Lançamento de foguete em Alcântara é adiado para 22h

Alcântara – Depois de problemas tecnicos, agora foi a vez das ” condições meteorológiscas desfavoráveis” impedirem a realização do primeiro lançamento comercial de um foguete no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Segundo nota distribuída pela Força Aérea Brasileira (FAB), no início da tarde desta segunda-feira (22), a terceira tentativa de lançar o HANBIT-Nano foi adiada para as 22h. Até o fechamento desta edição, não havia novo posicionamento oficial, apesar da janela de lançamento durar até as 6h da manhã dessa terça-feira (23).

Caso a terceira tentativa de realizar o voo do HANBIT-Nano seja também cancelada, uma nova janela do será aberta em 2026 e tudo vai depender do cronograma da FAB e da rmpresa sul- coreana.
A startup espacial sul-coreana Innospace em conjunto com a FAB e a Agência Especial Brasileira (AEB),que conduzem a missao Spaceward, realizaram três tentativas de realizar o voo orbital do HANBIT-Nano, que colocará em órbita cinco satélites – quatro universitários, construidos pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e um satélite comercial indiano – e três experimentos.

Tentativas

Na primeira tentativa, em 17 de dezembro, primeiro dia da janela de lançamento, uma anomalia no carregamento do oxidante do combustível do primeiro estágio, impediu a missão de ser realizada. Na ocasião, os sul-coreanos precisaram de dois dias para corrigir o erro.

No último dia 19, uma nova tentativa foi realizada, no entanto, novos problemas técnicos foram detectados e o horário do lançamento foi adiado por três vezes até o cancelamento, cerca de sete horas após o prazo marcado inicialmente. Dessa vez, o problema foi em uma válvula do tanque de metano do segundo estágio.

Visivelmente abatido, o CEO da Innospace, Soojong Kim, explicou que seriam feitos novos esforços para lançar o foguete. “Quero agradecer o povo brasileiro pelo interesse demonstrado nesse lançamento. Todos estavam torcendo para que o HANBIT-Nano fosse ao espaço. Decidimos parar o procedimento e que cancelamos essa tentativa ( a do dia 19) por questões de segurança”, explicou Kim.

Para o lançamento desta segunda feira (22), os problemas técnicos haviam sido sanados, porém, a meteorologia não ajudou e com chuva e com pouca visubilidade por causa fas nuvens, o lançamento que seria as 15h45 foi novamente adiado para as 22h.

Para especialistas que estão acompanhando a missão Spaceward a tendência é que o último dia da janela termine com novo cancelamento. “Se isso acontecer, nova tentativa somente em 2026 e na melhor das hipóteses, não será antes de março”, comentou um deles.

Porém, março é um dos meses que mais chove no norte do Maranhão e pelo fato de que condições meteorológicas adversas interferem na operação de lançamento, é provável que uma nova janela só seja aberta no fim do primeiro semeste do ano que vem. No entanto, esses adiamentos não significam fracasso. Apenas demonstram que todo cuidado é pouco em se tratando de tecnologia espacial, afinal o HANBIT-Nano custa cerca de US$ 60 milhões, uma pequena fortuna equivalente ao orçamento anual da maior parte das prefeituras maranhense.

Foguete

O veículo espacial sul-coreano é um foguete de dois estágios, movido por dos métodos diferentes de queima de combustível para gerar a propulsão. O primeiro estágio queima uma mistura de parafina e com oxigênio líquido, enquanto o segundo estágio, queima uma mistura de metano e oxigênio líquido
O foguete sul-coreano tem cerca de 22 metros de comprimento, o equivalente a um prédio de sete andares, sendo um pouco maior que o VLS-1, um modelo de foguete nacional que chegou a ter três tentativas de lançamento do CLA (1997, 1999 e 2003) todas sem sucesso e que hoje foi descontinuado.

O HANBIT-Nano pesa cerca de 20 toneladas, pode voar a 30 mil quilômetros por hora e atingir cerca de 500 quilômetros de altitude para colocar satélites e microssatélites em órbita, em apenas quatro minutos. Para a missão Spaceward o veículo espacial da Innospace havia sido carregado com cinco satélites – dois deles desenvolvidos na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) – e três experimentos.

A missão espacial de lançamento do HANBIT-Nano – batizada de Spaceward e conduzida pela FAB em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB) – é considerada uma das mais importantes dos últimos 20 anos por se tratar do primeiro lançamento comercial realizado em território nacional.

Motivos

Diversos fatores podem influenciar em um lançamento de foguete. Desde aspectos meteorológicos, como vento e chuva, até problemas técnicos como a integração de eletrônicos e de partes mecânicas de um foguete, seja um lançador de satélite ou um foguete de sondagem como os nacionais VS-30 e VSB-30, que decolaram das plataformas do CLA no início do século.

Um bom exemplo foi a decolagem do quinto foguete do modelo VS-30, desenvolvido e lançado Pelo Instituto de Aeronaútica e Espaço (IAE) da FAB em parceria com a Agência Espacial Alemã (DLR) em fevereiro de 2000. Na época, dentro da missão Lençóis Maranhenses, focada em experimentos científicos em microgravidade, foram necessárias 11 tentativas por causa da velocidade alta dos ventos em altitudes a partir de 10 mil metros.

Mais simples que o HANBIT-Nano, ao ser lançado, esse foguete que tem apenas 7,5 metros de altura e pesando 1,5 toneladas, alcançou o apogeu em 145 quilômetros de altitude carregando experimentos de universidades brasileiras e alemãs. Depois o VS-30 evoluiu para outros veículos suborbitais: o VS-30 Orion, de dois estágios e o VSB-30, um foguete de sondagem também de dois estágios, porém capaz de levar maior carga útil a uma altitude maor.

Já no caso do foguete sul-coreano, os problemas encontrados foram em peças ligas a operação dos dois tipos de combustíveis usados no primeiro estágio – parafina e oxigênio líquido – e no segundo estágio – metano e oxigênio líquido e agora foram de ordem meteorologicas . “A Innospace está trabalhando pra sanar essas dificuldades ainda dentro da janela de lançamento que vai até o dia 22”, disse o CEO da Innospace, Soojong Kim.