8 de setembro de 2025
Jovens talentos renovam a arte em São Luís
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Em um ritmo de festa e celebração, a “Ilha do Amor” se prepara para mais um aniversário. No dia 8 de setembro, São Luís completa 413 anos de história, e para celebrar a data, a cidade se veste de cores, sons e movimentos. Mais do que olhar para o passado, a cidade dos azulejos se volta para o futuro, mostrando que sua riqueza cultural está mais viva do que nunca, pulsando nas mãos, vozes e corpos de uma nova geração de artistas.

Esses jovens talentos, que emergem e se consolidam, representam a diversidade e a força da cena artística ludovicense. De cantores a grafiteiros, de dançarinos a poetas, eles traduzem suas vivências em arte, mantendo viva a tradição e, ao mesmo tempo, inovando e criando novas formas de expressão.

A Nova Voz que ecoa na Ilha: Glória, a Cantora

Entre os novos rostos que se destacam, Glória é uma voz que encanta. Aos 23 anos, ela celebra uma jornada que começou na infância, seguindo os passos da mãe. O que era uma herança musical começou a se transformar em profissão a partir de 2020. Naquele ano, Glória foi contratada para cantar em casamentos e, em 2021, passou a oferecer assessoria musical, percebendo que a música era “de fato uma possibilidade”.

(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Sua arte é um reflexo profundo de sua identidade como maranhense.

“Para mim não seria possível cantar e não ter o reggae envolvido no que canto, pra mim não teria sentido algum,” afirma. Para a cantora, a cultura de São Luís é a base de sua expressão artística, ela sente uma grande responsabilidade ao ser uma nova voz em uma cidade tão musical, e encara isso como uma oportunidade de se conectar com as pessoas. “Minha maior competição é comigo mesma,” diz.

A artista sonha em usar sua voz para tocar as pessoas e transmitir uma mensagem de liberdade.

“Quero poder cantar por todas as mulheres que foram ensinadas a serem somente boas esposas, mostrar que podemos acordar em um dia e decidir usar a roupa que quisermos, ser como quisermos, amar ao nosso modo,” compartilha.

Muros que Contam Histórias: O Grafite de Mainã

A arte urbana de São Luís também ganha um novo fôlego com Mainã, uma grafiteira que encontrou sua paixão quando ainda tinha apenas 16 anos. Com o apoio de outras artistas mulheres da cena local, ela mergulhou de cabeça no grafite.

Atualmente, Mainã se inspira nas pessoas e na rica herança cultural da cidade para criar obras que se tornam parte da paisagem urbana. Para ela, deixar a marca em muros e paredes é uma forma de mostrar a riqueza e a beleza do grafite. “Fico realizada por deixar um pouquinho da minha arte nos muros da cidade,” conta.

(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Mainã ressalta que, em São Luís, as mulheres grafiteiras estão quebrando estereótipos e ocupando seu espaço com força e talento. Seu maior desejo é que sua arte represente e toque as pessoas, especialmente as crianças e a comunidade negra.

“Hoje eu vejo que muitas crianças e pessoas pretas se sentem representadas e tocadas de alguma forma… isso me deixa com o sentimento de que estou indo pelo lado certo,” diz, reforçando o poder da arte como espelho e inspiração.

A Dança que Transforma: A Expressão de Esther Fontes

A dança é outra forma de arte que floresce na capital maranhense. Esther Fontes, de 21 anos, começou no ballet aos oito, mas foi no jazz funk que encontrou sua verdadeira paixão. Sua jornada a levou a explorar outros estilos, como o hip hop e o stiletto, e mais recentemente a dar aulas de K-Pop.

(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Embora não tenha tido muito contato direto com os ritmos tradicionais no início, Esther ressalta a importância da cultura local em sua formação. Ela conta que participar de uma coreografia que misturava hip hop com bumba meu boi foi uma experiência “muito especial”, unindo sua rotina à força da tradição.

Para Esther, a dança é uma ferramenta de transformação social. Ela acredita que a arte abre espaço para a expressão das vivências, gera autoestima e oportunidades. Embora o desafio financeiro e a desvalorização da profissão ainda persistam — com comentários como “dança não é trabalho” —, Esther se mantém firme, motivada pelo apoio de sua família e amigos. Seu maior sonho é levar sua arte para os palcos de grandes shows e, um dia, abrir uma escola de dança acessível para todos que amam essa forma de expressão.

Uma Cultura Viva e em Constante Movimento

A realidade de Glória, Mainã e Esther se conecta em desafios e sonhos. Todas enfrentaram obstáculos, desde a falta de reconhecimento e de espaços, até a desvalorização de sua arte. Mas a superação veio da paixão e da dedicação. A pressão do mundo artístico é vista por elas não como uma competição, mas como uma oportunidade de crescer e se conectar. “Minha maior competição é comigo mesma,” diz Glória, uma frase que poderia facilmente ser dita por qualquer uma das três.

O sucesso desses jovens talentos, no entanto, não é apenas resultado de seus esforços individuais. É também um reflexo do apoio da comunidade e da cena artística que os acolhe e os impulsiona. Em uma cidade rica em cultura popular, esses artistas demonstram que a tradição não impede a inovação. Pelo contrário, ela inspira e alimenta novas formas de expressão. O grafite de Mainã, a dança de Esther e a voz de Glória são um lembrete de que a cultura de São Luís é um ser vivo, em constante evolução.

Eles não apenas fazem arte, mas também transformam a realidade ao seu redor. Glória, com sua mensagem de liberdade; Mainã, com a representatividade em seus murais; e Esther, com seu sonho de uma escola de dança acessível, mostram que a arte é também uma forma de lutar por um futuro melhor. Em seu 413º aniversário, São Luís celebra o passado e olha para o futuro com a certeza de que a sua história cultural está em boas mãos, ou melhor, em boas vozes, pincéis e passos.

Que tal ir além dos textos e conhecer de perto o trabalho desses e de tantos outros talentos que movem a cena artística de São Luís?

Fonte: https://oimparcial.com.br/entretenimento-e-cultura/2025/09/jovens-talentos-renovam-a-arte-em-sao-luis/