O desdobramento das investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) em Turilândia atingiu um novo patamar jurídico. Diante de indícios de uma organização criminosa estruturada tanto na Prefeitura quanto na Câmara Municipal, o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA) encaminhou o caso ao Procurador-Geral de Justiça para avaliar a necessidade de uma intervenção estadual no município.
A medida é considerada excepcional e só será adotada se ficar comprovada a incapacidade das instituições locais de manterem o funcionamento regular. O Ministério Público analisa se os requisitos constitucionais estão presentes para formalizar o pedido ao Judiciário, mesmo durante o período de recesso. O foco é garantir a normalidade administrativa e estancar danos ao erário que, segundo estimativas atuais, já somam R$ 56 milhões desviados.
Adiamento das oitivas e detalhes do esquema
Originalmente previstos para esta semana, os depoimentos dos investigados na Operação Tântalo II foram remarcados para os dias 5, 6, 7 e 8 de janeiro de 2026. O promotor Fernando Berniz confirmou que o Gaeco acatou o pedido das defesas, que alegaram falta de acesso aos autos devido ao recesso judicial.
As investigações detalham um esquema sofisticado fundamentado em três pilares: fraudes em processos licitatórios, contratos simulados e o uso de empresas de fachada. O montante desviado teria como origem principal verbas destinadas à Saúde e à Assistência Social, áreas críticas que sofreram impacto direto com as irregularidades.
Instabilidade no comando municipal
A estrutura política de Turilândia vive um cenário de excepcionalidade. Com o afastamento judicial do prefeito Paulo Curió e da vice Tânia Mendes, o presidente da Câmara, José Luís Araújo Diniz, assumiu o Executivo. Paralelamente, a vereadora Inailce Nogueira Lopes passou a presidir o Legislativo.
O fator que mais chama a atenção das autoridades é que o prefeito interino, José Luís Diniz, exerce a chefia do município sob regime de prisão domiciliar. Apesar dessa condição, o Gaeco informou que não identifica risco imediato de continuidade dos crimes. Isso ocorre porque todos os contratos suspeitos e pagamentos a empresas ligadas ao grupo afastado foram suspensos por determinação judicial, paralisando a engrenagem do esquema.
O Ministério Público reforçou que monitora a gestão interina em tempo real e que novas medidas cautelares, incluindo o pedido de prisão preventiva em unidade prisional, poderão ser solicitadas caso surjam indícios de novas irregularidades ou descumprimento das normas impostas pela Justiça.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/12/justica-avalia-intervencao-estadual-em-turilandia-e-mp-adia-depoimentos/
