27 de junho de 2025
Maranhão é o 3º no ranking de queimadas
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Nos últimos 40 anos, quase metade da área queimada no Brasil esteve concentrada em apenas três Estados: Mato Grosso, Pará e Maranhão. Juntos, somam mais de 96,6 milhões de hectares atingidos pelo fogo pelo menos uma vez — o equivalente a 47% de toda a área queimada no país no período.

Nesses estados, a área queimada acumulada em hectares, entre 1985 e 2024 se deu nesse ranking: Mato Grosso (44.981.584), Pará (31.251.958) e Maranhão (20.422.849). Esses e outros dados foram publicados na última terça-feira (24) de forma inédita no Relatório Anual do Fogo do Brasil com dados da quarta coleção do MapBiomas Fogo de mapas de cicatrizes de fogo do Brasil desde 1985 a 2024, coordenado por pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e outras instituições que compõem a rede. A conclusão é que Cerrado e a Amazônia, juntos, tiveram 177 milhões de hectares queimados pelo menos uma vez nos últimos 40 anos, uma área semelhante à do México queimada em apenas dois biomas.

Na Amazônia, 2024 foi um ano recorde em extensão de área queimada, com 15 milhões de hectares atingidos, um aumento de 85% em relação a 2023 e o maior total registrado desde 1985. Desde então, o bioma já acumula 87 milhões de hectares queimados, o que corresponde a 21% da área total do bioma.

No Cerrado, o aumento foi de 75% em comparação ao ano anterior, com 10,5 milhões de hectares queimados em 2024. No total acumulado desde 1985, 45% do bioma já foi queimado pelo menos uma vez, cerca de 89 milhões de hectares.

Brasil atingiu 206 milhões de hectares

Em todo o território brasileiro, o fogo atingiu 206 milhões de hectares ao longo das últimas quatro décadas, o equivalente a 24% do país. Essa área supera o território de países como Irã e Indonésia, e é oito vezes maior que o estado de São Paulo.

Em 2024 foram queimados 30 milhões de hectares

Somente em 2024, foram queimados 30 milhões de hectares, um salto de 87% em relação a 2023, quando 15,9 milhões de hectares foram atingidos. O total de 2024 ficou 62% acima da média histórica desde 1985. “Embora o desmatamento tenha diminuído, o uso do fogo na conversão florestal e no manejo agropecuário, associado à intensificação de condições climáticas adversas, como períodos mais longos de seca e aumento das temperaturas, tem intensificado os incêndios, tornando-os mais frequentes e difíceis de controlar, especialmente na Amazônia. Esse uso do fogo, associado ao avanço da fronteira agrícola no país, tem contribuído para a alta incidência de queimadas, especialmente em estados como Mato Grosso, Pará e Maranhão — os três que mais queimaram desde 1985”, destaca Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM e coordenador do mapeamento da Amazônia.

O aumento da área queimada também foi observado em outras regiões do país. Dos seis biomas brasileiros, quatro registraram alta na ocorrência de fogo em 2024. A Amazônia e a Mata Atlântica, em particular, atingiram a maior área queimada dos últimos 40 anos.

Estados e municípios

Os demais estados que compõem a região do Matopiba — fronteira agrícola formada por partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — completam as seis primeiras posições. No total, os Estados do Matopiba concentram mais de 64 milhões de hectares acumulados queimados desde 1985.

O recorte municipal também mostra cenário parecido de concentração. Apenas 15 municípios, sendo sete localizados no Cerrado, seis na Amazônia e dois no Pantanal, foram responsáveis por 10% de toda a área queimada no Brasil nas últimas quatro décadas. Corumbá (MS) e São Félix do Xingu (PA) lideram a lista, inclusive no ano de 2024, e são os únicos a ultrapassarem a marca de 3 milhões de hectares queimados cada. Juntos, os 15 municípios concentram 22 milhões de hectares atingidos pelo fogo desde 1985. As cidades de Balsas e Alto Parnaíba figuram entre os 15 estados com mais áreas atingidas, em 10º e 13º lugares, com 1.171.108 e 1.000.736, respectivamente.

Sazonalidade e recorrência do fogo

Os dados da Coleção 4 do MapBiomas Fogo revelam que o uso recorrente do fogo é um padrão no Brasil: 64% da área atingida pelo fogo nos últimos 40 anos foi queimada mais de uma vez. Ainda, cerca de 3,7 milhões de hectares foram queimados mais de 16 vezes desde 1985.

O fogo também segue um padrão sazonal marcado pela seca no centro do país. Aproximadamente 72% das áreas queimadas ocorreram entre os meses de agosto e outubro, período em que a vegetação está mais seca e vulnerável. A redução da umidade favorece a propagação do fogo e amplia os danos ambientais, especialmente em regiões como o Cerrado e a Amazônia.

Registro de queda de desmatamento

Em abril deste ano, o Governo do Estado informou que registrou queda no desmatamento no primeiro bimestre de 2025. Ao todo, a redução foi de 63,87% no Cerrado e 41,08 % na Amazônia, em função do cumprimento do Plano de Prevenção e Combate ao Desmatamento e Queimadas.

Outros fatores determinantes para a diminuição das queimadas, segundo o Governo foram: o reflorestamento de áreas degradadas com o programa Floresta Viva Maranhão, as ações do Maranhão sem Queimadas e o monitoramento diário por satélite, que facilitou a geração de multas para os infratores. 

Além da bioeconomia, o Floresta Viva Maranhão prevê ações voltadas para a recuperação de áreas degradadas, prevenção e combate ao desmatamento, queimadas e incêndios florestais, comercialização de créditos de carbono, incentivo ao crédito rural por preservar e manter a floresta em pé e desenvolvimento sustentável e inclusivo.

A meta do programa Maranhão sem Queimadas é atender todos as cidades do estado, em especial aquelas localizadas na região do Cerrado, onde há uma alta incidência de queimadas. O trabalho vem reduzindo impactos ambientais negativos como degradação dos ecossistemas e perda de biodiversidade, garantindo benefícios para toda a população.

Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/06/maranhao-e-o-3o-no-ranking-de-queimadas/