e o futuro da economia maranhense. Como atual titular da SEDEPE, Tavares destacou projetos de infraestrutura e logística como peças-chave para o desenvolvimento regional. Um dos pontos centrais foi a Zona de Processamento de Exportação (ZPE), que há 38 anos existia apenas no papel. “Se eu desistisse de tudo, não tinha ZPE”, afirmou. A mobilização envolveu parcerias técnicas com o Senai, Sesi e apoio decisivo da Fiema. A concretização da ZPE, segundo ele, representa não apenas um avanço econômico, mas a superação de uma espera histórica que atravessou diversos governos.

Outro destaque foi o papel da Estrada de Ferro Carajás e do Porto da Ponta da Madeira, cujas estruturas robustas permitem escoamento de minério e grãos para mercados como China e Japão. “O Porto da Madeira tem 23 metros de profundidade. Não existe isso em lugar nenhum”, frisou, antes de defender a construção de um novo porto em Alcântara, com 25 metros de profundidade, como um projeto estratégico que pode alavancar a economia do estado. Tavares também criticou a lentidão nas obras da Ferrovia Norte-Sul, chamando-a de “retrato do atraso da infraestrutura ferroviária brasileira”.  

Ao avaliar o cenário nacional, o secretário destacou o agronegócio como único setor com crescimento sustentável e inovação tecnológica. “O Brasil consegue produzir uma soja melhor do que a americana”, disse, apontando os gargalos logísticos como o principal entrave para o avanço no comércio exterior. “A soja está pronta, o que falta é chegar com eficiência nos portos. Essa é a luta”, avaliou. 

A entrevista também revelou um lado mais íntimo e literário de José Reinaldo. Ele está prestes a lançar dois livros: o primeiro, já pronto, é uma coletânea de 50 a 60 artigos escritos desde 2007. O segundo, em fase de finalização, será uma biografia comentada, que mescla memórias pessoais com reflexões políticas. “Já enviei várias provas para minha família, e eles gostaram. Mas o livro ainda está em construção. Estou vendo como fecho. Quero terminar este ano”, disse. O prefácio do primeiro livro foi encomendado a ninguém menos que o ex-presidente José Sarney.  

A conversa franca completa de José Reinaldo  pode ser assistida no canal do YouTube do Jornal O Imparcial e no site www.oimparcial.com.br.

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