Minutos podem decidir o futuro de um paciente com Acidente Vascular Cerebral (AVC). No Maranhão, o uso de tecnologia aliada a protocolos rigorosos tem acelerado o atendimento e reduzido sequelas. Desde a adoção do aplicativo JOIN, em 2023, a rede estadual de saúde conseguiu diminuir em 14% a mortalidade entre pacientes atendidos.
A estratégia integra o eixo “AVC – Cada Segundo Importa”, do Programa Cuidar de Todos, da Secretaria de Estado da Saúde (SES), que busca agilizar diagnósticos e intervenções, conectando UPAs da capital ao Hospital da Ilha.
Inicialmente implantado em fase de teste em maio de 2023, o sistema começou a operar nas UPAs Itaqui-Bacanga, Cidade Operária e Araçagi. Em outubro, passou a abranger todas as unidades da capital e o Hospital da Vila Luizão. Depois, foi levado também a cidades como Bacabal, Codó, Coroatá, Imperatriz e Presidente Dutra. Atualmente, está em avaliação em Carutapera, com possibilidade de expansão para novos municípios.
Tecnologia encurta o tempo de resposta
De acordo com o coordenador do programa, o neurologista Marcone Moreno, o JOIN permite que o especialista inicie o acompanhamento em menos de um minuto após a notificação de suspeita de AVC, tempo muito inferior ao limite internacional de 15 minutos.
“Antes, não havia neurologista disponível para avaliação imediata. O paciente podia aguardar semanas por consulta. Hoje, conseguimos discutir casos em tempo real, com acesso remoto às tomografias e qualidade equivalente à visualização no próprio equipamento”, explica.
O aplicativo incorpora um leitor DICOM que permite ampliar imagens, ajustar contrastes e identificar áreas de trombo com precisão. Ele também organiza casos clínicos, reduz erros e melhora a comunicação entre médicos e equipes multidisciplinares. Todo o fluxo segue as regras da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
No Maranhão, participam da plataforma as UPAs de Araçagi, Cidade Operária, Vinhais, Parque Vitória, Bacanga, Paço do Lumiar e Vila Luizão, além das unidades de Codó, Coroatá e Imperatriz. Casos mais graves são encaminhados para hospitais de referência, como o Hospital da Ilha e o Hospital Carlos Macieira, entre outros.
Medicamento essencial na fase aguda
O protocolo também inclui o uso da Alteplase, medicamento trombolítico que dissolve coágulos e precisa ser administrado em até 4h30 após o início dos sintomas. Apesar de disponível no SUS desde 2012, sua aplicação correta dependia de uma rede organizada — algo viabilizado pelo JOIN.
“O aplicativo garante fluxo seguro até a administração da medicação, que é o objetivo final do tratamento agudo”, reforça Moreno.
Histórias de quem recebeu o atendimento
A primeira paciente do programa, a dona de casa Maria da Cruz Belfort, 77, lembra pouco do momento do AVC, mas reconhece o impacto do atendimento rápido. “Eu não pensei que estaria viva para contar. Hoje estou bem, sem sequelas”, afirma.
Letícia Ribeiro, que deu entrada com sintomas de AVC na UPA Cidade Operária, também relata gratidão: “Quando acordei, já estava sendo atendida. Esse protocolo salvou minha vida”.
Reconhecendo os sintomas e prevenindo o AVC
O neurologista alerta que os sinais clássicos são fraqueza em um lado do corpo, boca torta e dificuldade de fala. Mas outros sintomas também exigem atenção: tontura súbita, alterações na coordenação, vertigem persistente, problemas nos olhos e perda repentina da visão.
Até 90% dos casos podem ser evitados com medidas simples: controlar pressão e glicemia, praticar exercícios, evitar tabagismo, moderar álcool, manter bom sono e preservar o bem-estar emocional.
O programa segue em expansão e deve alcançar mais municípios nos próximos meses, fortalecendo a rede de atendimento rápido e ampliando a chance de recuperação dos pacientes.
Siga nossas redes, comente e compartilhe nossos conteúdos:
Leia também:
Fonte: https://oimparcial.com.br/brasil/2025/12/maranhao-reduz-mortes-por-avc-com-uso-de-aplicativo-que-acelera-atendimento/
