29 de outubro de 2025
Ministério da Saúde mobiliza ações de vacinação contra HPV em
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Apesar de um avanço na vacinação infantil observado no Brasil desde 2023, o cenário de 2025 ainda exige atenção redobrada, especialmente em alguns estados. O risco do reaparecimento de doenças já controladas, como sarampo, poliomielite e rubéola, permanece devido aos baixos índices de cobertura vacinal em diversas regiões. Estratégias como a vacinação em escolas e a mobilização do Movimento Nacional pela Vacinação, do Ministério da Saúde, impulsionaram o aumento da cobertura de 15 das 16 vacinas do calendário infantil nos últimos dois anos.

Entretanto, o Anuário VacinaBR, um relatório produzido pelo Instituto Questão de Ciência (IQC) em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), revela que a ameaça persiste nos esquemas vacinais incompletos e na disparidade entre os estados e municípios brasileiros.

De acordo com o levantamento, o Maranhão apresenta a pior taxa de vacinação do Nordeste contra sarampo, caxumba e rubéola. A cobertura da Tríplice Viral no estado atingiu apenas 81,1% das crianças, um número significativamente abaixo da meta nacional de 95%. O quadro se agrava ao analisar o retorno para a dose de reforço, que é essencial para a imunização completa: somente 33,8% do total retornaram para completar o esquema vacinal.

Em relação à vacina contra a febre amarela, o Maranhão ocupa a 5ª posição na região, com 66,5% da população imunizada. Mara Izabel Carneiro, enfermeira e professora do Idomed São Luís, destaca a importância da desigualdade regional: “A diferença regional é marcante: enquanto o Ceará, por exemplo, registra cobertura superior a 59% em determinados esquemas, estados como Acre e Espírito Santo permanecem bem abaixo da meta”.

Entre os principais fatores que contribuem para a queda nas taxas de vacinação, a especialista aponta a ausência da população nos postos de saúde, a desinformação que abala a confiança pública e as barreiras de acesso aos serviços de saúde. “Além disso, o abandono de esquemas vacinais, principalmente em vacinas com múltiplas doses, agrava o problema, refletindo baixa adesão aos reforços”, afirma a enfermeira.

O não cumprimento das metas de imunização tem como principal consequência o ressurgimento de doenças que estavam eliminadas. A professora ressalta que casos de sarampo voltaram a ser notificados após 2018, culminando na perda do certificado de eliminação da doença. Embora a poliomielite permaneça erradicada, o Ministério da Saúde considera alto o risco de reintrodução, visto que a cobertura está abaixo de 80% em diversos estados. No contexto maranhense, a cobertura inicial para a poliomielite é de 91,6%, mas despenca para 55,6% na segunda dose de reforço.

A enfermeira ainda menciona que a varicela registrou seu menor índice desde a introdução em 2023. Já a tríplice viral demonstrou taxas de abandono que superam 50% em alguns estados, e a cobertura da poliomielite sofreu uma queda de cerca de 20% em uma década.

Para reverter essa situação, a especialista finaliza que o esforço deve concentrar-se nas carências existentes. “A vacinação no Brasil avança, contudo, o enfrentamento da hesitação vacinal, a ampliação do acesso em áreas remotas e a retomada da confiança pública são desafios centrais para que o país volte a alcançar as coberturas ideais e garanta proteção coletiva”, conclui Mara.

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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/10/maranhao-lidera-negativamente-cobertura-vacinal-de-triplice-viral-no-nordeste/