Hoje, segundo dados do UNAIDS, 40,8 milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo, 1,3 milhão de novas infecções ocorreram em 2024 e 9,2 milhões de pessoas ainda não têm acesso ao tratamento.
O fracasso em atingir as metas globais para o HIV pode resultar em 3,3 milhões novas infecções entre 2025 e 2030.
Celebrado em 1º de dezembro, o Dia Mundial de Luta contra a Aids volta a lançar luz sobre um tema que ainda exige atenção constante da saúde pública e da sociedade: a prevenção do HIV, o diagnóstico precoce e o enfrentamento do preconceito contra pessoas que vivem com o vírus.
No Maranhão, a data marca o início das ações do Dezembro Vermelho, campanha que reforça a testagem, a distribuição de preservativos e a ampliação do acesso ao tratamento e às novas formas de prevenção.

Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), o Maranhão registra milhares de pessoas em acompanhamento para HIV/Aids, com maior concentração de casos na Grande São Luís. A maior incidência ocorre entre jovens e adultos de 20 a 49 anos, faixa etária considerada estratégica para políticas de prevenção e informação.
Ainda de acordo com o órgão, foram registrados 4.174 casos de HIV no Maranhão, entre 2023 e 2024. Entre as cidades com maior número de casos estão: São Luís, Imperatriz, São José de Ribamar, Codó e Pinheiro. No que tange a mortalidade por AIDS, nos últimos dez anos (2014 a outubro de 2024) foram notificados no Sistema de Informação de Agravos e Notificação (Sinan), 20.154 casos de HIV, sendo 13.380 casos em homens e 6.878 casos em mulheres; 4.315 óbitos por causa básica de AIDS no estado.
Apesar do aumento da detecção de casos – diretamente ligado ao fato de algumas pessoas se testarem pela primeira vez – a taxa de mortalidade por aids foi de 3,9 óbitos, a menor desde 2013. Nos últimos dez anos, essa taxa apresentou queda de 24,2% no Maranhão. Em 2023, o estado registrou 397 mortes pela doença.
A eliminação da Aids como problema de saúde pública até 2030 compõe uma das metas do Brasil Saudável, programa do governo federal com o objetivo de eliminar ou reduzir 14 doenças e infecções que acometem, de forma mais intensa, as populações em situação de maior vulnerabilidade social. O Brasil foi o primeiro país do mundo a lançar uma política governamental com esse foco.
Viver com HIV: “o preconceito dói mais que o diagnóstico”
Diagnosticada há oito anos, “Luciana” (nome fictício a pedido) convive com o HIV e hoje faz tratamento regular pelo SUS. Para ela, o maior desafio não foi o diagnóstico, mas o preconceito. “No começo, achei que minha vida tinha acabado. Depois, percebi que o tratamento funciona. O mais difícil foi lidar com o silêncio, com o medo de contar para as pessoas”, relata.
Ela defende que o Dia Mundial de Luta contra a Aids seja também um momento de empatia. “A gente não quer pena, quer respeito. Informação salva vidas, mas o acolhimento salva a alma”.
No começo, achei que minha vida tinha acabado. Depois, percebi que o tratamento funciona. O mais difícil foi lidar com o silêncio, com o medo de contar para as pessoas
Testagem e acolhimento são portas de entrada
Durante o Dezembro Vermelho, unidades básicas de saúde, hospitais de referência e ações itinerantes intensificam a oferta de testes rápidos para HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
O assistente social Marcos Silva, que trabalha em ações comunitárias de prevenção, reforça que o acolhimento é fundamental para garantir o acesso ao cuidado. “Muita gente ainda associa o teste a medo ou julgamento. Nosso trabalho é mostrar que a testagem é um ato de cuidado consigo e com o outro. Aqui ninguém é discriminado”.
Muita gente ainda associa o teste a medo ou julgamento. Nosso trabalho é mostrar que a testagem é um ato de cuidado consigo e com o outro. Aqui ninguém é discriminado
Ele afirma que a busca ativa de populações historicamente vulnerabilizadas — como jovens, população em situação de rua e pessoas privadas de liberdade — é essencial para reduzir novos casos.
No sistema público de saúde, os testes rápidos para detecção do HIV são oferecidos nas Unidades Básicas de Saúde dos municípios. Já o tratamento é ofertado nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) e nos Serviços de Assistência Especializados também de responsabilidade das Prefeituras. Na rede estadual, a unidade de saúde referência para testes e tratamento é o Hospital Presidente Vargas, localizado no bairro Jordoa, em São Luís.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/12/luta-contra-a-aids-prevencao-estigma-e-acesso-ao-tratamento/
