
O Bairro Madre Deus é um núcleo residencial, localizado à margem do Lago do Bacanga, outrora Rio Bacanga, que com a construção da barragem do Bacanga, com o propósito de facilitar o acesso ao Porto do Itaqui, teve grande volume de suas águas represadas, formando um grande lago, com vasta extensão que se estendem da Madre Deus passando por outras outras comunidades em suas duas margens, até chegar ao Maracanã.
Com a construção da barragem, foram extintas a Praia da Madre Deus que possuía uma ponte em frente à capela de São Pedro onde era o atracadouro das canoas e igarités dos pescadores que ali desembarcavam os produtos do seu trabalho; e a área conhecida como Tabatinga. Ali, um senhor identificado como “Seu” Pacífico, promovia, em sua residência, os festejos em homenagem ao Divino Espírito Santo.
Madre Deus é conhecido, desde os seus primórdios, como berço da cultura maranhense,e pela diversidade de suas manifestações culturais e religiosas, como o culto a São Sebastião, na área conhecida como Caldeirão Quabra, onde, no mês de janeiro era montado um altar junto a uma árvore. Atualmente ali existe um altar de alvenaria com revestimento de cerâmica e redoma de vidro abrigando a imagem do santo, onde são rezadas ladainha e se realizam procissões no dia 20 de janeiro, dedicado ao santo.
São Jorge , cuja imagem permanece o ano todo, em uma redoma de vidro, no Largo do Caroçudo, onde no dia 23 de abril, a ele dedicado, é reverenciado com ladainhas, e homenageado pela comunidade e sambistas do bairro. O Divino Espírito Santo também é festejado em várias residências, notadamente pela Família Barata, na Rua Múcio Teixeira e a principal festa, dedicada a São Pedro, padroeiro dos pescadores, cuja capela está localizada na parte alta, no fim da Rua São Pantaleão. Ali, são realizadas novenas e ladainhas nos dias que antecedem o 29 de junho, quando são realizadas missas, procissões terrestre e marítima e o grande encontro de bumba bois, quando todos os “batalhões” de bumba-meu-boi vão desde a madrugada à capela reverenciar o santo.
De vila de pescadores a bairro popular
O capitão-mor Manuel da Silva Serrão, em 1713, construiu uma ermida para abrigar a imagem de Nossa Senhora da Madre Deus, Aurora da Vida, num sítio na localidade conhecida como Ponta de Santo Amaro ou Sítio da Madre Deus, como ficou conhecido, dando origem a uma vila de pescadores e ao bairro.
Foi nos anos 1891, final do século XIX, que foi construída a primeira fábrica do bairro a Companhia de Fiação e Tecidos Cânhamo, localizada no fim da Rua da Madre Deus( hoje São Pantaleão), às margens do Rio Bacanga. A Companhia de Fiação e Tecelagem de São Luís foi inaugurada em 1894. A fábrica empregava centenas de operários, homens e mulheres, parou suas atividades em 1964, e encerrou definitivamente em 1966. O prédio pertence, atualmente, à Prefeitura Municipal de São Luís, que eventualmente realiza, ali, eventos culturais.
Com a sua implantação das duas fábricas, foram sendo ocupados os terrenos vazios nas proximidades dos espaços, e do Cemitério do Gavião, o que promoveu o surgimento dos bairros satélites do entorno da vila de pescadores da Madre Deus, como Codozinho, Belira, Goiabal e Lira, também denominado Bairro Presidente Vargas, um logradouro de poucas ruas. Na sua origem era uma fazenda pertencente a uma senhora cujo nome era Antônia Maria da Assumpção Lyrio.
A área teria sido adquirida pelo Poder Público que ali instalou um hospital que serviu como isolamento para os acometidos pela gripe espanhola e outras pestes. Conta-se que também foi leprosário e com a construção do Hospital Aquiles Lisboa, teria sido desativado e a área invadida, tornando um conglomerado populacional no entorno do Cemitério do Gavião. O prédio onde funcionou o hospital virou escola, sendo depois demolido para construção de outro prédio onde funciona a escola pública do estado Unidade Integrada Sousândrade.
Assim , o bairro da Madre Deus foi formado por classes humildes, pescadores, embarcados, estivadores, , descendentes de africanos escravizados e principalmente os operários das fábricas. Antes da construção da Barragem do Bacanga , o bairro era banhado pelo rio Bacanga que formava a Praia da Madre Deus e a comunidade ribeirinha da Tabatinga. A primeira Capela de São Pedro ficava na extinta Praia da Madre Deus e dali saíam as procissões marítima e terrestre no dia 29 de junho.
No bairro funciona o Hospital Estadual do Câncer do Maranhão, onde funcionou o antigo Hospital Geral Tarquínio Lopes, uma das mais antigas unidades de saúde do estado.
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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/06/madre-deus-um-berco-da-cultura-popular-de-sao-luis/