7 de agosto de 2025
Lula vê necessidade de fazer ligação para Trump como “humilhação”
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou ontem como “humilhação” a possibilidade de ligar para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o objetivo de negociar um recuo no tarifaço de 50% a diversos produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos — que passou a vigorar ontem. Ele considera que não há, neste momento, uma abertura de negociação.

“Um presidente da República não pode ficar se humilhando. Respeito todos os presidentes e quero respeito. Estamos com os melhores negociadores (para falar com os EUA). Não tenho por que ligar para Donald Trump” Lula em entrevista à agência Reuters

No entendimento do governo, são necessários gestos para o diálogo diplomático para que ocorra um contato telefônico entre líderes de Estado. No momento, a única reunião entre representantes brasileiros e representantes da Casa Branca foi na semana passada, em Washington, entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado Marco Rubio. Já o próximo encontro entre representantes dos dois países está previsto para ocorrer dia 13, entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent — que será por videoconferência.

Embora o governo tenha recorrido contra os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC) para combater o tarifaço, Lula afastou a possibilidade de retaliar os EUA com uma resposta à sobretaxa com base na lei da reciprocidade. “Não vou taxar (os produtos norte-americanos importados pelo Brasil) porque não quero ter o mesmo comportamento que ele (Trump). Quero mostrar a ele que quando um não quer, dois não brigam”, garantiu. Porém, fontes do Palácio do Planalto ressaltaram que uma reação na mesma intensidade só será usada em último caso, após falharem todas as tentativas de negociação direto e de entendimento por organismo multilaterais, com a OMC.

Lula enfatizou que as intenções do Brasil devem seguir na direção de uma relação civilizada com os EUA. “A nossa relação com o povo americano é boa, eu tenho boa relação com o movimento sindical dos Estados Unidos. Esses são os sinais que eu quero dar”, justificou, acrescentando que a prioridade do governo brasileiro, neste momento, é ajudar as empresas a encontrar novos mercados para seus produtos e cuidar da manutenção dos empregos. O texto da medida provisória (MP) com as ações planejadas pela equipe econômica em resposta ao tarifaço deve ser apresentado até amanhã.

Autoritarismo

Para Lula, a comunicação do tarifaço por Trump foi feita de forma autoritária. “Não é assim que estamos acostumados a negociar”, afirmou, acrescentando que não é admissível que o presidente norte-americano resolva “dar pitaco” no Brasil.

“Não é uma intromissão pequena. É o presidente da República dos Estados Unidos achando que pode ditar regras em um país soberano como o Brasil. Não é admissível que os Estados Unidos e nenhum país grande ou pequeno resolva dar um pitaco na nossa soberania. Ele que cuide dos Estados Unidos, pois, do Brasil, cuidamos nós. Só tem um dono esse país, e só um dono que manda no presidente da República — é o povo. O povo que elegeu, o povo que pode tirar”, frisou.

O presidente também citou trechos da decisão de Trump que criticam a legislação brasileira sobre as big techs. “Esse país é soberano. Tem uma Constituição, tem uma legislação. É nossa obrigação regular o que a gente quiser regular, de acordo com os interesses e a cultura do povo brasileiro. Se não quiser regulação, saia do Brasil”, disse. Lula salientou que pretende ligar para o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e para o presidente da China, Xi Jinping, para tratar das sanções norte-americanas contra o Brasil.

“Vou tentar fazer uma discussão com eles sobre como cada um está dentro da situação, qual é a implicação que tem em cada país, para a gente poder tomar uma decisão”, disse Lula, lembrando que o Brics tem 10 países no G20, o grupo que reúne 20 das maiores economias do mundo.

Sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro — colocado em prisão domiciliar, na segunda-feira, por descumprir as medidas cautelares determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) —, Lula cobrou que seja condenado como “traidor da pátria”. “Isso não tem precedente na história brasileira. Ele (Bolsonaro) e seu filho deputado (Eduardo Bolsonaro), que foi aos Estados Unidos para conspirar contra o Brasil. Ele deve ser condenado como traidor da pátria”, defendeu.

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Fonte: * Correio Braziliense

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/08/lula-ve-necessidade-de-fazer-ligacao-para-trump-como-humilhacao/