
A crescente crise do lixo nos oceanos já dá sinais preocupantes no litoral maranhense, onde ecossistemas frágeis como manguezais e florestas costeiras estão sendo impactados por resíduos sólidos descartados de forma irregular. Diante desse cenário alarmante, a Ilha de São Pedro, localizada entre os estados do Maranhão e Pará, será o centro de uma importante mobilização ambiental nos dias 23 e 24 de maio.
A ação marca o encerramento das atividades do Projeto Reentrâncias, uma iniciativa inédita no estado voltada ao enfrentamento da poluição marinha e ao fortalecimento da consciência ecológica nas comunidades litorâneas.
Idealizado pelo Instituto Cresça, com o apoio do Instituto Equatorial através do Edital Diálogos Equatorial, o projeto atua na preservação da Ilha de São Pedro, situada na foz do Rio Gurupi, nas chamadas Reentrâncias Maranhenses — uma das regiões mais biodiversas da costa amazônica.
O território é conhecido por abrigar extensas áreas de mangue, mata densa, rica fauna costeira e uma cultura tradicional profundamente enraizada nas práticas sustentáveis locais.

Durante dois meses, foram desenvolvidas ações educativas e práticas que mobilizaram moradores, estudantes, profissionais de saúde, artistas, jornalistas, influenciadores digitais e coletivos culturais. Entre as atividades promovidas, destacam-se mutirões de limpeza, oficinas ambientais, rodas de conversa e campanhas de conscientização sobre o descarte adequado de resíduos.
Ao longo do projeto, cerca de uma tonelada de lixo sólido já foi retirada da região — entre os materiais coletados, há plásticos, isopor, calçados e redes de pesca descartadas no mar.
Projeto prevê um grande ato coletivo
A culminância do projeto prevê um grande ato coletivo com nova coleta de resíduos, atendimentos médicos gratuitos, exposição fotográfica sobre o trabalho realizado e uma mostra de reaproveitamento de materiais recicláveis.
Além da atuação direta no território, o Projeto Reentrâncias se alinha às diretrizes internacionais de sustentabilidade, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e a Década da Ciência Oceânica, incentivando a educação ambiental, o protagonismo comunitário e o turismo consciente.
Para Raimundo Muniz, coordenador da iniciativa, o projeto reforça a importância de unir saberes tradicionais e conhecimento técnico na preservação dos ambientes costeiros.
“A Ilha de São Pedro é um patrimônio ambiental e cultural que precisa ser cuidado com urgência. O Reentrâncias mostra que é possível proteger a natureza sem abrir mão da identidade das comunidades. Cuidar do litoral é também cuidar das pessoas que dependem dele para viver”, afirma Raimundo Muniz.
A mobilização representa um avanço significativo para o Maranhão, que embora abrigue parte da Amazônia Legal, ainda enfrenta desafios na construção de políticas públicas eficazes para a proteção do litoral. Com o exemplo do Projeto Reentrâncias, abre-se espaço para a construção de um novo modelo de atuação que combina ciência, cultura, educação e participação social em favor da vida marinha e costeira.
Fonte: https://oimparcial.com.br/meio-ambiente/2025/05/lixo-oceanico-ameaca-ecossistemas/