
O Bairro da Liberdade está situado entre a Camboa e a Fé em Deus nas duas extremidades e à Avenida Quarto Centenário, margeando o Rio Anil. Do lado oposto pelo Monte Castelo, Retiro Natal, Vila Passos e Diamante. É um bairro de cultura popular muito forte, pela sua ancestralidade com vários grupos de manifestações do folclore maranhense e uma população hospitaleira.
Não existe mais o estigma de bairro violento. A Liberdade está pacificada e ordeira. Este ano os festejos Juninos ocorreram com grandes atrações atraindo gente de todos os bairros e turistas e nenhuma ocorrência foi registrada, que tirasse o brilho das festas. Há um empenho muito grande de suas lideranças em investir da educação e no esporte oferecendo mais oportunidade aos jovens e também aos adultos, no que tange à qualificação profissional para possibilitar o acesso ao mercado de trabalho.
A Liberdade é um bairro laico onde se professam qualquer religião com absoluto respeito. Possui duas igrejas católicas: São Francisco de Assis e Santo Expedito; igrejas evangélicas de várias denominações e muitos terreiros onde são praticadas as religiões de matriz africana. O Centro Cultural do Bairro da Liberdade tem papel preponderante na coordenação e elaboração dos projetos e eventos.
Na área da Educação, destaca-se o trabalho de grande alcance social desenvolvido pela Associação Desportiva, Recreativa, Cultural e Social do Bairro da Liberdade- ADECRES, oferecendo cursos de música, inglês e português, profissionalizantes, dentre outros, ofertados e realizados por meio de convênios com instituições diversas.
O Bairro da Liberdade conta também como trabalho social desenvolvido pela atleta Iziane Castro, que mantém uma escolinha de basquetebol, atendendo jovens para iniciação no esporte, tirando-os das ruas. A comunidade aguarda ainda o retorno da atleta Ana Paula que se encontra na Rússia e tem um projeto de Escolinha de handebol para acolher os jovens do bairro.
De matadouro de animais a berço cultural
O início de tudo
O bairro da Liberdade teve início a partir de 1918, com a construção do Matadouro Modelo, no Sítio Itamaracá ou Itamacaca, que teria pertencido à lendária Dona Ana Jansen. Tudo começou quando o relatório sanitário do Dr. Victor Godinho, considerou que o antigo matadouro municipal de São Luís, situado no final da rua São Pantaleão, na Madre Deus, local insalubre precário e que deveria ser desativado por não oferecer condições para o abate dos gados vacum e suíno, sem os riscos à saúde da população, o que levou o intendente municipal Luís Torres, a decidir pela desapropriação do Sítio Itamaracá. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado do Maranhão, no dia 25 de maio de 1918.
Com a construção do Matadouro, se iniciou a povoação da região por famílias oriundas do interior do estado, notadamente da baixada e que se instalaram em terrenos considerados de Marinha, nas áreas mais alagadas se originando um grande conglomerado de palafitas. A urbanização do bairro teve início durante o governo do prefeito Epitácio Afonso Pereira – “Cafeteira”, mediante pressão dos moradores.
Nos seus primórdios, o acesso ao bairro era feito por uma única estrada e o lugar inicialmente se chamava Campina do Matadouro. Porém o acesso principal era pelo rio Anil, através de pequenas embarcações.
Boa parte dos bois chegavam ao Matadouro nos vagões da ferrovia São Luís- Teresina, vindos dos municípios dos sertões maranhenses e outra parte, em uma embarcação denominada “gambarras” desembarcando em um porto improvisado no rio Anil, próximo ao Matadouro, ou na praia do Desterro, sendo os animais tocados por vaqueiros, passando pelo Caminho da Boiada, Canto da Fabril, Rua 18 de Novembro até chegar ao então Bairro do Matadouro para o abate. O Matadouro Modelo teve suas atividades encerradas em 1980.
O bairro recebeu o nome por meio da Lei Municipal nº 1.749, de 17 de maio de 1967, tendo sido chamado anteriormente de Matadouro. A partir dos anos 1970, ocorreu um grande afluxo de pessoas vindas de comunidades rurais quilombolas da Baixada Maranhense, do município de Alcântara e de outros do Litoral Maranhense que se estabeleceu no bairro, fazendo da Liberdade o local com a maior população negra da capital maranhense.
A manifestação da cultura popular
Esses emigrantes trouxeram manifestações da cultura popular tradicionais de suas comunidades de origem sempre fiéis à sua ancestralidade: Bumba Meu Boi, Tambor de Crioula e manifestações que tiveram origem nas promessas aos santos homenageados como Divino Espírito Santo, Santa Luzia, Cosme e Damião, e outros. Entre tantos destacam-se o Boi do Mestre Leonardo (Boi da Liberdade) de sotaque de zabumba; Boi de Mestre Apolônio (Boi da Floresta) dirigido atualmente por Dona Nadir Olga Cruz, de sotaque de baixada; Boi da Fé em Deus, dirigido pelo Mestre Antonio Ribeiro, são tradicionais da região. Mas tem outros, de igual importância que representam a cultura do bairro, como o Boi de Mestre Basílio Durans.
No que concerne aos festejos juninos, o Bairro da Liberdade possui grande diversidade de grupos de Cacuriá, Dança Portuguesa, Quadrilha Junina, Dança do Coco e outras. Também no Carnaval, o bairro se faz presente com seus grupos, principalmente os Blocos Organizados, com suas fantasias deslumbrantes e seu ritmo cadenciado e alegre que faz vibrar a população da cidade, durante suas apresentações.
O Teatro Padre Haroldo (Centro Cultural Comunitário da Liberdade), ora em obras de reforma, localizado em frente à Praça Mário Andreazza, no Viva Liberdade, é um importante polo de cultura do bairro.

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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/07/liberdade-um-bairro-de-cultura-ancestral-latente/